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O mundo dá voltas, babaca!

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Agradecimentos

Não sei ao certo o que estou sentindo agora. Eu consegui criar uma web, e ainda consegui terminar. Vocês não sabem a alegria que eu estou. Tenho vários motivos pra isso, principalmente vocês leitores que sempre me incentivaram desde o início. Minha gratidão por sempre estarem comigo, mesmo eu dando minhas pisadas de bola. Sério mesmo, vocês moram no meu coração!
Não pensem que se livraram de mim... Eu estou com a minha nova web, que iniciará dentre alguns dias. E a web é a @maryweb02. Espero que vocês possam continuar comigo nessa nova “caminhada”. Espero não decepcionar vocês, pois eu nunca vou querer isso. E oh, eu ainda tenho o @marywebss para vocês interagirem comigo, viu?
OBRIGADA POR TUDO! AMO VOCÊS ❤️

Final ou apenas o recomeço?

– Lis narrando –
Já faz um ano que eu me transformei, como o tempo passou rápido, nem acredito nisso. E por incrível que pareça, eu ainda estou com o Júnior, mas não é aquele relacionamento sério, até porque não houve o pedido formal, então, ele me enrola e me enrola. Ah, as minhas afilhadas nasceram. São as coisas mais gostosas, tão lindas e muito fofas. Não saio da casa do meu irmão, é vinte e quatro horas direto, chego a dormir lá. Ajudo nas coisas que a Scarlett ainda não sabe – eu também não sei, mas dou aquela “mãozinha”. Sou a segunda mãe das meninas, e tanto meu irmão como a Scarlett são gratos por eu estar auxiliando tanto eles.
Fui acordada da mesma maneira, eu até me acostumei, não tem mais problema.
– Alô!? – mal conseguia falar
– Boa noite meu amor. – Júnior falou
– Boa noite?
– É sim, que eu saiba seis horas já é noite.
Me levantei assustada e olhei para o relógio que tinha na minha escrivaninha. Era verdade, seis horas em ponto. Como eu dormi demais... Mas eu estava tão cansada que acabei capotando de farda e tudo. Para uma sexta-feira, eu estava muito exausta, coisa que nunca acontecia.
– Será que a bela adormecida quer jantar comigo?
– Deixa eu me arrumar? – perguntei
– Não precisa se produzir, viu? – falou – Já eu chego aí. Beijo pequena.
Desligou. Se ele pediu para não me produzir é sinal de que a gente iria para a praia e depois comer no restaurante dele. Me levantei rápido, me despi ligeiro e fui pra debaixo do chuveiro. Escolhi a primeira roupa que vi, vesti a mesma, coloquei uma rasteira, passei perfume, coloquei uns acessórios e estava pronta. Peguei uma bolsa de lado, onde botei meus documentos e meu celular. Esperei uns minutos e ele mandou uma mensagem avisando de já que estava lá fora. Saí de casa e fui ao encontro dele, que me esperava na sua tradicional Hilux branca. Ele estava simples também, então a gente ia mesmo para a praia. Dito e feito, quando eu fui ver, estávamos no calçadão. Só que primeiro fomos comer e depois fomos para a praia. Tirei minhas sandália, e eles os sapatos, e ficamos andando na areia, até pararmos bem no meio da praia. Ele sentou e eu fiz o mesmo.
– Passei tempos e tempos procurando uma forma de como fazer isso. Planejei, mas todo lugar era um tanto quanto comum, nada era novo. – ele começou a falar
– Do que você está falando?
– Eu não quero enrolar, você sabe que eu nunca fui disso, apesar de que passei bom tempo te enrolando.
– Não, Júnior, não estou acreditando.
Ele tirou do bolso uma espécie de bolsa pequena, transparente com umas linhas douradas, e dentro dela tinha um par de alianças. Não era uma caixinha, nem aquelas coisas tradicionais, era apenas uma bolsinha. Eu não consegui mantercalma, pois a emoção era muito mais forte do que qualquer outra coisa. Era um misto de emoções, e eram emoções boas, que me fazia chorar de alegria. Segurando as alianças na mão, ele olhou para mim e sorriu.
– Lis Müller, você aceita namorar comigo?

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121.

– Duas?
Acho que até o Noah deve ter escutado esse ataque repentino dela. Mas toda mãe tem esse jeito meio escandaloso. Acho que eu vou ser pior.
– Sim mãe, são duas.
– Que maravilha minha filha, nem acredito. – escutei um barulho – Não da pra falar agora, depois eu vou ver você e as minhas netinhas. Beijo filha e cuidado.
Ela desligou. Deve ter sido meu pai que havia chegado em casa. Bem, aquilo me deixou um pouco melhor, pois eu sabia que a minha mãe ainda lembrava de mim e que ainda se preocupava. Mais toda mãe é assim, até eu vou vou ser, não sei para que a minha surpresa em relação a isso. Fiquei olhando por fora da janela, feito uma boba apreciei tudo que existia em cada rua em que nós passávamos. Chegamos na casa dos pais do Noah e o carro da Lis já estava estacionado. Apressada! Caminhamos em passos lentos, já que eu não tinha condições de andar como antigamente. Ao parar na porta ouvi a Dona Helena falar:
– Bora Lis, conta logo!
– Não mãe, deixa eles chegarem. – seus olhos percorreram até a porta onde nós estávamos – Pronto, aí estão eles.
Nós entramos e Noah fez com que eu sentasse imediatamente, colocou meus pés pro alto para não inchar, depois me cercou com as almofadas. Quanta frescura. Lis estava sentada na mesa com o Júnior.
– Me diga que novidade é essa, que sua irmã não quis contar!
A Dona Helena havia se posicionado ao lado do Seu Alfredo e ali ficaram.
– São duas meninas, mãe. – Noah foi direto
– Sério? – fez um “O” com a boca – Aí que coisa maravilhosa!
– Te prepara, que a dor de cabeça vai ser grande. – o pai do Noah falou – Meninas dão mais trabalho.
– Eu não sou tão danada assim, pai! – Lis gritou
Rebecca se aproximou de mim, e ficou fazendo carinho na minha barriga, logo senti um chute.
– Viu isso, Becca? – disse
Ela abriu um sorriso enorme e balançou a cabeça positivamente. E assim foi o resto do dia, com muita alegria e muita comemoração.
(...)
Já havíamos chegado em casa. Eu estava completamente exausta, carregar duas pessoinhas não é brincadeira não. Mas mesmo assim, decidi ir a praia, receber aquela brisa suave que o mar trazia, não tinha sensação melhor. Fui com dificuldade, mais fui, nada me impedia de ficar ali e sentir aquele vento bom. Pouco tempo depois, o Noah apareceu e ficou perto de mim. Encostei minha cabeça sobre seu ombro, e ali fiquei.
– Nunca imaginei encontrar alguém, mas você apareceu e mudou tudo. – Noah falou
– É a vida... – me aninhei em seu peito.
– Eu te amo, minha bolinha de ioga. – riu fraco e beijo o topo da minha cabeça
– Eu também te amo. – respondi

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120.

O doutor permaneceu calado por mais alguns minutos, acho que para poder ver melhor o bebê.
– Uau. – por fim o doutor falou. – Que impressionante!
Eu não entendi o que ele disse e muito menos aqueles borrões que tinham na tela do computador. Ele mexeu em mais algumas coisas, e depois limpou a minha barriga. A enfermeira logo apareceu com um CD na mão, que entregou o mesmo para o médico. Ele deu ordens para que me ajudasse a trocar de roupa novamente. No fundo eu fiquei com um pouco de medo, não sei, aquelas palavras me soaram tão estranhas. Pode ser só coisa da minha cabeça. Voltei para onde os três estavam, me sentei e só então a conversar começou a “andar”.
– Bem, eu esperava encontrar os bebês de uma forma que não desse para ver o sexo, mas por incrível que pareça, deu para ver tudinho.
Ele falou “bebês”? Foi isso mesmo que eu ouvi? Deve ser brincadeira, ou um simples erro médico. Não pode ser. O médico nos entregou o mesmo CD que aquela enfermeira tinha trago. Aposto como é as imagens da ultrassom, sempre ele dá.
– O senhor falou bebês? – Noah estava meio que sem entender nada, assim como eu – Por que usou o plural?
– Porque têm duas menininhas aí dentro, prontas para vir ao mundo. – sorriu
– Meninas? – Lis perguntou
O médico assentiu com a cabeça. Se a minha felicidade era grande, agora está três vezes maior. Eu não acredito que são duas meninas, as minhas meninas. O médico já mandou eu fazer o pré-natal, e ainda receitou uns remédios para não sei o que. Nem estava mais prestando atenção de tanta alegria que eu sentia naquele momento. Saímos do consultório um tanto quanto felizes e bem impressionados com o resultado.
– Deve ser por isso que você come tanto. – Noah brincou
– Palhaços. – bati no seu braço.
– Mamãe e papai vai ficar loucos com essa história, espera só eles ficarem sabendo. – Lis falou tirando as chaves do carro da bolsa
– Até imagino... – Noah balançou a cabeça
Nós entramos no carro e a Lis entrou no dela, que estava bem próximo do nosso. Combinamos de ir todos para a casa dos pais deles, só para comemorar.
No meio do caminho meu celular toca, até pensei que fosse a Lis mas me admirei ao olhar o identificador de chamadas. Atendi sem pensar duas vezes.
– Mãe?
– Fiquei sabendo que você foi fazer sua ultrassom para saber qual é o sexo. E aí, como foi?
Espera, quem contou? Olhei para o Noah e a cara dele era de “não pude deixar de contar”. Até parecia que a gente ainda tinha todo aquele contato, o que me deixou bastante feliz.
– Pois é mãe, saí de lá agora. – falei – São duas meninas.

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119.

– Scarlett narrando –
Se passou o que, uns quatro a cinco meses. Mas pra ser bastante sincera, nem estou mais contando. Acho que só pelo fato de eu estar carregando um “ser”, as coisas mudam completamente. Meu amor já não cabe mais em Marte, sério mesmo. É uma coisa sem explicações, nenhuma pessoa na face da Terra vai conseguir dizer em palavras, o que é esse afeto, esse amor, que uma mãe sente por um filho. Apesar de ele me dar muito trabalho, ter feito eu engordar em torno de uns nove quilos. É isso mesmo, estou fora do peso, mas eu não sei o que fazer a não ser comer direto. O Noah até me apelidou de “bola de ioga”, só por conta do meu tamanho. Bullying total com a minha pessoa. Apesar de tudo mesmo, de todos os lados negativos de estar grávida – isso inclui os enjôos, vômitos, desejos inesperados, entre outras coisas –, o meu amor não muda, em nenhuma circunstância. Ser mãe é isso, amar incondicionalmente, independente do que aconteça antes, durante, e depois da gravidez.
Acordei um pouco mais animada e bem mais disposta do que nos outros dias. Motivo? Hoje é o dia de saber o sexo do bebê. Sem contar que eu sentia um pouco de nervosismo. Basicamente tudo o que eu fazia era com a ajuda do meu digníssimo e perfeito namorado, pois é, a gente ainda se tratava assim. Tudo que relacionava a movimentos mais bruscos, ele me ajudava, e aí de mim querer contrariá-lo. Assim que terminamos de tomar banho, ele me ajudou a se trocar e depois descemos pra tomar café da manhã. Deu para perceber que estava parecendo uma criança, porque eu mal estava podendo fazer as coisas sozinhas. Até parece que vai acontecer alguma coisa comigo. Hello! Eu já estou no quarto – ou quinto – mês, nada pode afetar o bebê. Ou será que pode? Ah, lógico que não, então, pra que tanta paranoia. Ok, isso não importa, o que importa é que hoje saberíamos o sexo do bebê. Lis passou a semana perturbando, só para saber o horário certo e o local da clínica. Combinamos de que nos encontraríamos lá mesmo, ficava até melhor para ambos. Tomei meu café da manhã conforme o doutor havia receitado, terminei de me ajeitar e depois mandei uma mensagem para Lis, avisando de que já estávamos saindo. Não demorou muita coisa para a gente chegar lá, assim como a Lis também não demorou. Tinha duas mulheres na minha frente, assim disse a atendente dele. Odeio esperar.
Após um tempinho, meu nome apareceu na telinha que tinha ali e então fomos até o consultório de número oito, que era do Dr. Edgar. Sem rodeios, ele chamou a enfermeira que me ajudou a trocar de roupa. Coloquei uma bata azul, que era bem esquisita, e depois me deitei na cama que tinha lá. Logo ele passou aquele gel geladinho e começou a passar uma máquina sobre a minha barriga.
– E aí doutor? – Lis como sempre desesperada
– É doutor, e aí? – Acho que isso é de família, porque nunca vi duas criaturas tão apressadas

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118.

