Nana.

— Não te deixa louco a maneira como a noite muda depressa? — Perguntou uma garota com os cabelos castanhos claros, ela sentou-se ao seu lado sem convite nenhum, e estava lá, como se soubesse o que fazer, o que dizer, o que sentir. Ela era uma desconhecida qualquer, mas não deixou de reparar o quanto o sorriso parecia triste, e o quão bela a pele ficava sob a luz do luar. Mesmo o vento lhe bagunçando os cabelos, mesmo não podendo ver seus olhos, pensou que poderiam ser tão melancólicos tanto quanto seu sorriso.
— Não, não me deixa louco. Me deixa curioso. — Murmurou jogando o toco do cigarro fora. Arrumou a jaqueta de couro contra o corpo, e passou a mão pelos cabelos um pouco compridos deixando um suspiro baixo escapar os lábios juntos da fumaça que não ficara em seus pulmões. Ela sorriu novamente, como se nem por um segundo tivesse abandonado aquele pequeno gesto.
— Qual seu nome? — Ele arregalou os olhos levemente no momento em que a garota virou-se para ele. Aparentava ter uns dezenove anos, e os olhos eram escuros como a noite, e brilhavam mais do que as estrelas, e a tristeza que continha neles era... Linda. De alguma maneira a deixava incrível.
— Matt. — Respondeu-a com toda a educação que conseguiu puxar no meio daquela surpresa que recebera com poucas palavras e um mínimo gesto. Ela parecia tão frágil aos seus olhos com aquele vestido azulado com algumas flores desenhadas, e aquela sapatilha preta lhe caia tão bem nos pés pequenos. — E o seu?
— Angel. — Ele deixou uma risada fraca escapar, e a mocinha o acompanhou. Ela estava brincando com a sua cara, com toda certeza. Matt buscou com os olhos claros, a escuridão e o brilho dos olhos de Angel, e ela entreabriu os lábios cheinhos em formato de coração. — Não estou brincando. Infelizmente é meu nome. Mas... Qual sua idade, Matt?
— Vinte e dois. E a sua, anjo? — Ele brincou com o nome dela, e ela gargalhou de maneira gostosa. Não era a primeira vez que tinha escutado tal coisa, mas fora a primeira vez que ouviu aquilo sem malícia alguma na voz.
— Dezenove. — Ele acertou, e aquele sorriso no canto dos lábios surgiu e foi aumentando ainda mais quando ela voltou a falar. — Mas o que está fazendo a essa hora na rua?
— O mesmo que você. — Respondeu calmo, e levantou-se daquele banco velho a qual costumava vir quase todas as madrugadas. Ela fez o mesmo e ele ergueu uma sobrancelha no momento em que começou a andar e a percebeu ir atrás. — Para onde está indo? — Perguntou devido a curiosidade, e passou a mão pelos cabelos novamente, até ser surpreendido pelos dedos gélidos da garota que entraram em contato com a sua mão quente. Entrelaçou os dedos nos dele, e aquele sorriso lhe rondava os lábios cheinhos mais uma vez.
— Para o mesmo lugar que você.

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