“Simples e sóbria, te amo. Ébria também. Te amo em cada pontinho luminoso que atravessa a finíssima cortina do teu quarto. Finíssimo também é teu toque, feito de qualquer coisa fatal e feliz que me toma por todos os lados, dono de uma sutilidade própria, de uma sensibilidade nossa. E nossos também eram aqueles momentos inteiros, efêmeros e cintilantes, em meio ao torpor e quase em lágrimas eu sabia. Sabia que te amava perdidamente no milésimo de segundo que nos pertencia. Sabia que te amava. Amo ainda, no tempo infindo que não pertence. Amo ainda além dele. Amo. Como não amar o encontro? Como não amar a doçura com a qual você tornou-se essa coisa minha e eu essa coisa tua. Como não amar a pertença? Amo sim. Na imensidão do eu que flutua, que não é capaz de conceber todas as ideias que gostaria, que não sabe fazer com as palavras outra coisa além de esparramar. Impossível não amar a poesia que escorre dos teus lábios, impossível não estar entregue, toda e tua, numa totalidade intensa. No escuro vazio do teu quarto, eu te amo, te sinto, te sei.”