– Melhor maneira para amenizar mais, porque se eu contasse a verdade mesmo ele não suportaria ou então ele poderia reagir de outra maneira.
Eu sempre procuro meios de evitar o trágico. Se eu puder mentir para salvar alguma coisa, eu minto, não importa a gravidade que isso vai causar, pois eu acredito que a verdade pode doer mais. Sei lá, posso estar completamente enganada em relação a isso, mas fazer o que, se eu nasci e cresci com isso dentro de mim.
– Então aquela parte era mentira?
Teve vários pontos que eu falei com o Anthony, agora, não sei qual é essa “parte” na qual ele está se referindo. Isso não quer dizer que tudo o que eu falei é mentira, teve algumas coisas que foi a mais pura verdade.
– Qual?
– Aquela em que você disse que me ama. É mentira?
Ele havia se encostado na porta, e colocado as mãos no bolso da calça social preta. De qualquer modo, ele não me olhava, que nem da vez que foi assumir que gostava de mim. Suspirei demoradamente. Fui até onde ele estava, peguei seu rosto entre as minhas mãos e fiz com que ele me olhasse nos olhos.
– Eu não tenho motivos para mentir sobre isso.
O fato é que tudo aquilo, de alguma maneira, é inexplicável. Surpreendentemente ele me conquistou, não tem uma forma melhor de explicar isso. Esse termo “inexplicável” foi adequado pois não tem maneira de se explicar, aconteceu e pronto.
Agora, eu sei o que é o amor. Amor não é nada daquilo que metade da população mundial julga como “é perda de tempo”. Como uma pessoa alienada, fui nessa onda e nunca acreditei que isso existia. Eu estava bastante equivocada. Acho que entre milhares de palavras existentes, nenhuma é adequada o suficiente para definir o que é esse sentimento.
– Eu poderia ter vivido com vários outros homens, ter tido vários outros relacionamentos, ter mudado de estado ou até de país, poderia até ter continuado feia, mas mesmo assim eu te encontraria. – sorri
Sério mesmo que eu falei isso? Nossa, de onde eu tirei palavras tão bonitas assim? Tem alguma explicação? Ou só é pelo fato de eu estar gostando realmente dele que me fez ter esse “surto” e começar a dizer essas palavras? Muitos podem pensar que eu falei tudo aquilo da boca para fora, só que a minha intenção nunca foi de iludir alguém. Aquelas palavras que tinha dito são as mais verdadeiras e as mais sinceras.
– Por que você diz isso?
– Porque o destino quis, se é que esse negócio de destino existe. – falei
Júnior, como sempre faz, me puxou pela cintura e deixou nossos corpos colados. Assim começou um beijo lento, calmo e cheio de sentimentos. Eu parei dando vários selinhos nele. Ainda juntos, ficamos nos olhando de uma forma tão apaixonada... Ok, muito meloso e grudento, mas isso não importa nesse exato momento.
– Eu te amo. – sorri com a boca e, com certeza, os olhos.

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117.

– Eu o amo, Anthony, sinto muito. – senti uma lágrima solitária descer dos meus olhos – Agora, só quero que deixe eu viver a minha vida.
Passei a mão pela extensão do seu rosto, fazendo carinho onde não tinha nenhuma marca, o que era meio impossível não ter.
– Eu também quero ver você feliz, então, trate de seguir sua vida. – sorri – Você vai ficar guardado aqui, no meu coração.
Mas tudo isso o que eu falei era verdade. Anthony deixou as suas marcas, por mais que tenha sido alguns meses ou semanas – não sei ao certo. O abracei com força, depois beijei sua testa.
– Se cuida. – falei
Andei devagar, por conta do vestido, até chegar onde o Júnior estava. Agora não usava o paletó, pois o mesmo serviu como pano para estancar o sangue que estava despejando do seu nariz.
– Está melhor amor? – perguntei
– Um pouco.
Claro que a gente não iria voltar para a festa. Então pedi para Noah avisar que eu já havia ido embora e que eu não dormiria em casa hoje. Procuramos o carro, que estava bem distante de onde nós estávamos. Peguei a chave do carro, antes que ele falasse qualquer coisa para me impedir. O ajudei a sentar no banco do passageiro, depois dei meia volta e entrei no lado do motorista. Dirigi até a casa dele, que era um pouco longe de onde estava ocorrendo a festa. Coloquei o carro na garagem e fomos até o elevador, quando se menos espera, já estávamos no décimo andar. Ele abriu a porta e foi eu que fechei a mesma.
– Senta ali. – apontei para a cadeira
Ele me obedeceu e foi até onde eu havia mandado ele ir. Enquanto isso, eu tirei meu salto, colocando bem perto da porta, depois meus acessórios, e por fim amarrei meu cabelo em um coque. Fui até ele, que já não estava mais com o paletó sobre o nariz.
– Deixa eu ver isso direito.
Com cuidado, analisei todo o seu rosto. Vi que tinha que passar umas pomadas mais nada fora dos padrões. O nariz já estava bem melhor do que antes, não sangrava tanto como antes.
– Onde fica o kit de primeiros socorros? – perguntei
– Armário do meu banheiro.
Já nem ligava mais se o vestido era pesado e longo. Fui até o banheiro, peguei uma maleta que tinha uma cruz vermelha na frente. Voltei para onde o Júnior estava, abri a maleta e comecei a limpar todos os ferimentos dele. No final, ele estava com uma aparência mil vezes melhor do que a de quando ele chegou aqui. Guardei tudo no seu devido lugar, e depois fui pro quarto da irmã dele, pois eu precisava tirar aquele vestido enorme e pesado. Fiquei escolhendo um pijama para dormir quando escuto três batidas na porta, eu autorizei a entrada dele.
– Posso fazer apenas uma pergunta? – ele perguntou e eu assenti.
– Por que você disse aquilo para ele?

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116.

Não sei se foi de propósito, mas olhando de um ângulo, não dava para ver o Anthony. “Pequena” é um pedido carinhoso e nunca o Júnior havia me chamado assim, então levantou suspeitas. Pra deixar claro que o Anthony NÃO sabia que o melhor amigo está comigo, que sou ex-alguma coisa dele. Quando o Júnior se aproximou mais de onde eu estava, percebeu que o o amigo estava lá.
– O que você faz aqui? – Júnior perguntou se referindo ao Anthony
Meu Deus! Eles estavam um perto do outro, só alguns metros de distância, o que não era muita coisa.
– Eu que te pergunto, o que você faz aqui?
Anthony havia dado mais dois passos para frente. Me levantei, um pouco com dificuldade por conta do meu vestido que era pesado. Acho que a essa altura o Anthony já deve ter entendido tudo. Ele se virou para mim e falou:
– Não me diz que você está com ele.
Acho que eu não precisei responder, porque estava tudo tão óbvio que até o cego perceberia. Em fração de segundos eu vi o Anthony ser atingido pelo Júnior.
– PAREM! – gritei – PAREM COM ISSO!
Quem disse que me ouviram? Parece que era combustível o que eu falava. Após longos e intermináveis minutos, apareceu o Noah e mais dois caras que eu não conheço, mas deviam ser os seguranças da festa. Dois seguraram o Anthony, e o meu irmão com outro segurou o Júnior. O Júnior estava com o nariz sangrando, e uns cortes na região da bochecha, mas parece que quem sofreu as consequências foi o Anthony, pois a boca e o olho dele estava inchados, sem falar na quantidade de arranhões por todo o rosto.
– Você não tinha o direito de ter feito isso comigo. Eu te considerava meu melhor amigo! – Anthony falou um pouco alterado
– Ele não tem culpa Anthony. Foi eu que quis assim, eu que percebi que meu par ideal estava na minha frente o tempo todo, mas a burra estava correndo atrás da pessoa que não presta, que no caso é você.
Agora ele toma vergonha na cara e para de insistir tanto em uma coisa que com certeza não tem mais futuro. Ele caiu na real de que me perdeu, e quando foi perceber já era tarde demais para voltar atrás.
– O seu melhor amigo não quis, mas eu insisti, persistir e ele acabou cedendo. Saiba que quem foi atrás fui eu, e não tenho vergonha de dizer isso, porque eu sei o que é amor. E não é aquilo que eu sentia por você.
Eu me aproximei mais do Anthony, que agora estava mais calmo. Os homens já haviam soltado ele, assim como soltaram o Júnior, depois sumiram de vista, o único que ficou foi Noah, só para garantir alguma coisa. Fiquei cara a cara, olho a olho.

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115.

Ok. Certo pai, não precisava ter me exposto tanto assim. Tenho certeza de que eu queria ser uma avestruz e enfiar minha cabeça no primeiro buraco que eu visse na minha frente. Então o holofote mirou bem em cima de mim. Começou, novamente, as palmas frenéticas. Mas dava para perceber que as pessoas ficaram um pouco surpresas com a novidade, já que toda a cidade sabia que o famoso milionário só tinha dois filhos e não três. Me levantei em agradecimento as palmas e também ao meu pai, que com certeza eu o mataria depois. As palmas pararam e eu me sentei.
– Olha aí rapaz, ganhou fama agora. – Noah brincou
– Sem piadinhas. – fiz careta
Júnior havia me avisado que iria na mesa do pai, mas logo voltaria. O jantar foi servido, e é claro que eu tive que comer. Lógico que as coisas só melhoram depois do jantar, pois as músicas ficaram mais dançantes. É claro que eu não fiquei de fora dessa, puxei a Scarlett e lá fomos para pista. Dançamos uma, duas, três músicas, então decidimos parar. O garçom passou na nossa mesa com as bebidas bem na hora que cheguei. Peguei um drink qualquer e tomei um gole.
– Vou pegar um ar fresco. Se o Júnior me procurar, diga a ele que estou lá fora.
Falei tanto para a Scarlett, como também para o meu irmão. Com meu drink, fui para o lado de fora pegar um arzinho. Optei pelo lugar mais tranquilo, sem zoada e sem paparazzi. Vi uns bancos de ferro enferrujado bem próximo de onde eu estava, me sentei em um dos deles.
– Você está incrivelmente linda.
Tomei um susto, não só por ter me pego de surpresa mas com quem falou aquilo. Lá estava Anthony. Mãos no bolso da calça do conjunto do seu paletó. A gravata vermelho vinho se destacava naquela cor preta.
– Eu pensei que tivesse surtido efeito aquela minha frase... – falei enquanto balançava meu drink
– Impossível fazer o que você mandou.
– Nada é impossível, sabia?
Acho que ele ainda não caiu na real de que eu não quero mais nada com ele, que aquilo que ele fez não tem reversão. Vai demorar muito para ele perceber? Pois se for sempre assim, não rola não.
– Vai atrás do seu consolo, talvez ela faça você esquecer mais o que aconteceu. – fui sarcástica
– Não fale assim. Você sabe que isso não pode acontecer.
– Qual é Anthony? – o encarei – Você acha que eu vou cair nesse teu joguinho. Sorte a minha que descobri a tempo de pular fora desse problema. – soltei um suspiro demorado – E por incrível que pareça, eu estou bem melhor agora.
A verdade foi dita. Minha vida melhorou depois que me envolvi ainda mais com o Júnior. Desde então eu percebi o que era o amor mesmo. Por falar em Júnior...
– Pequena! – gritou

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114.

