Aurora Rowle

Não estava surpresa por saber que Marcus possivelmente também treinava os feitiços proibidos fora dos portões de Hogwarts e dos olhares curiosos. O que a surpreendia era a coragem de andar pelos corredores com uma bolsa cheia de livros desses mesmos feitiços, era dar muito mole para o azar. Sabia disso, pois fora pega algumas vezes carregando livros ''impróprios'', coisa que quase levou a sua detenção da escola e deixou sua mãe furiosa e o tio orgulhoso. Claro, a opinião do tio nesse quesito não contava muito, visto a mãe contava muito com o diploma da filha no final do ano letivo e implorou para que Minerva relevasse o último ocorrido, coisa que para Aurora não importava nenhum pouco.
A loira assentiu gentilmente após o pedido de Marcus e tirou do bolso do casaco um pequeno caderno e o deslizou sobre a mesa na direção do rapaz. — Livros são suspeitos demais, se não quiser uma expulsão antes do último ano letivo, eu te aconselho a seguir o exemplo de uma Rowle, use um pequeno caderno para fazer anotações. Eles nunca vão imaginar. — Piscou para o rapaz e abriu o pequeno caderno em uma página aleatória, apontando um desenho com a ponta da unha bem feita. — Olhe esse, conhece? Foi Thorffin quem me ensinou quando eu tinha 10 anos, um ano antes de receber minha carta, é ótimo, já me livrou de muitas enrascadas durante esses anos.

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Aurora semicerrou os olhos em sinal de confusão no momento que o rapaz não prolongou o assunto, nem sequer questionou nada. Pensou que tivesse sido muito convincente com sua fala, mas não era o que o tom da voz de Marcus em resposta a sua mentira descarada deixava transparecer. Entretanto, não daria continuidade ao assunto para que surgisse qualquer possível brecha de pergunta sobre o quadro novamente. Assentiu com confiança para o rapaz e desviou os olhos para o livro de feitiços que outrora estava nas mãos do rapaz. Girou-o em sua direção de forma que conseguisse ler e ergueu uma das sobrancelhas com surpresa.
— Não me lembro de terem passado esses tipos de feitiços para nós, afinal maldição não é bem a praia de Hogwarts, hm?! — Comentou em tom baixo, para que a informação ficasse apenas entre ambos, visto que todos sabiam qual era sua linhagem e da sua fama pelos corredores, o que menos queria no final do ano letivo era ir para a detenção por conta de um livro de feitiços ruins.
Seus olhos mais uma vez fitaram os do garoto que parecia confuso com a acusação.
— Fique tranquilo Bulstrode, estou apenas caçoando.
Disse por fim, descansando o queixo na palma da mão enquanto estudava as expressões do garoto.

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A loira não deu muita atenção para as palavras do rapaz, até visualizar um de seus quadros nas mãos do mesmo. Sentiu sua cabeça latejar e o coração apertar no peito, era a segunda pessoa que tinha visto um quadro seu, sendo a primeira pessoa a própria irmã que foi quem a ensinou pintar. Com hesito pegou o objeto da mão de Marcus e o colocou embaixo do livro, virado para a madeira da mesa, sem pronunciar uma única palavra. Ficou por alguns segundos olhando fixamente para a frente e imaginando o que poderia estar passando na cabeça do rapaz, não queria que ninguém soubesse sobre aquilo, mas já era tarde. Portanto precisava pensar em qual seria a desculpa para o quadro encontrado em sua mesa na sala de aula. Virou-se para trás e com o indicador fez o livro do moreno cair sobre a mesa. Seus olhos encontraram os deles e prosseguiu com toda segurança possível, para que as palavras a seguir soassem verdadeiras.
– Ele não é meu. – Mentiu. – É de Antonella, a outra gêmea. Eu... estava apenas tomando conta dele. – Mentiu novamente e assim que abaixou o olhar, viu a mancha de tinta azul em cima da própria mão, logo puxando a manga do blazer numa tentativa de esconder a prova. Tão rápido quanto seus olhos visualizaram a mancha, visualizaram os olhos de Marcus que se encontravam na manga puxada do blazer.

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Ao escutar a ameaça de Rose sobre a colher com creme de framboesa, balançou a cabeça negativamente e sorriu logo em seguida. Tudo que menos queria naquele dia era acabar com os cabelos loiros sujos com creme, não conseguia nem imaginar como os fios ficariam grudentos e nojentos. Não tinha ninguém que cuidasse mais do cabelo do que a própria, era sua neurose.
Aurora não evitou suspirar profundamente quando a colega comentou sobre a quantidade de comida, visto que por mais que não tivesse se alimentado antes de sair, não comia muito nas refeições, mesmo nas mais principais como almoço e janta. Fato esse que sempre fora o que fez a mãe e a irmã lhe pegarem no pé. Entretanto, assentiu com a cabeça para a ruiva enquanto seus olhos acompanhavam as mulheres de um lado para outro na cozinha.
— Depois dos banquetes de Hogwarts, acho que aqui é o segundo lugar que vejo tanta comida junto, vocês realmente comem tudo isso? Eu entendo que são muitas pessoas, mas você está vendo a quantidade, é imensa.. — Aurora balbuciou as palavras no mesmo tom da ruiva, entendendo que assim a avó não as escutaria.

