Matheus Dantas

Eu mesmo repeti essa pergunta, só para dizer mais uma coisa.
Você realmente se sente confortável em ser superior na instituição familiar, sendo todos os demais submissos?
Eu sei que o poder pode virar a cabeça das pessoas, mas poxa, um relacionamento com alguém com o mesmo nível de liberdade que o seu é tão mais interessante! Gosto de manter relacionamento com um ser humano, inteligente, racional e livre, assim como eu. Não quero uma empregada doméstica ou uma parideira de filhos, quero companheirismo.
Além do mais, isso favorece a você também. Você vai ser livrado de preconceitos também:
- vai poder sair com a sua filha mulher sem ser desconfortável/taxado de bixa
- vai poder fazer sexo do jeito que você quiser, sem se preocupar com a posição "mais adequada para o dominador"
- não vão cair sobre você todas as responsabilidades econômicas da instituição familiar (faliu? homem irresponsável!)

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Sempre que vejo um comentário que diz: "essa geração está perdida", tenho um flashback que me remete a vários momentos da história, como um que li recentemente n'O Grande Gatsby: "esses jovens... começam assim... Daqui a alguns dias vão estar querendo casamentos entre negros e brancos. Já pensou que absurdo? Hahaha"
Me sinto mal, mas logo percebo: é passageiro. Porque parece triste para algumas pessoas assumir que, aos poucos, a sociedade caminha para o caminho da verdade. Que não é um caminho único, simplesmente é, como uma copilação de todos os caminhos, aceitando-se todos mutuamente.
Poliamor, meu caro, não é fruto da momentaneidade. É fruto de reflexão. Porque parece complicado, do lado daí, pensar: nossa, um relacionamento a dois já é tão complicado, como manterei um relacionamento com mais de uma pessoa?
Em primeiro lugar, você já se relaciona com mais de uma pessoa. Quantos amigos você tem? Amigos mesmo, daqueles que você deve confiança, que está sempre do lado? Sei que o número não é enorme, mas você certamente tem mais de um. O que difere uma grande amizade verdadeira de um amor? Sexo?
Não acho que relacionamentos monogâmicos não sejam naturais. São, sim, naturais. No entanto, a imposição desse tipo de relacionamento é anti-natural. Especialmente porque o relacionamento monogâmico é, no geral, fruto de idealização.
Tudo bem que todo mundo ao seu redor diz: oh, eu quero o homem/mulher da minha vida!, e todos se definem monogâmicos. Mas quantos deles o são? Quantos casamentos você conhece em que não há "traição" em nenhuma das partes?
Todas as vezes que eu vejo pessoas QUE SE AMAM se separarem por "traição", penso: coitados. Porque, não nego, traição é algo sujo: você fala com "a outra" coisas que "ela" gostaria de ouvir, mas você não fala. Isso é péssimo! Mas me parece fruto de imaturidade. Não precisa existir "ela" e a "outra", quando podem existir "elas".
Além do mais, durante todo relacionamento, encontramos várias pessoas interessantes, e ficamos nos prendendo por esse laço que não entendemos por que, simplesmente é imposto, e, ao fim do relacionamento, ficamos com a sensação de: era só isso? E se eu tivesse feito diferente? Se eu tivesse saído com aquela outra pessoa? Já pensou se você está ao lado da "pessoa errada", se existe essa pessoa certa que você diz? Você vai deixar de ser feliz por isso?
Vai ser sempre assim? Uma grande encenação de novela mexicana? Nós éramos felizes... Mas... Ele me traiu (e cai em pranto). Não! Nós conseguimos atingir um equilíbrio apesar disso.
Desculpe-me se você acha que a sociedade atual está perdida quando imagina um garoto acordar com o pênis ereto e imaginar as várias formas como pode utilizá-lo. Eu respeito se você só consegue pensar em enfiar seu pênis em UMA vagina e UM ânus uma vida inteira. Não tenho nada contra, apesar de achar entediante. Mas, por favor, não se imponha. Há espaço para todos; nos permita sermos felizes e experimentarmos o que quisermos: até aqui, é saudável.

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