Chegamos ao local, onde ia acontecer a premiação, era umas nove horas e trinta minutos. Já parecia bastante agitada, o que eu não queria, pois a atenção seria em mim mesmo ainda não sabendo que eu era a filha do organizador da festa. Fotógrafos estavam apostos na entrada, só para darem os “clics” nos convidados. Como tinha os manobristas – aqueles homens que pegam o carro e estaciona para você –, o Júnior só fez deixar as chaves e me pegou pelo braço gentilmente. Flash daqui e flash dali, quase que fiquei cega com tanto fotógrafo e suas câmeras digitais. Até que fim pisei dentro do salão, não aguentava mais tanta foto. Mas parece que lá dentro tinha o dobro, não adiantou de nada. A mesa em que a minha família estava era a central. Era de se esperar, já que o Alfredo Müller é o “destaque” da festa. Me sentei junto a eles, o que levantou vários cochichos por todo aquele lugar.
– Espero que ele leve tudo isso numa boa.
Scarlett sussurrou assim que me sentei a mesa. Não entendi o porquê desse tipo de comentário no qual ela acabou de falar.
– O que você quis dizer com isso? – perguntei
Ela fez um aceno com a cabeça até uma mesa atrás de nós. Dei uma disfarçada, pois a curiosidade é grande em saber de quem tanto ela estava se referindo. Notei o rosto familiar. Anthony encarava a mesa, ou melhor, me encarava descaradamente.
– Ele apenas vai pensar que o Júnior quis ser gentil e me trazer ao baile. Até onde eu sei, ele não está sabendo do meu envolvimento. A não ser que você tenha contado...
– Nem vem! Ele pode ser meu irmão, mas eu não contei nada não.
Os comes e bebes estavam sendo servidos de instante em instante. Todas aquelas comidas frescas não me agradavam, só que eu tinha que comer. Era isso ou passar mal, e eu estou querendo ficar ao máximo longe do hospital.
Chegou a hora da premiação. A música havia parado, assim como a circulação dos garçons no meio do salão. Uma mulher, que aparentava ter uns quarenta e tantos anos, subiu ao palco com um papel na mão. Logo ela começou um discurso, e no fim falou:
– Chamamos ao palco o famoso Alfredo Müller.
O holofote foi todo em direção à nossa mesa, mas precisamente em meu pai. As palmas invadiram todo o ambiente, sendo o único som naquele momento. Ele caminhou até o palco segurando o seu paletó preto bem escuro. Entregaram-lhe um microfone e também um troféu. As palmas cessaram.
– Quero agradecer a todos os que estão me prestigiando nesse dia tão especial. Esse prêmio é muito importante, não só para mim, como para toda a empresa A.M. Investimentos. Mas eu quero ressaltar uma pessoa, além da minha digníssima esposa. Essa pessoa me mostrou que a vida é bonita pelos valores internos. Foi por isso, graça a essa pessoa que eu consegui subir na vida. Quero que todos conheçam a minha inspiração, minha filha Lis Müller.

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113.

– Semanas depois –
O tempo passou. Num sei se a palavra “tempo” é adequado para esse curto espaço que passou. Se bem que tempo define qualquer coisa, não importa o tamanho do espaço. Mas voltando ao assunto principal: eu e o Júnior. Não é bem um namoro, ou é quase isso. Meus pais já estão sabendo e é o “queridinho” deles. Aff! Perdi o cargo pra ele, só que não tem problema, pois o importante era eles gostarem do meu novo pretendente. Tirando isso, está tudo numa boa.
Hoje é o grande dia! O dia da premiação da empresa do meu pai. A partir de hoje, todos saberiam que eu era filha do famoso Alfredo Müller. Tudo estava preparado para hoje, meu vestido, minha maquiagem e meu cabelo. Ressaltando que o meu vestido foi presente do meu pai, que fez questão de me dar.
“Eu não sei o que vestir amor!” – Júnior mandou uma mensagem
“Seu pai pode te ajudar.” – respondi
“Meu pai?” – mandou
“Sim, ele também vai para a festa, não é?” – respondi
“É mesmo! Havia esquecido desse detalhe.”
“Sei não viu... Que menino lesado.” – mandei
Larguei o celular, pois estava na hora de ir pro salão e eu nem tinha trocado de roupa ainda.
– Está pronta?
Minha mãe havia entrado no quarto. Ele usava um vestido longo florido, com duas aberturas nas pernas, o que a deixava mais jovial.
– Só colocar uma blusa mãe.
Peguei a primeira que vi no meu closet. Peguei meu celular e minha bolsa. Fomos ao estacionamento, onde a mamãe cismou que deveria ir dirigindo, e é claro que eu não teimei.
(...)
Já era nove da noite quando eu terminei de me arrumar por completo.
– Tem certeza de que não quer com a gente, minha filha? – meu pai falou mais uma vez
– Tenho pai, eu vou com o meu acompanhante.
Meus pais saíram junto com a minha irmã e eu fiquei esperando pelo Júnior. Só que não demorou muito para ele chegar. Hoje ele não usava a sua famosa Hilux branca e sim uma Ferrari preta. Meio que o vestido não deixava eu andar, pois além de ser longo, era muito pesado. Parecendo aqueles filmes, ele abriu a porta do carro para que eu entrasse.
– Sou a favor de ter mais festas assim. – Júnior falou
– Bobo. – sorri
Eu entrei e ele deu meia volta, entrando no mesmo logo em seguida. Bem, o nosso relacionamento estava indo perfeitamente. Fiz certo em dar uma chance para ele, podemos dizer que eu estou começando a gostar dele. Acho que com a convivência, e outros fatores, fez com que eu me aproximasse mais e mais dele.

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112.

Me servi com um pouco de tudo, queria provar cada coisinha que tinha ali. Fui tomando coragem, e aos poucos fui criando forças para poder falar.
– Vou me encontrar com o Anthony.
Direta e bem clara. Assim que eu gosto ser quando o assunto é um quanto delicado.
– Como? – franziu o cenho
– Amor, não se preocupa com isso, eu sei o que estou fazendo. – falei – E também não vou fazer besteira.
Percebi que o Júnior ficou naquele negócio de um pé na frente e o outro atrás. Só que eu tenho toda a certeza de que eu NÃO quero mais nada com o Anthony, nem que ele aparece pintado com ouro 18K.
Me arrumei depois de ter tomado café da manhã, e ajeitei algumas coisas.
– Não vai, por mim. – Júnior implorou mais uma vez
– Eu preciso resolver isso, ok?
Fui até ele, que estava sentado no sofá e dei um selinho. Peguei meus pertences e saí dali. Eu chegaria atrasada, mas era um atraso justificado. Me apressei para chegar ao shopping. Estacionei o carro no terceiro andar da garagem e andei até o elevador que dava para o shopping. Apertei para o quarto andar, onde ficava a praça de alimentação. Saí do elevador por volta de onze horas em ponto, o que significa dizer que já passou os trinta minutos. Avistei o Anthony, em uma mesa mais reservada, mexendo no celular e bem distraído. Sentei na mesma e fui logo ao que interessa, sem “rodeios” ou enrolações:
– Comece logo do ponto que me interessa.
– Oi também. – falou
– Nada de oi, nem esses negócios formais.
– Ok. – guardou o celular no bolso – Eu não tenho culpa de nada.
– Nossa! Tu me tira de um lugar, em que eu estava muito bem, só pra dizer que não tem culpa? Eu não estou acreditando no que eu ouvi agora.
– Posso terminar?
Assenti. Eu sabia que ele encheria minha cabeça com essas desculpas.
– A mãe da Luna, que você conheceu de uma maneira não muito boa, ela sempre vem atrás de mim querendo alguma coisa.
– E você acaba caindo na dela, não é? – interrompi
– Sou homem, não resisto.
– Então pra que começou alguma coisa séria, se sabia que ela quase sempre ia atrás de você? Não tem desculpa pra isso não. – falei – Nem sei onde eu estava com a cabeça para aceitar te encontrar.
É óbvio que ele mentiria até o fim. Tudo frase decorada, que tinha sido ensaiada. Chance para o Anthony nunca mais eu dou. Me bateu aquela raiva e repulsa, que eu não conseguia ficar nenhum minuto a mais naquele lugar. Respirei fundo para não fazer besteira, coloquei a minha bolsa no ombro e me levantei.
– Nada nesse mundo vai fazer com que eu volte para você. Então, por favor, não vá mais atrás de mim e trate de me tirar da sua vida. – sorri – Eu já estou reconstruindo minha vida. Sem você!

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111.

Não me pergunte como uma pessoa consegue dormir assim, porque até eu não sei como isso acontece.
– Por que logo eu? – perguntei
– Você o que?
– Bilhões de mulheres no mundo, várias nessa cidade, e você se apaixona por mim. Por quê?
Ele virou, ficando frente a frente comigo. Começou a enrolar no dedo uma mexa do meu cabelo. Sorri automaticamente, não sei o motivo por esse sorriso bobo ter se formado, só sei que escapou.
– Ninguém escolhe com quem vai se apaixonar. Tipo, eu não sei explicar exatamente.
– Então não tem explicação? – arqueei a sobrancelha
– Não. – parou para pensar, mas respondeu logo depois – Simplesmente acontece.
Ficamos assim por mais algum tempo até que eu não me lembro mais de nada.
Dez horas. Acordei com meu celular vibrando no criado-mudo. Espera! O meu celular estava na sala, em cima da mesa e não aqui ao meu lado. Me esqueci que não estou sozinha e muito menos em casa. Ainda de olhos fechados, tateei a superfície lisa na procura do meu celular, achei e atendi antes que desligasse.
– Alô!? – falei
– Finalmente eu consegui falar com você.
– Anthony?
Eu havia me sentado na cama, com o coração acelerado e meio que assustada. Olhei para o visor e tinha lá o nome dele.
– Passei na sua casa, mas tua irmã disse que você não havia dormido lá. Já está com uns minutos que ligo pra você. Onde você está?
– Muito preocupado. – debochei – Que eu saiba não te devo satisfação da minha vida.
– Precisamos conversar civilizadamente. Aquele dia não deu para fazer isso. Por favor.
Pensei comigo: vou ouvir ele, mas a minha decisão já está tomada. Não tem nada nesse mundo que me faça mudar de ideia. Olhei para o relógio, já que dez horas e quinze minutos.
– Me encontre na praça de alimentação daquele shopping próximo ao centro da cidade, daqui a meia hora. Não se atrase.
Desliguei a ligação. Eu não sabia que desculpa dar para o Júnior, só sei que não podia contar a verdade. Ou será que devia? Nunca gostei de esconder as coisas, por isso me denomino como “livro aberto”. Fui até a cozinha, pois era o único canto que o Júnior poderia estar além da sala, jogando vídeo-game. Ele preparava o café da manhã, o que estava ficando bastante cheiroso e dando água na boca. Me encostei na porta, mas logo ele sentiu a minha presença.
– Bom dia, pequena. – sorriu
Meu Deus, que sorriso era aquele. Júnior havia ajeitado a mesa e me chamou para se juntar a ele. Eu não ia fazer essa desfeita, ainda sabendo que dali a uns instante eu estaria me encontrando com o Anthony.

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110.

Júnior estava ajeitando a cama, e o ar-condicionado marcava vinte graus. Eu vou virar comida congelada desse jeito, pois o frio lá de fora e ainda tem o frio daqui de dentro. Fui até o guarda-roupa dele, e procurei algum moletom ou casaco de frio, mas só encontrei uns blusões de skatista.
– Não tem moletom?
Eu vasculhava tudo o que tinha ali dentro. Observei todos os perfumes, as blusas de grife, os relógios de marca, entre outras coisas. Ele foi até onde eu estava, abriu a última gaveta e lá estava os moletons. Peguei aquele que o tecido fosse mais grosso, assim o frio seria bem menos, vesti o mesmo e depois fechei a porta do guarda-roupa.
– Como estou? – falei dando uma voltinha
– Linda.
Júnior havia ligado os abajures que tinha nos criado-mudos ao lado da cama, e desligado a luz do quarto. O primeiro trovão fez eu dar um pulo, de tão alto que foi. Corri pra cama, onde eu fiquei toda encolhida.
– Nunca gostei de trovões. É a única parte ruim da chuva. – eu disse ao colocar o edredom sobre mim
– Até parece uma criança. – riu
Ele estava sentado do outro lado da cama, sem camisa e com os cabelos bagunçados.
– Criança?
Peguei o travesseiro e taquei na suas costas. Pra que eu fui fazer isso? Ele pegou o outro travesseiro e tacou em mim. Assim foi, até uma única pena sair e cair no meu cabelo, logo em seguida, foi milhares de penas voando pelo quarto todo. Pronto! Viramos duas crianças depois dessa pequena guerra de travesseiros.
– Que bagunça amor. – falei entre as minhas risadas
– Espera, deixa eu tirar isso aqui.
Ele esticou o braço e começou a tirar umas penas que ficaram presas no meu cabelo. Fiquei olhando ele enquanto tirava aqueles troços da minha cabeça. Eu estava fascinada com tanta beleza, que se eu não tivesse de boca fechada, aposto que estaria babando igual aqueles cachorros vendo comida na televisão.
– Pronto.
Ele acabou me acordando do pequeno transe no qual eu estava tendo. Que homem era aquele. Meu Deus do céu! Ainda bem que ele não percebeu que eu estava “obcecada”, olhando para cada traço do seu corpo. Ele limpou a cama, mas só a cama, depois ele limparia todo o resto da sujeira. Ele trouxe outros novos travesseiro.
– Vê se não estraga esses travesseiros também. – riu
– Ainda estou procurando a graça. – fiquei olhando de um lado para outro
– Besta!
É muito interessante esse afeto, esse carinho que nós temos. Começou desde quando nos conhecemos lá no SPA, e sempre foi assim, divertido e super descontraído. Aí ele deve ter gostado de mim, e eu gostado do Anthony. Que loucura. Júnior havia deitado também, e a posição dele era olhando para o teto.