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Antes que Aurora pudesse pensar direito, sentiu braços apertados lhe envolverem em uma abraço caloroso. Não era fã de abraços, por isso, não conseguiu disfarçar o nariz torcido e as mãos quase sem tocar as costas da velha mulher que rapidamente conseguiu identificar como quem Louis identificou de ''vovó Molly''. A loira para disfarçar a cara feia quando a senhora se afastou, esboçou um breve sorriso e assentiu para a mesma como cumprimento.
Não conseguia negar que a mulher era de longe a mais simpática de todas da família, fazia jus a todos os elogios que Louis rasgava quando falava sobre ela. Era a primeira vez que tinha contato com a mesma e se sentia feliz com aquilo, apesar de todo o toque físico que a loira não era fã.
Um riso fraco lhe subiu a garganta no momento em que a mulher ruiva gritou com Lily que claramente derramava mais molho em cima do fogão do que deixava dentro da panela. Era engraçado ver toda aquela bagunça, quando estava acostumada em ver apenas a mãe e a irmã cozinharem em completo silêncio enquanto degustavam de um belo vinho. Aurora nunca se meteu entre as duas quando o quesito era culinária, de longe via-se que a garota nunca levou jeito ou sequer teve interesse em aprender tal feito.
— Sou péssima quando o assunto é cozinha, sinto muito, mas sou uma boa degustadora. — Disse educadamente para uma das mulheres quando foi questionada sobre ajudar a mexer um dos molhos e logo em seguida esboçou um sorriso torto.
O aroma dos temperos se intensificava cada vez mais no ambiente e Aurora agradecia mentalmente por aquilo, nada lhe agradava mais do que cheiro de comida boa. Confortável o bastante, puxou uma das banquetas altas e se sentou na mesma, aceitando de imediato quando uma taça de vinho lhe foi estendida por Fleur. A mulher sabia exatamente os gostos da nora, ambas haviam se dado bem logo de cara.
— Agora eu entendi o motivo de você ser tão emotiva e animada desse jeito Rose, não nega suas origens mesmo.
Dessa vez as palavras foram dirigidas diretamente para a ruiva em tom provocativo, apesar do tom divertido.

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Não era a primeira vez que visitava a família de Louis, mas das outras vezes a visita se limitou apenas aos pais e as irmãs do mesmo, não a família completa com todos os tios, avós e primos reunidos. O desafio com toda certeza seria maior dessa vez, mas se sentia segura pelo fato de Lily estar ali também, ambas sempre se relacionaram muito bem e foi a maior apoiadora do namoro desde o início. Claro que além de Lily, as outras mulheres da casa a receberiam bem também, visto que esse era basicamente o ''legado'' da família Weasley.
A loira assentiu rapidamente para Rose, mas antes que pudesse acompanha-la até a cozinha da casa, deu um breve selinho no namorado e observou atentamente até que o mesmo se ausentasse. Sua atenção retornou para a ruiva com um sorriso simpático e então quando se deu conta, estava rodeada de mulheres sorridentes e animadas que mexiam as panelas.
— Uau, o cheiro disso tudo está magnífico, acho que é o melhor cheiro que já senti na minha vida. — Aurora balbuciou as palavras em tom baixo enquanto inspirava profundamente, como quem queria guardar todo o aroma delicioso dentro dos pulmões e rapidamente seus olhos se voltaram para Rose. — Mas quem é essa tal de ''nena'' que você citou? Acho que Louis nunca me falou dela.
A loira deu de ombros voltando o olhar para as mulheres na cozinha, identificando cada uma delas pela descrição do namorado e também pelo momento em que se apresentaram para ela.

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Que Aurora era alguém de poucos amigos não era novidade, o circulo de amizade se baseava em Edgar Baddock e Charlotte Lestrange. Ambos de famílias puristas e que foram criados com as mesmas ideologias da garota, entretanto, a loira era a única que seguia a risca, diferente dos amigos que eram bruxos ''descontruídos'' quanto as práticas antigas. Tal fato que nunca gerou intriga entre o trio, pelo menos até certo momento.
Como de costume, os três se encontravam todas as quartas-feiras em uma pedra no pé da quadra de Quadribol, no horário correto que não havia mais nenhum aluno treinando por perto ou andando aos arredores. Em anos, nunca ninguém tinha os pegado, a não ser uma vez que Minerva enfurecida ou levou direto para a detenção para ver se eles aprendiam algo diferente de fumar as ervas que Baddock sempre levava para os encontros. Claro que, depois do acontecido, o trio deu uma pausa nas ervas, mas não levou muito tempo para que retornassem o hábito. O que poderiam dizer? Era bom para desligar um pouco das matérias exaustivas.
Naquela quarta em especial, Aurora desceu animada o barranco gramado que levava até a quadra de Quadribol. Torcia para que ambos amigos já estivessem lhe esperando, tinha conseguido com um Lufano uma erva de outro país, ele prometeu que batia muito mais do que as que estavam acostumados a fumar, e a loira queria tirar a prova real da informação que lhe foi passada. Assim que chegou no fim do barranco, pôde ver cabelos negros balançando conforme o vento.
Enquanto Aurora se aproximava da amiga, varria o ambiente ao redor a procura de uma cabeça com boné roxo, que indicaria facilmente Edgar, visto que o rapaz não tirava o acessório do corpo.
— Ora, cadê o Baddock? — Indagou a loira que descansava ambas as mãos na cintura e torcia o nariz ainda procurando no alto do morro para ver se enxergava alguém vindo na direção. — Ele te avisou alguma coisa que não viria? Logo hoje que trouxe algo sensacional para experimentarmos.
Aurora disse por fim, tirando o saquinho com ervas rosadas da barra da meia três quartos e o balançando no ar com um sorriso animado nos lábios.

