"Como qualquer ser humano, eu tô sempre aprendendo. Aprendi que se eu encostar o dedo na panela quente eu vou me queimar e vai arder pra caralho por alguns dias. Aprendi que se eu não estudar direito eu tomo recuperação e é aí que eu vou ter que estudar mesmo. [...] Aprendi que eu tenho sempre algo novo pra aprender, e que todo mundo é leigo em alguma coisa. Mas uma coisa que eu não aprendo mesmo é a me apaixonar. Ou melhor, a saber me apaixonar. É como se eu tivesse parado nos onze anos, quando eu sonhava em ter que usar sutiã e enchia o único que eu tinha com papel higiênico – isso nunca dá certo, by the way, tá aí outra coisa que eu aprendi. Eu sempre desperto esse meu lado inocente e babaca na primeira troca de olhares com aquele que, na minha cabeça, é o homem da minha vida. E depois disso acontece o que você deve esperar de uma garota que ainda nem menstruou: escrever várias vezes o mesmo nome numa folha de caderno, voar durante as aulas, fazer textos clichês, dormir imaginando como seria passar a noite na praia segurando aquelas mãos macias... Meu lado racional deve se revirar ao me ver agindo feito uma tonta, e por mais que ele diga “Não cai nessa de novo, imbecil!”, eu caio. Sempre-do-mesmo-jeitinho, como se ninguém tivesse me alertado antes. Eu me conforto tanto com a ilusão de que aquilo daria certo e crio tantas expectativas em cima de algo que nem existe, que quando eu percebo na merda que eu me enfiei é como se me empurrassem do segundo andar e eu desse de cara com o asfalto. Mas é sempre assim: depois de alguns dias internada no hospital, de levar alguns pontos na testa, passar algumas noites gritando de dor por não conseguir encostar o rosto no travesseiro e de ganhar algumas cicatrizes, eu já estou pronta pra ser empurrada de novo. E não demora muito tempo pra que isso aconteça. Entro nesse maldito ciclo vicioso, e dele nunca saio. Talvez porque eu não saiba como; talvez porque eu não queira, mesmo. Acho que a adrenalina que eu sinto durante a queda me é tão prazerosa que eu não importo em me machucar depois. O que são cicatrizes na cara perto da maravilhosa sensação de estar voando por alguns segundos?! Nada, eu diria. É uma dor que vale a pena. Algo que vai ser legal de contar pros amigos no fim do dia. E as cicatrizes? São a prova viva de que eu sobrevivi de um puta tombo horroroso e logo me recuperei. Talvez eu possa parecer fraca, vulnerável, ingênua. Talvez eu até seja. Mas eu escolhi ser assim. Escolhi as borboletas no estômago e os arrepios. Nada disso viria sem efeitos colaterais, certo? Eu assinei o contrato, mas eu li tudo antes. Sei das consequências, mas prefiro arcar com elas. Escolhi ver o mundo com olhos apaixonados, porque é exatamente isso que eu sou: apaixonada. Não é um estado, não é nada passageiro. Eu sou apaixonada. Pelas pessoas, pelo mundo, pelo céu [...] Por tudo. E eu gosto assim. Eu prefiro assim. Eu não sei o jeito certo de me apaixonar, mas eu te digo: eu vou fazer de tudo pra não aprender."