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109.

Percebi que ele tinha falado por impulso, pois senti seus músculos todos retraídos. Me desencostei e fui para sua frente. Ele ainda estava de olhos fechados, mesmo sabendo que eu não o abraçava mais.
– Você tem certeza do que disse?
Não sei o que deu em mim, mas bem lá no fundo dizia que era para investir nele. Querendo ou não, eu conhecia ele, sabia que ele era capaz de amar alguém intensamente, que ele era homem o suficiente para arcar com qualquer problema. Ok, isso está ficando muito meloso e muito grudento.
– Tenho. – respondeu firme
Olhei para um lado, olhei para outro, respirei fundo.
– Eu vou lhe dar essa chance. Mas não vá pensando que é vingança ou algo do tipo.
Nunca vi a expressão de um homem mudar tão rápido como a dele mudou. Um sorriso se abriu no seu rosto, mostrando todos os dentes, que por sinal são muito perfeitos.
– No seu primeiro deslize, eu corto esse teu pinto a sangue frio. – brinquei
– Tô com medo.
Ele fez uma careta estranha e eu comecei a rir. Logo em seguida ele me puxou pela cintura juntando nossos corpos, passou a mão nos meus cabelos e depois colocou na minha nuca. E lá se vai mais um beijo intenso. Sua mão apertava minha cintura com força, e a outra estava entre meus cabelos. Eu fui ao delírio. Se tivesse aqueles balõezinhos na minha cabeça, de estariam com várias coisas relacionadas ao beijo que acontecia naquele exato instante.
– Eu prometo que vou fazer de tudo para não pisar na bola com você. Minha medrosinha. – sorriu
– Sem essa de medrosinha. – revirei os olhos
Após todo aquele drama, fomos pegar as comidas e só então começamos a maratona de filmes. Ao todo foram 4 filmes de puro terror. Juro que os vizinhos devem ter ficado com muita raiva por conta dos meus gritos um pouco escandalosos. Já era de madrugada quando terminou a sequência de filmes, mais ou menos uma hora da manhã. Ajeitamos a sala, limpamos a sujeira e lavamos o que estava sujo.
– Eu vou dormir com você. Já está sabendo disso né?
– Só porque a CORAJOSA não consegue dormir sozinha. – ele fez questão de dar um ênfase na palavra “corajosa”
O tempo estava totalmente nublado, e não demorou muito para cair uma tempestade, com direito a trovão e tudo.
– Era só o que me faltava. – balancei a cabeça
Desligamos todas as luzes e fomos para o quarto dele, que era ao lado do da irmã. O terceiro quarto era o de hóspedes, que não é utilizado frequentemente, só quando a mãe dele vêm para passar o final de semana. Pois é, os pais do Júnior são separados já está com mais ou menos dois anos. Foi um pouco doloroso para ele, porque ele sempre achava o casamento de ambos tão bonito. Só que cada um sabe o que passa, então, não devemos julgar só o que vemos.

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108.

Nunca alguém havia falado aquilo para mim, não daquela maneira que o Júnior falou. Por isso eu não soube como reagir nesse exato momento.
– Fala alguma coisa!
– Eu não sei o que falar, não sei nem como reagir em relação a isso. – fechei os olhos e suspirei – Pra falar a verdade, eu nunca ouvi isso de ninguém.
– Ah... – abaixou a cabeça
– Junim. – levantei seu rosto com a mão – Não posso te dar esperanças agora, não nesse momento. Você sabe que querendo ou não, eu ainda gosto do Anthony. Eu tenho medo de me machucar de novo e te machucar. Ou sei lá, eu só tenho medo.
– Por que ele tem que estar no meio? – Júnior não tirava os olhos de mim – Sempre soube que ele não era peça boa, mas eu me passaria como um amigo fura olho. Eu conheço ele como a palma da minha mão, então, eu sabia que, de qualquer maneira, ele iria deslizar.
– Espera aí. – me afastei
Agora tudo fazia sentido. Todas as vezes que ele falava que gostava de uma garota mas ela nunca iria prestar atenção nele, que ele tinha um amor não correspondido. Só pode ser brincadeira! Esse tempo todo ele se referia a mim, mas como eu sou uma pessoa muito lesada, nunca prestei atenção nas indiretas.
– Então quer dizer que aquela garota que você tanto falava era eu? – o encarei
Silêncio. Ele não me respondeu, nem mexeu a cabeça e nem os ombros. Mas teve uma única coisa que entregou ele: os olhos. Pode até parecer loucura, mas eu sei quando a pessoa mente, quando fala a verdade, quando a resposta é sim ou não. Não sei ao bem como descubro essas coisas, só sei que percebo e pronto.
– Como eu fui um idiota! – ele se levantou com toda força. – Eu deveria ter ido atrás, eu devia ter falado, eu devia ter aberto o jogo.
Agora ele andava de um lado para outro, como se estivesse desesperado com alguma coisa. As mãos iam para cabeça, passando os dedos entre os cabelos castanhos claros e depois passava as mesmas pela testa limpando as gotículas de suor.
– Mas eu sabia que você estava com o Anthony, e eu via que você era feliz, então deixei como estava. – deu um soco na parede – Eu fui muito burro!
Ele já não me olhava. O foco era o prédio da frente do dele, onde dava pra ver da varanda. Sua respiração era forte, muito forte, como se tivesse acabado de fazer um exercício muito pesado. Me levantei do sofá, caminhei até onde ele estava, e o abracei por trás. Encostei meu rosto nas suas costas e naquela posição eu ouvir os batimentos cardíacos dele, que estavam bastante acelerado.
– Você não tem culpa de nada, apenas não teve coragem de falar o que sentia. – falei – Nem todo mundo consegue, então, não se culpe.
– Me da uma chance?

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107.

– Se for em relação ao nosso beijo, você já sabe que eu não estou te usando como consolo. – falei
– Não é sobre o beijo, Lih.
Ele me olhou de um jeito tão inexplicável. Suas mãos percorreram pela extensão da minha bochecha, onde fez carinho com as mesmas. Sorri ao sentir seu toque, coloquei minha mão sobre a sua e acariciei também.
– Então o que é, Junim?
Acho que ficou completamente óbvio que eu estava muito curiosa. Júnior tirou a mão do meu rosto, agora ele esfregava as mesmas freneticamente como se aquilo deixasse ele mais calmo. Invés da sua cabeça estar levantada, agora estava baixa por completo, e a sua respiração começou a ficar um pouco fora dos padrões. Se nós estivéssemos naqueles filmes de drama, as câmeras estariam focando o suor que saía da minha testa e percorria pela lateral do meu rosto, e da minha mania compulsiva de roer as unhas. Além de focar nos movimentos incessantes do Júnior. Passei a mão pelas suas costas, pelos seus braços, depois encostei minha cabeça no seu ombro, ficando assim por um bom tempo. Mas ainda ele não havia sequer falado uma frase completa. Minha angústia aumentava a cada segundo que passava, parecia que nunca ia acabar aquele silêncio. Precisa de tanta concentração assim? O que for que seja, não seria tão grave assim. Ou será que seria?
– Não sei nem como te contar isso... – suspirou
– Então procure uma maneira em que você ache mais fácil de contar, ok? – falei
Mais silêncio. Não posso perder a paciência, porque eu sei que se fosse eu no lugar dele seria a mesma coisa. Tem certos assuntos que você não gosta de falar, ou tem muita vergonha. Eu teria que esperar, o tempo que for preciso, para que ele falasse o que tanto deixava ele aflito.
– Lis, eu não quero parecer louco ou qualquer coisa do tipo, mas eu venho escondendo isso já faz muito tempo.
Vou nem mentir, mas eu acabei ficando com mais medo ainda. Ele falando de ser louco, de ter escondido. Prevejo que não tem nada de bom por vir, e isso está me deixando muito nervosa.
– Eu sei, devia ter te contado, só que sempre quando eu tinha oportunidade, aparecia o Anthony e estragava tudo. Não estou sendo egoísta, mas é errado te querer só pra mim? Há muito tempo que venho ensaiando umas palavras, é isso mesmo, vinha ensaindo o que dizer, porém, eu sempre travava ou então tinha algo que atrapalhasse. – ele falava tranquilamente, sendo que seu estado físico mostrava outra coisa – A questão é que eu gosto de você, e não é um gostar só por gostar, é um gostar além do que você imagina.
Fiquei esperando ele terminar, mas ele parou de falar depois da frase “é um gostar além do que você imagina”. Eu não sabia o que fazer, não sabia como agir, eu não sabia de mais nada. Júnior levantou a cabeça novamente, colocou as mãos em torno do meu rosto e me olhou nos olhos.
– Eu te amo, Lis.

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106.

Nós dois fomos pra a cozinha, onde íamos preparar as nossas guloseimas para a nossa sessão filme.
– Só você mesmo para me fazer comer essas coisas gordurosas. – falei
– Uma vez não morre não. – riu
Ele começou a separar os ingredientes para fazer o brigadeiro e a pipoca, já eu peguei as panelas que estavam sobre o balcão. Começamos a cozinhar mas não demorou muito, pois as duas coisas eram rápidas e praticas. Quando terminei, fui atrás de um prato para colocar o brigadeiro e uma tigela para colocar a pipoca.
– Onde fica os pratos dessa casa?
Eu já havia revirado todos aqueles armários. Olhado de um por um, revisei os comprimentos e nada de prato e muito menos de tigela.
– Terceira porta da esquerda para direita do armário de cima. – deu as instruções
Abri a porta do armário, e vi que os pratos estavam bastante distantes do meu alcance. Que ótimo! Agora é que eu não alcanço. Estiquei o braço, fiquei na ponta dos pés, mas não funcionou. Quem foi o doido de fazer um armário tão alto? Esse homem não sabia que existem pessoas pequenas nesse mundo? Mais que droga. Júnior deve ter visto meu esforço e foi me ajudar. Ele chegou por trás de mim, pressionando de leve o seu corpo contra o meu, dava para sentir a respiração dele no meu pescoço, sua mão passou pelo meu braço e ele tirou o prato.
– Pronto. – sussurrou
Aquela posição não foi um pouco aconselhável, pois nós dois sabíamos o que acontecia quando as nossas bocas estivessem muito próximas. É, não adiantou evitar. Acabou acontecendo. Nossas bocas foram aos poucos se encostando, até que se iniciou um beijo calmo e lento. A mão do Júnior que estava ocupada com um prato, agora segurava me cintura. Minha mão percorreu pela suas costas e pousou na sua nuca.
– Eu não quero que pense que estou usando você de consolo. – falei com uma falta de ar
Quem disse que ele prestou atenção no que eu estava falando? Começou a me beijar de novo, sem se preocupar com nada da vida. Passamos mais algum tempo e depois paramos.
– Preciso te contar uma coisa. – Júnior falou
Pronto, naquele momento tudo meu paralisou. Eu odeio ouvir essa frase “preciso te contar uma coisa”. Da a impressão de que alguma coisa ruim estar por vim e que você seria a última pessoa a saber. Não conseguia nem sair do lugar, ou fazer qualquer outro tipo de movimento.
Ele foi até a sala, onde ficou me esperando sentado no sofá. Ajeitei os últimos detalhes e fui até lá. A posição dele denunciava o quão nervoso ele estava. O que me deixou com mais medo, pois a pessoa não pode mudar de uma hora para outra e ainda usar aquela frase. Sentei ao seu lado, ficando de frente pro mesmo, cruzei as pernas, e fiquei olhando-o. Parecia que eu nem estava ali, porque o silêncio estava predominante naquele ambiente, até que eu resolvi quebrar aquele momento angustiante.

