Iuri Guilherme Santos Martins

Esta é meu único desejo sincero, o único que será atendido. Todos os outros são desejos egoístas que servem simplesmente para que eu possa perceber como sou egoísta e me livrar destes desejos.
Estou seguro, convencido e tenho consciência plena de que a morte está garantida. Por consequência disto, não faz nenhum tipo de sentido pensar na necessidade de interferir neste processo, de acelerar, ou de qualquer forma tentar controlar isto.
Eu penso sobre suicídio o tempo inteiro. Provavelmente é a única escolha que eu poderia fazer, provavelmente é o único poder que eu tenho sobre as circunstâncias, a única interferência que eu poderia fazer na ordem. Observar a morte e o suicídio talvez seja a única forma de alcançar a segurança que eu alcancei em relação à morte, talvez seja a única forma de dominar o medo da morte.
O medo da morte é a expressão maior da energia emocional do ser humano, é a expressão da vida. Não tem como não ter medo da morte, o que alguém pode fazer é entender o medo, compreender o medo, olhar para o medo.
VER o medo significa destruir a única arma que o medo tem, que é o controle sobre o indivíduo. VER o medo significa dominar o medo. Não tem como explicar este paradoxo, mas a ideia é esta: abrir mão do controle, permitir que o medo assuma o controle, e por consequência disto, ter todo o controle sobre o medo.
Mas como é que alguém vai permitir que o medo assuma o controle se esta pessoa tem medo de perder um controle que nunca teve? Quem é que vai provar para uma pessoa que ela nunca teve o controle da vida, se esta pessoa nunca teve o controle da vida para saber o que é ter controle sobre a vida, poder observar a si mesma, e constatar que no momento presente, está no estado de falta de controle da vida?

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Eu vejo as pessoas fazerem exatamente isto o tempo inteiro: se agarrando em hologramas e chutando para longe as coisas reais quando elas tentam se aproximar. Ora, porque não pensar na morte? Quem é que tem medo da morte? Somente uma pessoa que não tem segurança sobre a sua vida é que vai ter medo de encarar a morte, porque de alguma forma inconsciente ou subconsciente sabe que nunca viveu em primeiro lugar, só sobreviveu, e não quer perder a chance de ter uma coisa que nunca teve.
Eu mantenho: abraça o bicho papão, e ele desaparece.

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Não há nada mais sincero que desejar a morte. Desejar a vida é incoerência. Se eu tenho um desejo, é porque estou vivo. Desejar a morte é elucidar o fato de que estou vivo para desejar alguma coisa. Celebrar a morte é celebrar a vida, porque não tem como celebrar algo sem estar vivo. Celebrar qualquer coisa é estar consciente da vida.
Mas como é que alguém vai perceber que está vivo, se não esteve morto para ser capaz de notar a diferença? Daí a necessidade de observar a morte, e ninguém sabe o que é a morte porque ninguém viu pra saber.

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Não tem como eu explicar como é que eu consegui ver que não tem nada pra ver, como é que eu sei que eu vou morrer sem ter morrido pra saber. Descobre sozinhx.

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