Marie

Parte 2: "Já me disseram que me admiram por eu continuar viva, por continuar seguindo em frente. Será que isso é bom? De manhã está tudo bem, afinal, eu tenho você. Mas à noite, tudo desaba. Meus olhos não aguentam mais as lágrimas, meu coração está cada vez mais apertado, não tenho mais forças para continuar. Eu te prometi que nunca iria te abandonar, mas tive que quebrar minha promessa. Desculpe-me, meu amor. Minha cabeça está em turbulência, minha mão treme, meu coração está mais fraco. Remédios não fazem mais efeito, nada funciona. Amor, eu tenho câncer. Eu sei que você já sabe, mas eu mesma precisava te dizer isso. Agora, quero que saiba que eu te amei, e ainda te amo, de verdade. Porque se amar de verdade é desejar sempre o teu abraço, se é não conseguir controlas o sorriso bobo ao falar contigo, se é conversar todos os dias e ainda assim sentir saudade, se é me sentir mal quando vejo que você não está bem, se é querer que você seja feliz acima de tudo, mesmo sem mim. Se é sentir uma angústia enorme só de pensar em te perder, se é ir dormir pensando em nós duas, em nosso futuro juntas, que provavelmente não poderemos ter, se é ver em ti a melhor pessoa do mundo. Então, é. Eu te amo. De verdade. Seja feliz marrentinha. Não se esqueça de mim. – Mary Elizabeth, sua baixinha <3

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(ps: você estará para sempre em meu coração, até mesmo na eternidade.)"

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Aqui é a Julia. A Lizy queria que você lesse isso, mas nunca teve coragem de te mandar.

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Parte 1: "Oi, meu amor. Eu não sei por onde começar a falar. Tenho certeza que darei voltas e mais voltas e nunca chegarei ao real motivo de estar te escrevendo. Acho que cansei. Cansei de guardar segredos, mágoas, sentimentos, cansei de esconder a verdade. Já procurei de todas as formas tentar contar certas coisas para você, mas tenho medo de que você não entenda, ou me deixe. São coisas minhas, coisas que eu não gostaria de compartilhar nem comigo mesma. Mas, sabe aquela hora que você não tem mais como esconder as coisas? Que tudo fica difícil e você não têm mais como esconder? Então! Bom, está vendo? Eu falei que daria voltas e mais voltas e não chegaria a lugar algum. Uma vez me falaram que quanto mais nós caímos, mais fortes ficamos. Eu não concordo. Se nós caímos uma vez, deveríamos aprender a não cair mais. E se caíssemos de novo, ficaríamos fracos e não mais fortes. E tem uma coisa chamada tempo. Dizem que ele cura, mas não acredito muito nele. Se o tempo curasse, nós não teríamos cicatrizes. Tudo acontece em efeito dominó, quando pensamos que tudo está bem, algo acontece e o mundo desaba sobre nós. Você fica mal, se sente sozinha, acha que nada e nem ninguém poderá curar sua dor. Antes de te conhecer eu me sentia assim, minhas noites eram como uma tempestade, cheia d’água, cheia de lágrimas. Lagrimas de sangue. Eu não tenho culpa de ser assim, complicada. Isso é como uma droga, que vai destruindo meu corpo, minha alma, me consumindo aos poucos. Meu grito de socorro está sendo abafado por julgamentos, talvez eu tenha perdido o controle da situação. Na verdade, acho que eu nunca tive o controle em minhas mãos. Todas as noites ouço o barulho do vento em minha janela. E aqui, nesta noite, sei que vou chorar outra vez, sei que vai doer outra vez, sei que vou sonhar com o perfeito outra vez e sei que amanhã meus olhos acordarão secos e inchados por causa das lágrimas que insistem em rolar em minha face enquanto abro meu coração para você. Sei que isso se repetirá amanhã, e depois de amanhã, e a cada segundo. Não quero te magoar, mas não consigo suportar tantas coisas, tanta dor, tantos segredos. Sinto as lágrimas rolarem sobre minha face, cada vez mais. Não sei se vale a pena sentir toda essa dor e o sabor amargo das lágrimas. Vá, minta para mim, diga-me que tudo irá ficar bem. Você não será a primeira nem a última pessoa a me dizer isso. Já me falaram de tudo: “Você é forte”, “Você vai conseguir vencer”. Mas essas palavras não ajudam. Eu já pedi ajuda para os deuses, e até para o Deus com “d” maiúsculo, mas de nada adiantou. Sinto que estou morrendo, essa droga está me consumindo cada vez mais rápido, me deixando fraca." (+)

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