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105.

A casa dele era bem organizada, nada fora do lugar.
– Empregadas? – perguntei
– Mais é claro. Tu acha mesmo que eu ia manter uma casa arrumada? Nunca na galáxia.
Júnior sempre fazia essas brincadeiras, o que é inevitável não rir. Reparei nos detalhes do apartamento. A sala é enorme, sem contar na quantidade de quartos que tinha, a sala de jantar tinha um tamanho mais ou menos. Todas as paredes eram da cor branca, e algumas tinha uns quadros como enfeite. Ele me conduziu até um dos quartos. Não sei o motivo de ter comprado um apartamento enorme, com três quartos, sendo que ele mora sozinho. Não vejo necessidade de ter um lugar enorme para morar sozinho.
– Se quiser tomar banho, e trocar de roupa, pode pegar naquela porta ali. – apontou
Júnior continuou na entrada e eu fui até a tal porta que ele havia indicado. Percebi que existia várias roupas femininas, sem contar nos perfumes e bijuterias que tinha.
– Pensei que morasse sozinho... – falei
– Atualmente, sim.
– Como assim? – arqueei a sobrancelha
– Minha irmã morava aqui comigo, só que ela passou em uma faculdade no exterior e acabou indo morar lá.
– Então está explicado o porque de você morar num apartamento enorme. – falei – Mas por que ela não levou as coisas dela?
– Porque eu ainda gosto daqui, apesar de me sentir sozinho, mas esse lugar é incrível.
Ele saiu do quarto e eu que fiquei sozinha agora.
“Lis não pense no que aconteceu, não vai te levar a nada.” – minha consciência falou
“Lis esqueça o Anthony, esqueça tudo de ruim. Não faça besteira.” – repetiu mais uma vez
Eu estava me sentindo frágil, e sabia que aquilo não é nada agradável para mim. Respirei fundo e fui aliviar a minha cabeça desse problema. Peguei uma toalha e escolhi uma roupa para usar depois. Me despi completamente e entrei no boxer do banheiro. Lavei meus cabelos, lavei meu corpo, lavei minha consciência, lavei minha alma. Despejei todos os problemas, aliviei toda a dor, deixei que tudo fosse levado ralo a baixo, sem deixar nem um traço em mim. Me enxuguei e depois enrolei a toalha no cabelo, peguei o que havia escolhido e coloquei logo em seguida. Tirei a toalha do cabelo e penteei o mesmo.
Já era umas nove horas e quarenta e cinco minutos, um pouco tarde ou nem era tarde. Saí do quarto, a procura do Júnior, acabo encontrando ele no sofá da sala, jogando vídeo-game.
– Pedi pizza para gente. – falou sem desgrudar o olho da televisão – Aí você faz brigadeiro, e eu faço a pipoca, daí a gente assisti filme.
– Você quer me deixar uma baleia... – ri
A campainha tocou e foi a única maneira do Júnior se desgrudar daquele jogo emocionante. Ele pegou a pizza e pagou a mesma.

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104.

– Se eu soubesse, eu não estaria perguntando. – falou
– Eu vi, aliás, peguei só o final do que seria uma tarde de sexo “romântico”. – fiz aspas com a mão
– Você não está se referindo ao Anthony né?
– É... Estou sim. – entortei a boca
Contei toda a história do que havia acontecido. Tudo o que eu não queria: relembrar toda aquela quase discussão e o pior de tudo, aquela cena.
– Não imaginava que ele poderia fazer isso de novo.
Júnior estava sem jeito, assim como eu também. Nós dois fomos um fracasso em escolher o nosso par. Acho que eu nunca fui dessas coisas, pois bem lá no fundo eu sabia que nunca as coisas de namorado ou ficante daria certo para mim. Vai ver eu nem sei escolher minhas companhias, deve ser por isso meu medo de me entregar para qualquer um.
– Não somos especialistas em amor. – Júnior brincou
– Concordo.
Ficamos ali, parados, esperando uma nova perspectiva de relacionamento, ou até uma nova opção de amor, ou uma nova paixão. Isso era um pouco improvável, já que fracassamos da primeira vez, então, não adiantaria se tentássemos mais novamente.
– Não quero ir para casa. – falei
– Por que essa rebeldia?
– Do jeito que estou, ficar sozinha não vai ser uma das melhores coisas para mim.
Eu já sabia que a minha cabeça ia começar a “trabalhar” cosas que não existem na vida real e isso acabaria muito mal. A única coisa que eu não quero é voltar a cortar meus pulsos por conta de besteira, ainda mais por homem que não presta. Não poderia me deprimir, pois eu havia mudado externamente e internamente, então, eu não tenho motivo algum pra estar pensando em ficar “para baixo”.
– Vamos lá pra casa? – sugeriu
Olhei para ele com uma cara de que não havia escutado direito e nem entendido o que ele tinha acabado de falar. Fiquei esperando alguma explicação dele, mas ele não falou absolutamente nada.
– E aí? Topa ou não?
– Pensei que fosse brincadeira. – parei um pouco para pensar e tomei a decisão – Está bem, eu aceito a sua proposta.
Nos levantamos e cada um foi para o seu carro. Não sabia onde ficava a casa do Júnior, então ele foi me guiando até onde ele morava. Chegamos em frente de um condomínio de aparência bastante sofisticada, daqueles que aparecem em filmes. Ele ficava na zona norte da cidade, era bem próximo de onde eu morava, acho que quarteirões me distanciavam dele. Júnior fez sinal de que era para eu entrar na garagem junto à ele.
Fomos até o elevador e subimos até o décimo andar. Quando a porta do elevador se abriu, me deparei com uma recepção e logo mais à frente tinha uma única porta branca. Ele caminhou até a mesma e a destrancou.
– Sem essas de “bem vindo ao meu cantinho”. – fez aspas com a mão – Parece um discurso de gay.

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103.

Olhei para o visor da tela, vi que era uma mensagem do Júnior no whats:
“Soube do que aconteceu? Pois é... Dá para me encontrar naquele lugar de sempre da praia? Estou precisando conversar. Beijo.”
Que diabos aconteceu que eu não estou sabendo de absolutamente nada? Como sou uma pessoa muito curiosa e um pouco preocupada com as pessoas, mudei a minha rota, indo em direção à praia. Cheguei lá e logo avistei o Júnior sentado no banquinho. Ele usava uma calça jeans escura, uma camisa gola polo listrada e um tênis preto. O som do alarme, do meu carro, quando ativada faz um barulho um pouco alto, então dava para saber que eu cheguei.
– Que bom que você veio. – ele falou sorrindo
– Qual foi a vez que te deixei na mão Junim? – o abracei forte – Mas me conta, o que aconteceu?
Ele começou a falar de uma garota – quando falo garota, estou me referindo a uma menina de dezessete ou no máximo dezoito anos – que ele ficava há um bom tempo. Como eu já sabia, a garota tem dezessete anos, está no último ano do ensino médio assim como eu. Para um cara como ele, que tem uns vinte e dois anos, uma garota de dezessete é um pouco “imatura” em relação a isso. Pelo menos eu penso assim, não sei ele. Júnior me contou que ela traía ele com um suposto amigo dessa, e que isso vinha ocorrendo a mais ou menos três semanas.
– O pior foi eu chegar na casa dela e ver o que vi. – ele balançou a cabeça negativamente
– Sei bem como é isso. – abaixei a cabeça
Nós havíamos sentado no mesmo banco onde ele estava antes d'eu chegar.
– Pera, o que você disse? – ele se virou para mim
No momento eu gelei. Não tinha a intenção de envolver o Júnior nesse meu problema com o Anthony, apesar de que os dois sejam amigos desde não sei quando. Mas também eu pensava que ele soubesse do que tinha acontecido hoje mais cedo, já que o Anthony e ele são muito próximos.
– Nada. – falei rápido
O ruim disso tudo é que o Júnior sempre vai ficar em cima do muro. Não importa qual seja a situação que esteja acontecendo, mas se for entre eu e o Anthony, ele vai ficar nessa de meio a meio. O que for melhor está valendo, não quero colocar dois amigos um contra o outro, afinal, eu não sou e nunca vou ser disso.
– Tem certeza de que vai esconder? – ele continuou olhando para mim
– Pensei que já soubesse do que tinha acontecido.
Eu não queria tocar nessa ferida, não agora. Está tão recente que ainda dá pra sentir leves pontadas. Tudo o que eu queria era esquecer isso por um bom tempo pelo menos. Ficar apertando a mesma tecla várias vezes não vai adiantar em nada. Essa “história” não deveria ser mencionada por nenhuma pessoa, mas eu não culpo o Júnior porque ele não sabia do que havia acontecido.

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102.

Ficamos alternando de loja em loja, atrás de um enxoval em que os dois gostassem. Sempre que um gostava o outro detestava, e assim foi em oito lojas diferentes.
– Não sei quem é o mais fresco. – ri
Achamos, graças ao meu bom Deus, um enxoval em que ambos gostassem. Eles escolheram um para cada um dos sexos pois ainda não se sabia ao certo qual era o do bebê, então, optaram por dois e quando soubesse o sexo, voltaria naquela mesma loja e pegava o certo. Depois de termos rodado o shopping quase todo, fomos para a praça de alimentação. Onde pedimos comida japonesa, que era a nossa favorita.
– Escolheram o nome? – perguntei
– A gente teve uma conversa... – ela olhou para Noah que estava ao seu lado – Onde foi uma baita de uma confusão.
– Imagino! – revirei os olhos
Nunca teime com o Noah, pois ele é a pior pessoa para isso. Falando assim, parece que meu irmão só têm defeitos, mas nem é. O fato de ser teimoso é um defeito muito horrível dele, entre muitos. Claro que ele não é só feito de defeitos, ele tem uma qualidades incríveis, como a proteção de quem ele ama. Por isso eu digo: faça tudo, mas nunca “bata de frente” com ele.
– Mas concordamos de que se for mulher vai se chamar Marina. Caso for menino vai se chamar Caio Eduardo. – Scarlett falou empolgada
– Amei os nomes. – falei – Só que eu tenho um pedido para vocês dois...
– Qual?
Parecia até que tinha sido ensaiado, pois eles falaram igualmente, fazendo com que ouvisse uma voz só.
– Se bem que quem decide não sou eu né.. – entortei a boca
– Fala logo! – Scarlett alterou um pouco a voz
– Estava pensando em eu ser a madrinha. Mas... – fui interrompida bem na hora
– Eu já havia conversando sobre isso com ela, e de qualquer maneira a gente ia te chamar. – Noah sorriu
– Sério? – abri minha boca no formato de um “O”
Os dois assentiram com a cabeça. Fiquei muito feliz com isso, vou ser madrinha do meu sobrinho. Nossas comidas chegaram, então o foco era outro. Eu e principalmente o Noah somos apaixonados por comida japonesa. Aquela comida estava tudo de bom, era gostosa demais, mas nada supera um restaurante, que também vende comida japonesa, que tem próximo ao nosso condomínio. Demoramos em torno de meia hora para terminar tudo com o que tinha sobre a mesa, e só então fomos embora. Cada um no seu carro, pois os dois tinham caminhos distintos.
– Tchau amores. – falei – Obrigada por hoje e pelo quase convite. – ri
Os dois me abraçaram, logo depois entramos nos nossos carros e em questão de segundos, eu já estava na cancela. As musicas da rádio só fazia meu astral aumentar, fazendo com que o acontecido mais cedo desaparecesse. No clima de descontração até meu celular apitar...

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101.

