Não acho que o professor quis dizer isso exatamente. Ele apenas citou um período em que a educação tinha maior qualidade sob o ponto de vista dele em um determinado colégio. Ele não generalizou e nem enalteceu a ditadura militar como responsável por isso.
Até vou mais longe. Meu pai, que nasceu em 1898, portanto no século XIX, era professor. Na época dele como aluno, o ensino era muito melhor e mais exigente do que na época do professor Ernesto. Meu pai saiu do colégio falando três idiomas a mais do que o português: latim, inglês e francês, pois todos foram ensinados desde seus primeiros anos como aluno. Era muito culto em razão dos estudos que lhe foram ministrados. E quando meu pai estudou, não havia ditatura militar no país. Portanto, uma coisa não tem relação direta com a outra.
Talvez a educação tenha decaído com o passar dos anos. Não tenho certeza disso, pois não possuo dados suficientes para afirmar categoricamente. Posso te garantir que quando estudei, em colégio particular, fui muito mais exigido do que meus filhos foram. E agradeço por isso, pois foi assim que formei minha cultura particular. Tive professores brilhantes que realmente sabiam ensinar. Um deles falou uma frase que nunca esqueci e repito sempre que posso: “mais importante do que tirar boas notas e passar de ano é aprender”. Nisso ele tinha total razão.
O declínio da educação no Brasil pode ser creditado a políticas erradas nessa área. Mas também tem um forte componente das modificações do comportamento. Para se chegar a uma conclusão precisa, só com um estudo rigoroso sobre este assunto. Não sei se existe. Talvez o professor Ernesto saiba.
Acho muito perigoso acreditar nisso que você perguntou. Dar à ditatura militar qualidades que nunca possuiu. Não foi por causa dela que a educação era mais exigente e nem foi por causa de sua ausência que ela decaiu. Para ser sincero, nem sei se decaiu exatamente ou se simplesmente se modificou. Não dá para ficar parado e mantendo uma forma única de ensino para sempre. É preciso se adaptar à realidade do momento.
De qualquer forma, é evidente que a educação brasileira precisa de muitos ajustes em todos os níveis, pois o descaso com essa parte de nossa formação está, de fato, muito grande.
Por fim, estudo não se resume apenas ao que é ensinado em colégios e faculdades. É preciso ir mais além, como o próprio professor Ernesto fez, de aprender mais do que apenas os professores ensinaram. Quem faz isso ganha enorme vantagem sobre os demais e está sempre em um nível mais elevado.