† Fábio Silvério φ

"Os anjos fiéis alçaram dois estandartes. Na verdade, não eram estandartes materiais; nos Céus ñ podiam se encontrar nem matéria nem instrumentos. Porém, o q eles alçaram pode se comparar com um grande estandarte. O primeiro q foi alçado foi o de Jesus Cristo. O segundo, o da Rainha dos Anjos. A visão daquelas duas figuras foi irresistível para os demônios. Tornavam-se como loucos. Parecia q essas figuras removessem todos os resortes de ódio naquelas serpentes e escorpiões. Era um ódio q os cegava e os tirava fora de si. A sua luta voltava-se cada vez mais ineficaz, a consequência de q não podiam controlar dentro de si próprios o incêndio da sua ira.

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Alguns dos anjos q tinham caído, mas ñ tinham se malignizado muito, pasmaram-se ao ver a reação dos demônios. Pq essa reação? Pq essa agressividade? Eram esses espíritos angélicos ou bestas? Aquilo q saía das suas bocas era uma torrente de blasfêmias. Discretamente muitos anjos caídos se afastaram das filas rebeldes. Percebiam com clareza que estavam seguindo a uns loucos. Poderiam ñ entender todos os planos de Deus, mas o que ñ podiam fazer era seguir a dementes.

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Pelo contrário, esses anjos caídos percebiam q era belíssima aquela imagem de Jesus Cristo q os anjos tinham levantado. Refletia todo o amor q Deus tinha-lhes dito q teria pelos homens e, por conseguinte, também pelos anjos. A imagem da Santíssima Virgem Maria constituía por si mesma toda uma pregação. Apenas se a contemplava e a pregação surgia de forma espontânea no coração dos que contemplavam semelhante mansidão, semelhante formosura. De fato apenas olhava-se uma mulher, o q seria no futuro um ser humano feminino. Mas a imagem transfundia pureza, humildade, todas as virtudes.

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Quanta diferença entre o rosto sereno da Rainha dos Anjos e a face horrível de Belial. Enorme contraste entre esse corpo que expressava simplicidade e adoração, e o ser monstruoso como uma serpente gigante na qual tinha se convertido Belzebu. A quem estavam seguindo? O Belzebu de hoje ñ era o belo Lúcifer dos primeiros tempos que lhes tinha subjugado. Era muito simples a mensagem q aquela mulher pregava com seu silêncio: havia q submeter-se aos ditados de Deus.

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Toda a inteligência dos anjos bons tinha se empregado para elaborar até os mínimos detalhes desses estandartes. Os fiéis conjuntamente tinham alçado no Céu esses dois grandes 'pesos'. O q não imaginaram ao realizá-lo era q essas imagens iriam desprender uma irresistível espiritualidade. Os anjos extasiados olhavam as duas imagens.

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- Tirem isso daí! - gritou Lúcifer. - Tirem isso do meio dos Céus.

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Mas como um exército bem ordenado, em formação fechada, as hostes de Deus avançavam sem parar.

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- Por Jesus e Maria! - gritou Miguel.

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E sob o olhar de longe dos Quatro Grandes Espíritos, justamente diante de todos esses milhares de soldados, o capitão dos exércitos alçou a sua espada resplandescente de verdade e exclamou com voz que foi escutada em todo o Céu:

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- Quem como Deus!

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História do Mundo dos Anjos.

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"No meio do rumor de milhares de passos dos Exércitos das Trevas, escutou-se o trovar dos anjos mais perfeitos, daqueles que mais tinham amado. Parecia como se levantasse a sua espada, a espada da verdade. Seu rugido de leão foi como um trovão que percorreu todo o Céu. Um bombardeio de flechas de razões foi enterrado nos corações de muitos rebeldes. Diante da dor das razões e do afiado gume da verdade grandes exércitos de rebeldes tiveram que recuar. O Bem tinha formado seu exército. Quatro anjos da máxima hierarquia (aqueles quatro que um dia estaria ao redor do trono do Cordeiro) tinham organizado a defesa da causa de Deus.

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Os malvados tinham se aproximado mais e mais em direção a Deus deslocando as miríades de anjos. Parecia que desejavam chegar até Deus e atacá-l'O. Desejavam penetrar n'Ele? Mas, o que pensavam que poderiam fazer? Pensavam que era mais um anjo? O ódio os tinha cegado. Não sabiam o que faziam. Pensavam que podiam matar Deus. Por dita razão Satã recebeu o nome de Assassino desde o princípio. Para Belzebu o Ser Infinito era o obstáculo entre ele e a sua liberdade. Sem sombra de dúvida, se houvesse podido assassiná-l'O o teria feito. Haveria preferido um universo sem o Pai. Mas, como matar um espírito? Belial, outro dos nomes do diabo, o teria tentado; pelo menos o tentaria. Desejava tentar o impossível. Em sua embriaguez perdeu a noção dos seus limites."

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Pe. José Antônio Fortea, História do mundo dos anjos.

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