Tudo menos o Cristopher. Eu não queria mais problemas agora, ou alguma coisa relacionada a isso.
– Pois é, que mundo pequeno. – sorri
Foi só o que consegui falar. Ainda bem que ele não quis prolongar o assunto, só fez entrar no elevador e então eu “voei” até o meu carro que estava estacionado do outro lado da rua. Já estava escurecendo, aquele tempinho de fim de tarde estava predominando toda a cidade. Por incrível que pareça, eu não queria ficar sozinha e muito menos ficar em casa. Dirigi em direção à casa do meu irmão, só para dar aquela descontraída e ver como eles estão se saindo com a nova vida de casal moramos juntos. Parei meu carro rente a calçada da casa, descendo do mesmo logo em seguida. Toquei a campainha e a Scarlett abriu a porta.
– Ah, oi amiga. – falou – O que foi?
Ela já deve ter percebido os meus olhos inchados e meu nariz vermelho – o que sempre ficava evidente quando eu chorava.
– Nada além do que o teu irmão...
Entrei na casa, jogando minha bolsa sobre o sofá da sala de estar. Noah descia as escadas lentamente, ele usava um short branco, em volta do pescoço havia uma toalha e ainda tinha resquícios de que ele acabara de sair do banho.
– Meu dengo. – veio com os braços abertos
– Saudades de quando me chamava assim...
Abracei-o com força, afundando minha cabeça em seu peitoral nu. Noah só me chamava assim quando eu fazia manha quando queria alguma coisa, e desde quando isso começou a acontecer, ele criou esse apelido para mim.
– Me conta essa história direito.
Scarlett já havia me puxado dos braços do Noah e me arrastava para o sofá. Sentei cruzando as pernas e ela também fez a mesma coisa. Contei tudo o que havia acontecendo, não deixando nenhum detalhe escapar.
– Se ele não fosse teu irmão, amor... – Noah falou
– Confesso que ele vacilou pra caralho. – Scarlett completou
– Mas isso acabou passando e eu nem quero mais saber dele. Bola pra frente! – falei sorrindo
O silêncio predominou todo aquele ambiente. Isso é explicado pelo fato do meu irmão estar comendo, e para ele comida é sagrada. Tenho a quem puxar.
– Vocês não querem ir no shopping para olhar um enxoval pro bebê? – perguntei
– Num está meio cedo não? – Noah arqueou uma das sobrancelhas
– Só dar uma pesquisada e tal. – falei
– É amor, pra gente começar a nos organizar em questão a isso. – Scarlett havia se encostado no sofá, olhando para Noah que estava no balcão.
– Tudo bem, vocês ganharam.
Pela primeira vez ele se rendeu facilmente. Têm vezes que só falta o ano acabar e ele cede.chega a dar raiva em alguns momentos, porque tem que ficar sempre adulando, até parece uma mulherzinha.

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100.

Nada do que ele falasse fosse adiantar, acho que nem Deus na Terra faria eu voltar atrás do que eu disse é da decisão que tomei. Mesmo assim, deixei ele falar.
– Mas o que? – olhei para ele
– Eu ainda te amo! Eu sou louco por te, pequena.
Agora que a raiva aumentou cinquenta vezes mais do que já estava antes. Isso quer dizer que ele só piorou a situação dele.
– E que amor é esse Anthony? Me responde, que amor é esse? – falei um pouco alterada
O silêncio dele já dizia tudo ou mais do que tudo. E agora, eu nunca mais vou querer ter algum tipo de relacionamento com ele. Nunca mais! Isso é para eu aprender de que nem todo homem é o que aparente ser. Eu já devia ter desconfiado do Anthony, mas como fazer isso se seu coração é tão ingênuo a ponto de não acreditar que ele poderia ser um cafajeste ou qualquer coisa desse gênero. Nesse exato momento, eu apenas estou desejando, ou melhor sonhando, com que o Anthony desaparecesse. Distância é tudo que eu quero dele, só distância. Porque eu criei foi um nojo.
– Lis, você não me entende... – ele se aproximou mais da porta
A mãe da Luna apenas observava, ainda incrédula, a situação na qual estava se passando. Ela só fazia olhar de um lado para outro, que nem uma pessoa no meio de um mutirão de gente sem saber que caminho deve ir.
– Eu não te entendo Anthony? – ri – E tu acha que me entende?
Na verdade mesmo, eu queria era estar arrancando a cabeça dele fora. Eu estava rindo, mas na realidade eu queria chorar até a alma aliviar.
– Então, não tente achar uma explicação para isso. É a segunda vez que eu presencio alguma coisa. E ainda tu quer que eu te escute? – balancei a cabeça negativamente – Me poupe desse seu teatro.
De onde eu estava, fiz só dar meia volta, indo em direção do elevador. Eu não pretendia ficar ali, muito mais vendo aquela cena. Um nojo súbito tomou conta de mim, e a vontade agora era de chorar, só que não é o chorar de tristeza, mas de decepção e repulsa. Entrei no elevador, apertando o botão do pátio. Foi inevitável não chorar sozinha naquele lugar fechado e “sem ninguém” te olhando. De cabeça baixa saí do elevador, só que sempre tem alguém que faz isso também e foi o que aconteceu. O choque foi grande que eu acabei dando dois passos para trás, tentando tatear alguma coisa para me apoiar.
– Mil desculpas. – falei
Pedi desculpas porque eu tenho esse costume de sair do elevador sem olhar para frente. Então, eu tinha um pouco de culpa. Embora eu seja um pouco lesada, só depois eu vim perceber em quem eu havia esbarrado. O susto foi um pouco grande, pois eu nem sabia que aquele indivíduo morava naquele lugar.
– Lis? – se assustou

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99.

– Lis narrando –
Eu havia feito o que meu irmão tinha pedido. Já havia entendido que as coisas não tinham sido como os dois planejavam. Se bem que tudo não é como a gente espera, têm coisas que são raras. A situação dos dois foi tipo isso, porque esperavam uma determinada reação e acabou tendo o inverso.
Aproveitei para dar uma passada na casa dos pais da Scarlett, pois o Anthony ainda morava ali e eu já tinha me decidido. Pelo horário, ele ainda não estaria em casa – ou poderia já estar –, então, eu iria fazer uma surpresa. Cheguei lá em torno das cinco horas da tarde. O porteiro já me conhecia, por isso nem precisou ele avisar de que eu estaria subindo. Uma enorme vantagem, vai que ele já estivesse chegado em casa. Eu esperava o elevador ansiosamente, pois passei tempo demais longe dele e eu teria que recompensar tudo isso. É isso mesmo, vou dar uma segunda chance para ele, até porque todos merecem. Subi para a cobertura, onde quase que corri para tocar a campainha do apartamento. Se ele não estivesse em casa, uma das empregadas estaria. Mas quem abriu a porta não foi uma serviçal dali, e sim uma mulher muito aparentada, que era bastante familiar. Ela estava enrolada em um lençol branco, dando para perceber que só estava usando aquela “peça” para cobrir seu corpo.
– Quem é você? – a mulher falou
– Vim saber se o Anthony estava em casa. – analisei ela da cabeça aos pés – Mas vi que ele já está muito ocupado. – sorri irônica
Acho que ele deve ter escutado minha voz, pois ele apareceu na sala um pouco ofegante, de como estivesse corrido. Anthony usava apenas uma cueca boxe preta com a marca da Calvin Klein na cor vermelha. É, só tirei minhas conclusões depois de ter visto ele. Eu fui muito idiota em acreditar que ele poderia ser diferente, ou poderia ser um cara que valesse a pena, mas a vida nem sempre é mil maravilhas.
– Lis? – arregalou os olhos
– Que já está de saída, pois não quer interromper o casal. – mantive o sorriso irônico
– O que você veio fazer aqui?
– Vim te dar uma segunda chance, porque sou uma pessoa muito burra em acreditar de que você poderia ser um homem diferente. Mas só vi que você não é, e nunca vai ser outra pessoa. – continuei com a mesma postura – Pois agora não tem segunda, terceira ou quantas chances forem, eu não quero mais nem olhar na sua cara Anthony, nem saber que você existe.
Deu-se a entende de que a mulher que estava ali era a mãe da Luna, porque a única mulher que eu sei que ele se envolve é ela. Ela tinha uma cara de que não entendia completamente nada do que estava acontecendo. Na atual conjuntura, ninguém que não soubesse do meu relacionamento com o Anthony, não entenderia o motivo para eu ter falado aquilo.
– Mas Lis...

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98 (continuação).

Invés de irmos para o condomínio do Noah, nós fomos para o sentindo oposto. Só me dei conta de onde estávamos quando ele estacionou o carro na garagem de uma casa branca. Me dei conta de que estávamos na casa de praia dele.
– O que a gente está fazendo aqui? – perguntei
– Plano B.
O porta-malas do carro estava aberto, e ele tirava todas as minhas bolsas de dentro.
– Plano B? – arqueei a sobrancelha
Ele não me respondeu mais, só continuou tirando o resto das malas e levou até dentro da casa. Como eu já conhecia a casa, fui à cozinha atrás de alguma coisa para comer. Me deparei com todos os armários e geladeira lotados de comida.
– Planejou tudo? – falei
– Foi última hora. – Noah descia as escadas lentamente – Pedi para que a Lis fizesse as compras e deixasse tudo aqui.
– Então ela já está sabendo?
– Sim.

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98.

Não sei explicar a reação que meus pais tiveram ao ouvir aquela frase, mas só sei de uma coisa: eles não gostaram nada daquilo tudo. Eu generalizei um pouco, na verdade, quem mais não gostou disso foi meu pai.
– Você trate de pegar as suas coisas e sair desta casa. Agora!
Foram as últimas palavras que meu pai pronunciou após muito tempo de enrolação. Sinceramente, não esperava esse tipo de reação dele, apesar que ele é um cara mais “antigo” e que isso seria repugnante para a família toda. Típico pensamento de pessoas que vem lá dos séculos passados.
– Mas Frederico, ela é a nossa filha.
Como eu sabia. Minha iria ficar em cima do muro, sem saber em que lado escolher.
– Eu não retiro o que disse. – falou curto e grosso
Acho que Noah não tinha reação alguma, a única coisa que ele conseguia fazer era deixar a cara dele com mais aflição. Não é que ele tivesse medo de alguma coisa, pelo que se dá a entender, ele só esperava uma outra reação do meu pai e não essa que ele acabou de praticar. Apenas caminhei até meu quarto e Noah me acompanhou. Dava para encher uma piscina com todas as minhas lágrimas, e os meus soluços eram altos e constantes.
– Calma amor, calma.
Noah me envolveu nos seus braços – os quais eram fortes e bastante definido. Aquilo me confortava, só que ainda eu sentia a dor. Dor de ter sido “rejeitada” pelo pai, só porque engravidei. Não tiro a razão dele, mas custava ele me entender ou então ver as duas versões da história, no caso seria só uma. Acho que não tem desculpa para gravidez, foi um descuido e pronto. Ninguém engravida por acaso ou por acidente, se você sabe das consequências de se praticar o sexo sem camisinha... Bem, cada um arca com os resultados finais. Peguei todas as minhas roupas, meus perfumes, minhas sandálias etc. Sem pegar peso, Noah e o porteiro ajudaram a colocar todas as coisas no carro, pois eu não podia fazer muitos esforços. Minha mãe, dona Marina, estava no subsolo ajudando também a arrumar as minhas coisas no carro.
– Eu não sei o que fazer, minha filha. – minha mãe me abraçou forte
– Tudo bem mãe. – sorri
Eu a abracei, depois entrei no carro, pedindo para que o Noah saísse dali o mais rápido possível.
Eu poderia descrever tudo o que se passava pela minha cabeça em uma palavra só, nem precisaria de uma folha com 48 linhas, contando com o frente e o verso. Rejeição me definia de todas as maneiras: de baixo para cima, de cima para baixo, do lado pro outro, de frente para trás. Não esperava isso, eu estava preparada para o melhor e não para o pior. Se bem que eu poderia receber uma das duas reações, mas eu não me preparei para o trágico, porque eu conhecia meu pai tão bem e sabia que ele não seria rude, embora toda pessoa não seja sempre igual. Agora era eu, o Noah e esse bebezinho que está por vir.

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97.

