Não. Essa crença é absurda e inteiramente descabida. Pré-destinação não existe, como não existem também outras vidas além da única que temos, que é esta. Digo isso com base nas demonstrações de que a atividade mental e cerebral se encerram com a morte biológica dos organismos, não restando espaço para a ideia de uma alma imaterial que transcenda o corpo físico. A vida é um fenômeno finito e efêmero que começa com o nascimento e termina com a morte. Almas são apenas um dentre os vários conceitos criados por religiões para tentar oferecer uma explicação sobre o mistério da morte, diante do medo que muitos sentem de perder entes queridos e nunca mais ter a chance de voltar a vê-los. As religiões, então, se atribuem o papel de atenuar essas inseguranças. No entanto, tais explicações são equivocadas porque se baseiam, em primeiro lugar, numa profunda ignorância sobre o funcionamento da natureza e, em segundo, num estúpido e pretenso antropocentrismo, que insere o ser humano no centro de tudo, como se fôssemos, de alguma forma, superiores e diferentes dos animais e a todos os seres vivos, e não muito próximos de cada um deles, regidos pelos mesmos ciclos naturais. O amor, por sua vez, pode ser compreendido como uma sensação fisiológica e orgânica, embora seja passível ser moldada pela sociedade e pela cultura. Mas é fisiológica porque se trata de uma sensação que ocorre no nosso corpo, a partir de impulsos eletroquímicos que se iniciam no na complexa rede de vias sinápticas do nosso cérebro; e social porque também diz respeito à cultura, que transforma e altera essas sensações de modo a dar-lhes um sentido interpretativo no ambiente das relações humanas. Isso explica o fato de o amor romântico nem sempre ter existido, e o fato também de amores fraternais, maternos e incestuosos serem sentimentos que se expressam de diferentes maneiras, a depender de onde e quando eles se manifestam.
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