Queridona, infelizmente muitas(os) de nós ainda se sentem assim.
Dado o contexto de repressão que sofremos sempre, de uma sociedade que ainda nos marginaliza, de religiões ainda nos pecaminizam e famílias que ainda não nos aceitam, infelizmente é comum que sintamos dentro de nós um deslocamento, uma anormalidade e medo.
E esse é o exercício que nos cabe, pequena: lutar CONTRA este sentimento.
Trabalhar em si a NATURALIDADE de quem se é.
Entender que precisamos nos limpar de tudo isso que nos condena e que precisamos, mesmo que aos poucos, ir tirando de nós a vergonha e a noção de que nosso amor não é normal.
A maioria de nós ainda é vítima dessa homofobia internalizada.
Onde pensamos que nosso amor e nosso afeto não vale para o espaço público. Onde nos sentimos tão anormais que nossa vida não caberia na 'normalidade'.
É difícil ir contra isso.
São anos (tão longa quanto a nossa existência) de ensinamentos de que esse amor (nosso amor) não vale, não é bom ou bonito.
Por isso a necessidade desse exercício, de ir se forçando a se livrar dos 'olhos da sociedade'.
Quando a gente abraça nosso amor e acha que todos estão olhando para gente, que estamos, de repente, no foco de todos, é porque ainda há algo que nos grita por dentro, ainda há espaço para libertação do medo de sermos quem somos.
Isso não te faz mais ou menos.
É algo que acompanha qualquer grupo marginalizado, queridona.
Só aconselho ir lutando contra esse sentimento para que seja, para ti (e somente para ti), uma fonte a menos de angústia.
Deixa o sentir vencer, sem racionalizar muito o momento do sentir.
Teu amor é amor.
Teu abraço é abraço.
E ponto.
Tenta não se deslocar do momento do abraço para analisa-ló aos olhos dos outros, ok?
Apenas vai te exercitando no abraçar por abraçar, sem racionalizar o momento.
E aí, aos poucos, chegará o dia em que o teu abraço será só isso mesmo: um abraço em quem se ama.
:]
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