– Scarlett narrando –
Noah iria me buscar no colégio, pois de lá nós iríamos falar com os meus pais. Já está fazendo quase um mês que eu descobri que estou grávida, e ainda não havia contado para eles. Eu sabia que meus pais estariam em casa naquele horário, então, era uma boa hora. Meus irmãos já sabiam do acontecido e todos os dois me apoiaram. Tenho toda a certeza do mundo de que se a Sabrina estivesse viva, ela me ajudaria nessa situação, convencendo nossos pais de que aquilo não seria tão ruim.
Lis já havia ido embora, e só estava eu naquele colégio vazio. Esperar não é comigo! Nunca gostei de esperar e deixar os outros esperando, não sei o por que disso, só sei que não gosto e pronto. Noah sabia da minha raiva com quem me deixava esperando, mas mesmo assim ele insistia em fazer isso. Pouco tempo depois, avistei o carro há poucos quilômetros de distância de onde eu estava. Ele estacionou, esperando eu entrar. Claro que eu não ia demonstrar minha raiva pela demora dele, afinal, eu tinha coisas piores pela frente.
– Oi amor. – Noah falou
– Oi, amor. – sorri
Parecia que o caminho até a minha casa fosse o caminho para a minha morte. Nunca me senti tão mal e tão nervosa como hoje. Passei o tempo todo olhando pela janela do carro a paisagem que ali cercava, na busca de uma “fuga” para o meu sofrimento, ou quase isso. Eu posso ter cometido vários erros na minha vida, como: gazear aula, beber escondida, mentir para ir em uma festa etc. Mas nada que envolvesse algo mais sério. Se bem que eu engravidei de alguém que não é tão vagabundo. Noah é um príncipe, e soube assumir seus erros. Coisa que muitos homens de hoje em dia não fazem – se bem que chamar esses filhas da puta de homens não é o correto.
– Não fica assim princesa.
Ele botou a mão dele sobre a minha, fazendo carinho nela. Sorri para ele que logo continuou a dirigir. Ao chegar em casa, encontrei minha mãe e meu pai terminando de almoçar. Noah e eu entramos dentro do apartamento, logo depois Noah sentou-se na poltrona, esperando a conversa começar.
– Temos que conversar com vocês. – falei
A cara dos meus pais já não eram nada boas, como se soubesse que coisa ruim estava por vir. Eles sentaram, um do lado do outro, no sofá onde a poltrona ficava do lado direito. Peguei um banquinho e me sentei ao lado do Noah, segurando sua mão com muita força. Juro que eu não sabia como começar a falar, pois meu nervosismo era imenso, incapacitando o som da minha voz naqueles instantes. Minhas mãos suavam muito, além de sentir um frio na barriga, fora os enjoo que surgiam constantemente. Era agora ou nunca, porque gravidez não dá para se esconder, aliás, dá para disfarçar nos primeiros meses. Meus pis já não aguentava mais tanta enrolação minha, e já estavam ficando agoniados.
– Mãe, pai, eu estou grávida.

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96.

Andei “com estilo” até a secretaria do colégio, eu tinha que pagar novos livros já que os antigos tinham sido perdidos por conta do ovo podre e água. O sinal tocou e eu me dirigi a minha sala. Não escolhi a frente, eu escolhi o centro da sala, pois eu tinha meus motivos. Scarlett ao entrar na sala, me avistou bem no centro e ao meu lado tinha uma cadeira vazia, então, ela sentou-se na mesma. Aos poucos, todas as cadeiras foram ficando preenchidas.
– Bom dia turma. – o professor Gregori entrou na sala
Me virei para pegar o material da matéria dele, era um dos professores que eu mais gostava, além da matéria que ele ensinava que era Química II. Nem tinha percebido que ele já havia começado a chamada. Senti um cutucão da Scarlett, fazendo com que eu olhasse para ela. No começo fiquei sem entender o por que daquele cutucão, mas só então eu me toquei para o que seria.
– A Lis faltou de novo? – professor perguntou
– Ela não faz falta! – Priscilla falou e todo mundo riu
Quando eu ouvi meu nome, meu estômago revirou e senti um choque de adrenalina, sentindo que todo meu sangue fervesse nas minhas veias. A hora é agora Lis Müller! Sua chance de deixar todos de queixos caídos. Respirei bem fundo, me virei para frente, procurei forças e consegui falar.
– Eu estou aqui professor. – levantei o braço
O povo lá da sala é bem discreto, para não dizer ao contrário né. Todos me olhavam com aquela cara de “isso tudo é uma brincadeira”. Não podia deixar escapar a cara de surpresa da Priscilla, além disso, senti um pouco de inveja brilhando nos seus olhos. Sem contar na cara do Cristopher ao saber que a menina que ele conversou no baile era eu. Até o professor ficou perplexo com a minha nova aparência. A aula continuou, mas a atenção não era só no professor que estava escrevendo várias coisas no quadro, e já se deve imaginar onde estava o foco do pessoal... Foi assim nas outras duas aulas antes do intervalo.
– Você conseguiu... – Scarlett riu
– O que? – perguntei
– Toda a atenção da sala.
Caminhamos até o refeitório, onde pegamos nossas comidas e nos sentamos em uma das mesas fora do refeitório. Conversei com ela sobre o Júnior e o Anthony, e a mesma me aconselhou para que eu me decidisse logo, antes que fosse tarde demais.
O restante das aulas foram monótonas, apesar do quase susto que os professores tinha ao me ver. Eu não via a hora de poder sair daquele lugar, ir para a minha casa e deitar na minha deliciosa cama.
– É hoje. – Scarlett suspirou
– Hoje o que? – perguntei sem saber qual era o assunto
– Que nós vamos falar com meus pais. – falou – Medo está me predominando.
– Calma, vai dar tudo certo. – abracei ela

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95.

O resto do meu dia foi entediante, assim como o meu final de semana. Não fiz nada no sábado e muito menos domingo. Acho que estou na TPM, porque eu estou tão triste e minha vontade de viver está igual a um por cento. Meu irmão disse que essa minha “TPM” tinha nome e sobrenome, mas se bem que ele não estava enganado e nem mentindo sobre o assunto. O fato é que eu ainda não tomei minha decisão em relação a ele ou a minha decisão concreta. O Júnior também não saía da minha cabeça. Aqueles carinhos que ele me dava, os nossos beijos, as brincadeiras, tudo fazia com que eu ficasse mal, pois eu sabia que aquilo não iria levar a canto nenhum, a não ser um coração partido e decepcionado. Eu havia rejeitado todas as ligações e mensagens tanto do Júnior como as do Anthony. Queria tempo para pensar, nem que isso custasse muita coisa, ou basicamente tudo que eu tenho.
Acordei na manhã de segunda-feira um pouco mais disposta do que eu estava no final de semana. Olhei para o meu celular, tendo um monte de ligações do Júnior e de um número desconhecido – que pra todos os efeitos, era o Anthony. Fui para o meu banheiro: fiz minhas higienes e tomei um banho bem gelado. Saí enrolada na toalha, indo até meu closet para escolher a roupa que eu iria. Acabei escolhendo um short, uma blusa meio que transparente com um top preto. Coloquei minha gladiadora preta, passei perfume e peguei as minhas coisas.
– Bom dia, irmão.
Noah estava sozinho na mesa, o que era de se estranhar, porque sempre comia todo mundo junto nesse horário da manhã, não importasse os contratempos. Coloquei minha bolsa sobre o sofá da sala, para já eu poder pegar e ir pro colégio.
– Cadê os nossos pais? – perguntei quando me sentando na mesa
– Viajaram ontem à noite, só que você já estava dormindo.
Tomamos café da manhã tranquilamente, e depois eu subi para escovar meus dentes. Acabou que meu irmão foi deixar a Rebecca no colégio e eu fui no meu carro. Cheguei um pouco mais tarde no colégio, faltando apenas poucos minutos para dar o primeiro toque. Consequentemente, estava todo mundo espalhados pelo pátio central, e o pátio dava para fora do colégio, dando a visão dos carros que passavam por ali ou paravam por ali. Parece que tudo estava ao meu favor, pois tinha uma vaga bem de frente. Parei meu carro na vaga e já comecei a sentir olhares sobre a minha pessoa. Em momento algum eu estava nervosa, eu só estava ansiosa para aquela tão esperada hora. Senti várias emoções, entre uma delas era a de felicidade por estar “esfregando” na cara de todos que eu posso ser diferente, que eu posso ser bonita também. Botei minha bolsa no ombro, tirei a chave da ignição e, por fim, desci do carro com um dos meus óculos de sol no rosto.

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94.

Ele não me falou nada sobre pra onde iríamos, e se ele não falou é porque deve ser surpresa. É óbvio! Não trocamos uma palavra, mas também o clima não estava estranho entre nós dois. Paramos em um restaurante na zona “intermediária” da cidade. A decoração era bem aconchegante, as paredes eram decoradas com uns tijolos muito bonitos, as mesas e cadeiras entrava em contraste com todo o ambiente.
– Vai me dizer que isso é seu também? – perguntei
– Não. – riu de leve – É de um conhecido meu.
O garçom nos guiou até uma mesa na qual tinha uma plaquinha de metal com umas letras azuis que dizia: “Mesa reservada”. Então ele já havia planejado tudo, mais que homem eficiente. Júnior, em um ato de educação, puxou a cadeira para que eu sentasse. Naquele momento, me senti naqueles filmes internacionais da antiguidade, onde o homem afasta a cadeira para a moça sentar. O garçom entregou os cardápios e eu comecei a folhear página por página, atrás de algo que fosse gostoso. Só que aqueles nomes eram muito “bonitos”, ficando difícil de entender ou decifrar o que seria. Então, o que o Júnior escolher, eu também escolho. Os pedidos fora feitos depois de uns dez minutos olhando o cardápio.
– Se resolveu com o Anth? – falou depois de dar um gole no seu refrigerante
Sacanagem né? Eu lutando para não lembrar dele ou melhor, tentando esquecer o que ele tinha feito. Aí vem o Júnior, sem nada pra fazer, toca no nome do cristão. Ainda sentia, corrigindo: ainda sinto, algo por ele. Lógico que eu estou com saudades, lógico que eu queria que ele estivesse comigo agora, lógico que eu queria os carinhos dele. Só que não dá pra mim, eu não consigo perdoar, e ainda mais traição. Mas meu irmão me aconselhou, eu tenho que lidar com as pancadas que a vida dá.
– Tinha assunto melhor não? – encarei ele
– Já entendi o recado. – sorriu sem jeito
– É só que... – suspirei – Ainda não me acostumei com isso.
Ele fez sinal com a cabeça como se tivesse entendido que eu havia falado. O nosso pedido chegou, tomando a minha atenção todinha.
– Volta quando pro colégio? – Júnior falou
– Segunda-feira. – falei desanimada
Não é que eu esteja com raiva do Júnior, mas ele poderia ter escolhido um assunto bem melhor do que o bendito Anthony. Terminamos o almoço, Júnior pagou a conta e depois ele foi me deixar em casa, isso mesmo, sem passeio extra. Podemos dizer que não houve mais nenhum papo além de perguntas aleatórias, mas nada além disso. Acho que depois dele ter falado no Anthony o clima meio que mudou entre nós dois. Não o culpo por ter falado sobre esse assunto, mas ele podia ter ao menos evitado ou coisa parecida, mais que não falasse nele. Entendo que o Júnior é melhor amigo dele e tal, só que ele também tem que ver o meu lado.

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93.