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Já haviam meses que Louis insistia que fosse passar o feriado de Ação de Graças junto com sua família, visto que a maioria dos eventos festivos eram passados separados, cada um com sua respectiva família, mas aquele foi diferente. Depois de muito insistência e por reconhecer que os Rowle's não comemoravam tal data há anos já, decidiu por acompanhar o namorado, o que fez com o que o mesmo desse saltinhos de felicidade. Admirava essa conexão que a família inteira tinha uns com os outros, visto que na própria família não era bem assim que as coisas funcionavam. Era apenas Aurora, a irmã gêmea, a mãe e o tio. O resto da família ninguém sabia por onde ou como estava, e tudo bem para a loira que cresceu naquele ambiente familiar escasso.
Como todas as outras vezes que já tinha ido visitar a família de Louis, se sentia um pouco nervosa, até mesmo desconfortável, visto que até aquele momento ninguém entendia direito como uma purista Rowle foi acabar namorando com um mestiço Weasley, mas aceitavam e era o que bastava para o casal. Como de costume estavam N'Toca, onde todas as festividades eram comemoradas, e depois de cumprimentar sete primos e tios diferentes do namorado seus olhos se encontraram com os de Rose. O passado de ambos não era muito gostoso, mas a ruiva sempre se esforçada para fazer o clima entre ambas serem o mais passível. Aurora admirava a coragem, porque se dependesse dela, estariam em rixa até hoje.
— Rose! Pois é, parece que eu realmente estou aqui. — A loira disse enquanto um sorriso sem graça surgia nos lábios rosados. — Digamos que Louis não tenha me dado muita opção, e mesmo assim, não tinha nada mais interessante para fazer.

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Charlie era seu primeiro namorado, foi o primeiro que despertou sentimentos na garota, o primeiro que lhe entendeu e aceitou como realmente era, o primeiro em absolutamente tudo, e isso o tornava único para ela. Portanto, tudo era dedicado a ele e por ele, visto que só ele lhe enxergava verdadeiramente, com todos os defeitos, manias feias e uma família desestruturada. E ele a fazia se sentir única também, isso fazia tudo valer mais a pena.
Recostou o corpo contra a madeira por baixo da arquibancada enquanto esperava o loiro mais bonito daquela escola vir atrás de si, com todo o desejo que ela conhecia e agradecia. Um sorriso largo se formou em seus lábios ao ver a figura do rapaz, passando rapidamente seu braços em volta do pescoço do mesmo e suspirar em resposta aos estímulos que o mesmo lhe causava incansavelmente. Aurora gostava da conexão que mantinham desde que se conheceram por acaso naquele mesmo campo. Foi ela quem colocou o ombro do loiro no lugar logo após o mesmo levar um belo tombo durante um dos jogos. E desde então, se encontravam ali, juntos.
Logo após sentir o tapa depositado em sua bunda, Aurora afastou o rosto do pescoço do garoto e encontrou seus olhos azuis, mordiscando a própria boca em resposta juntamente com a ponta das unhas que desciam na pele do pescoço do mesmo. Adorava a maneira como ele lhe tratava de maneira carinhosa em qualquer circunstância, explorando perfeitamente o francês fluente, fazendo com que a loira enlouquecesse sobre aquilo.
— Eu adoro quando você me chama assim, baby, soa muito sexy. — Disse alto o suficiente para que só ele lhe escutassem e deslizou uma das mãos do peitoral do rapaz até o volume firme em sua calça. Aquela era a certeza de que a Rowle não precisava se esforçar muito para ter o namorado caidinho por ela a qualquer momento.
Por mais que gostasse daquele jogo de sedução, sabia que o prender ali por muito tempo iria fazer com que se atrasasse ou ficasse distraído o bastante para tomar outro tombo durante o jogo. O trouxe ali por um motivo bom o bastante, que na sua cabeça o faria feliz e trouxesse provável sorte durante a partida. A loira se afastou levemente de Louis e tirou o próprio suéter preto, deixando a mostra a camiseta da Grifinória que pertencia ao namorado. Se sentia um tanto nervosa por não saber qual seria a possível reação do namorado, mas ergueu os olhos até encontrar os dele e mordeu o próprio lábio esperando por alguma palavra positiva.

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