Primeiro, acho relevante indagar por que isso não daria certo, se em teoria não parece ter muito mistério. Nada de absurdo deixar um gravador ligado e começar a falar pra ele. Então, por que, ó Senhor, somos tão preguiçosos, tão sem iniciativa, por que nunca gostamos de dar o primeiro passo, por que nunca terminamos o que começamos? Será que é tão difícil assim?
Não pode ser, com tanta gente brilhante por aí. Qual a diferença delas? Esforço? Deve ser. Essas pessoas, além de deixar o gravador ligado, escutam na manhã com calma tudo que falaram, separam o joio do trigo, descartam as ideias bobas e começam a escrever seus rascunhos. Gravar todo mundo pode fazer. Mas esse trabalho de refinamento é pra poucos, e é uma coisa que deveríamos nos disciplinar, até mesmo nos obrigar a tentar.
Ah, Julio, e não é que o Marçal estava certo? Não existem milagres sem sacrifícios.
Se as pessoas começarem a fazer isso (não todas, porque aí quando todo mundo é especial, significa que ninguém mais é), talvez um livro brilhante seja publicado daqui a poucos meses. Talvez alguém invente alguma coisa inédita como uma brugunzumba, altamente inovadora, uma coisa ninguém nunca pensou ser possível antes, que vá ajudar o homem a ir mais longe do que jamais foi. Talvez descubram a resposta da Vida, do Universo e Tudo Mais. Mas todas essas consequências a gente já espera, né? Mas que seria uma maravilha ver acontecer, ah, seria.
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