Me despi, ficando apenas de lingerie. Preparei um banho morno na minha banheira, que não demorou muita coisa. Tirei a minha lingerie e entrei na banheira, ficando dentro dela até sentir um relaxamento total do meu corpo. Limpei meu rosto com o removedor de maquiagem, escovei meus dentes e coloquei um pijama leve. Só quis saber da minha cama, deitei e não lembro mais de nada.
Quando foi de manhã, fui acordada com meu celular tocando. Como sempre.
– Alô!? – atendi o telefone
– Bom dia, flor do dia.
– Ah, oi Junim.
– Desculpa, acabei te acordando. É porque eu acordei cedo e penso que os outros também acordam cedo.
– Sem problema bebê. Mas o que foi? – bocejei
– Só liguei para saber se você estava bem, e se queria sair comigo.
– Eu estou bem. E sim, eu estou afim de sair com você. Qualquer coisa que me tire desse tédio.
– Mas você não acabou de acordar? – perguntou
– Acordei, mas já estou sentido o tédio.
– Tudo bem! Já, já passo aí.
Desliguei a ligação e vi que já era meio dia e trinta minutos. Me levantei rapidamente, indo direto para o banheiro. Meu cabelo estavam duros por conta do laquê que jogaram no cabelo, para poder ficar com o penteado por mais tempo. Fiz minhas higienes, logo depois tomei um banho só para lavar meus cabelos. Coloquei a primeira roupa que vi, tirei o excesso da água nos fios do cabelo e pronto, eu já estava arrumada. Tirei meu celular do carregador, peguei minha bolsa com os documentos, saí do meu quarto e fechei a porta do mesmo. Recebo uma mensagem do Júnior, dizendo que já estava me esperando do lado mas de fora do condomínio. Meus pais estavam na sala assistindo televisão junto com o casal vinte e minha irmã.
– Como fica lindo a família reunida. – sorri
– Vai sair? – minha mãe perguntou
– Vou almoçar com um amigo meu. – lancei um olhar para a Scarlett que logo entendeu o recado – Tchau gente, até mais tarde.
Peguei as minhas chaves e saí de casa. Hoje estava bastante agitado no condomínio, tinha umas mulheres caminhado pela área de lazer, tinha um grupo de jovens tomando banho na piscina, a sala da sauna estava aberta, além de crianças brincando no parquinho do prédio. Cumprimentei o seu Pedro, o porteiro que é amigo da família. A Hilux branca do Júnior se destacavam entre os outros carros prateados e pretos que tinha pela rua. Ele já deixou a porta aberta, facilitando mais a minha entrada.
– Boa tarde medrosinha. – falou
– Bom dia. – beijei sua bochecha. – Partiu restaurante do Junim.
– Hoje vai ser diferente. – sorriu
– O que? Vai me levar para outro restaurante q

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92.

Bem, eu deixei rolar. Quero ver até onde isso tudo vai dar. Ele colocou suas mãos na minha cintura, fazendo com que nossos corpos ficassem colados, meus dedos ficaram entrelaçados nos seus cabelos. Não importava se estávamos na praia, se estava frio, se podíamos ser assaltados. Ali, era só eu e ele, não tinha mais nenhum meio que pudesse interromper aquele momento.
– Eu não queria que isso acontecesse. – sussurrou
Nós havíamos parado de nos beijar, só estávamos cara a cara, nos olhando intensamente.
– Acabou acontecendo. – sorri
Ele me envolveu sobre seus braços e beijou o topo da minha cabeça. Foi uma maneira de dizer: “Não importa, eu sempre vou estar te protegendo”. Ficamos ali por mais um tempo, e depois retornamos para o carro. O Júnior passou o tempo todo, desde que saímos da praia até a minha casa com a mão sobre a minha. Achar ruim eu não achei, mas foi bastante estranho. Eu não quero usar ele para me vingar do Anthony ou muito menos esquecer o que está acontecendo. Meu medo é de que eu acabe confundindo as coisas ou bem pior, que ele confunda as coisas. Nos despedimos com um selinho rápido, nada de intensificar as coisas.
– Ah, isso aqui é seu. – falei tirando o smoking dos meus ombros
Peguei as minhas sandálias, minha bolsa e saí do carro. O asfalto, cheio de deformidades, dificultava muito as minhas pisadas, mesmo assim eu continuei andando. O Júnior foi embora quando eu realmente havia entrado dentro do condomínio. As lembranças de hoje veio rodeando minha cabeça, isso me tirou alguns sorrisos bobos, parecendo uma adolescente apaixonada. A calçada que dava até minha casa era muito ruim, ficava machucando meus pés, então, optei em ir pela grama. Peguei as chaves de casa, para ficar mais fácil de entrar em casa. Subi os três degraus, abri a porta, entrei dentro de casa, e depois fechei a mesma. Fui na pontinha dos pés, não poderia fazer um mínimo de zoada, mas acabei nem percebendo os detalhes, como a luz da cozinha ligada.
– Muito bonito! – Scarlett debochou
– Vê se não enche! – fiz uma careta – Está melhor?
– Seu irmão me deu um remédio muito bom. – ela soltou um suspirou intenso
– Me poupe dos detalhes sórdidos. – fiz um sinal de pare com as mãos
– Sem enrolação, me conta o que aconteceu.
– Mais tarde... – bocejei
Subi as escadas desfazendo meu cabelo, tirando os grampos que o prendia em um coque. Depois tirei os brincos, pulseiras e colar, deixando tudo na minha mão, pois ficaria mais fácil de me despir. Entrei no meu quarto, fechei a porta e andei até minha escrivaninha, colocando tudo sobre ela menos a sandália.

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91.

Ele havia pegado seu smoking que estava sobre a cadeira e eu peguei minha bolsa. Andamos até o carro em silêncio, afinal, não tinha mais o que conversar, entramos e ele deu a partida no mesmo. Minha barriga estava roncando de fome, eu não havia comido nada durante a festa e se eu não comesse era capaz de eu dar um treco. Já ia dar meia noite e meia, então, não tinha quase nada aberto.
– Quer comer, não é?
O carro parou em uma rua um quanto conhecida, só que eu ainda não havia reconhecido aquele lugar. Ele tirou o sinto de segurança, abriu a porta e desceu do carro. Só então percebi que estávamos no restaurante que a gente sempre comia, que por sinal era o restaurante que ele era o dono. Mas ele não era para já está fechado?
– Ainda está aberto? – falei assim que desci do carro
– Só fecha duas horas da madrugada.
Os funcionários não era os mesmos de quando eu fui nas outras vezes, mas tudo bem. Eu estava com fome, não queria saber quem ia me servir. Eu pedi um macarrão ao molho branco, já o Júnior pediu o de sempre dele. Os pedidos chegaram logo, então, eu devorei tudo de uma vez só. Mas é claro que eu comi com classe e elegância, não podia parecer uma ogra na frente do Júnior, apesar de sermos bastante unidos e depois daquele beijo, não queria passar impressão ruim para ele. Por falar em beijo, não rolou mais nada depois daquele último. Ele não mudou comigo, pois na maioria das vezes que isso acontece entre amigos, acaba ficando um clima muito tenso. Trocamos gargalhadas como de costume e para terminar a noite, fomos dar uma volta na praia.
– Sem loucura hoje? – perguntei rindo
– Não, não vamos ter uma loucura hoje. – riu
A lua cintilava entre as nuvens, o vento soprava frio, me fazendo ter arrepios constantes. Encolhi meus braços sobre meus seios, pressionando bem forte para passar mas o frio, foi então que senti o Júnior colocar o smoking sobre os meus ombros. Agradeci com um sorriso sincero. Ainda continuei de braços cruzados e olhando para o chão.
– Tem hora para chegar em casa? – perguntou
– Tenho hora para chegar em casa não. – sorri
– Ui, até parece de maior.
– E sou! – falei com uma cara óbvia
– Não tem não.
– Qual é. – dei um tapa no seu braço – Acha que eu tenho quantos anos?
– Uns dezesseis!? – sugeriu
– Ah, obrigada. Mas não, eu não tenho dezesseis anos.
– E tem quantos anos? – me olhou
– Fiz dezoito anos.
– Não brinca. E por que você ainda está no colégio?
– Problemas... – entortei a boca
– Desculpa por tocar nesse assunto.
– Não precisa se desculpar, Junim.
Eu fui na intenção de beijar o seu rosto, mas ele resolveu falar comigo bem na hora. Então, nossas boças se encontraram novamente.

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90.

Não sei o motivo pelo qual o Júnior demorou tanto com essas bebidas. Parece que foi fazer os ingredientes que continha na bebida, porque né, demorou muito. Além disso, eu precisava de um motivo para fugir daquele “papo” com o Cristopher, que insistia em fazer amizade comigo.
– Ah, oi amor. – sorri para o Júnior – Está atrapalhando não, ele só veio perguntar se eu era novata.
Vi que a cara do Cristopher havia mudado completamente. Tenho uma ligeira impressão de que ele queria ficar comigo, mas não porque eu era novata e sim bonita. Se conheço bem ele, ele ficaria comigo por conta de beleza, pois tudo dele girava em torno disso. Não é à toa que ele namora com a Priscilla, a garota “perfeita”, que não tem nada de conteúdo apenas um rostinho perfeito. Coitado! Mal sabe ele que eu sou aquela garota que ele sempre esnobava. Ele se levantou, deixando a cadeira vazia para que o Júnior sentasse.
– Que história é essa de amor? – arqueou a sobrancelha
– Lembra do Cristopher?
– Lembro, por quê?
– Aquele garoto que acabou de sair daqui, pois é, era ele. – suspirei – Ele veio atrás de mim só porque queria saber quem seria a “novata” – fiz aspas com a mão
Ele fez a cara de que já tinha entendido tudo. A festa seguiu normal, com várias músicas agitadas fazendo com que o povo fosse todo para a pista. Saí puxando o Júnior para dançar, não fui para aquela festa só pra ficar sentada com uma cara de tacho. Tocou bem umas quatro músicas e eu já estava morrendo de sede. Saímos da pista rindo, por conta de pessoas desengonçadas que mal sabiam dançar. Foi quando eu só senti aquele líquido escorrer por todo o meu vestido.
– Sabe olhar por onde anda não? – falei tentando enxugar meu vestido
– Ah, foi mal novatinha.
Priscilla era irritante demais, até a voz dela me dava abuso. A vontade era de voar no seu pescoço de tanta raiva que eu fiquei. Mas Júnior segurou minha mão suavemente, me deixando mais calma.
– A surpresa vem depois queridinha. – pisquei para ela
Aposto como ela ficou se corroendo por dentro, para saber o que seria essa surpresa. Se não fosse a mão do Júnior, eu já tinha voado no pescoço daquela patricinha. Meu vestido não estava completamente molhado, só a parte dos meus seios até o meio da barriga. Tenho a certeza de que ela fez isso de propósito, pois eu era “carne nova” no pedaço e ela se sentiu ameaçada. Vamos dizer que aquilo foi para mostrar que quem manda é ela.
– Tudo bem? – Júnior perguntou
– Estou Junim, não se preocupe. – sorri – Podemos ir embora?
– A senhorita é quem manda. – falou

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89.

Não faço ideia do que estava rolando, e eu nem queria saber se eu estava errada ou não. Resolvi me entregar, por mais que isso fosse injusto, eu teria que ver o que realmente estava acontecendo comigo naquele momento. Meus braços estavam envoltos no pescoço do Júnior, e os braços do mesmo estavam na minha cintura. Conforme a música foi terminando, o nosso beijo também.
– Está com sede?
Ele perguntou no meu ouvido, já que o som não permitia a possível comunicação entre as pessoas que estavam por ali.
– Estou sim, essa dança me deixou com um pouco de sede. – ri
– Pois eu vou pegar umas bebidas para nós.
Eu acabei voltando para a mesa, que agora estava vazia. Não existia sinal algum da Scarlett com meu irmão. Segurei meu vestido, para facilitar mais meu andado até a mesa, que estava próxima da pista. Sentei em uma das cadeiras, olhei por cima da mesa na procura de algum indício de ter tido gente aqui recentemente, ou de que aquela era mesa correta e, só então, encontrei umum guardanapo dobrado com meu nome em cima. Ele estava por debaixo da minha bolsa, quase que não dava para ser visto.
“Amiga, passei mal. Você sabe o motivo disso, então, o Noah quis logo vir embora. Me conte sobre o beijo quando chegar em casa. Sua amiga, Scarlett.”
A caligrafia que podia ser reconhecida a qualquer momento, tinha sido às pressas pois não tinha aquela forma arredondada que só a Scarlett sabe fazer. Guardei o guardanapo dentro da bolsa, voltando a ficar sem fazer nada. O Júnior estava demorando para pegar as bebidas, coisa que nem demoraria muito.
– Novata?
Ouvir aquela palavra, vindo da pessoa que eu menos esperava para falar. Aquela voz era reconhecível até com tempos afastados. Cristopher usava um smoking cinza com uma gravata preta, que combinava com seu sapato social bico quadrado. Eu não sabia o que fazer, porque o plano era de que as pessoas não se aproximassem muito de mim a ponto de saber se eu era novata ou não. E agora, o que eu faço? Devo agir naturalmente, como se eu fosse uma novata? Ah meu Deus, não sei o que fazer. Acho que vou arriscar.
– Sou, por quê? – perguntei
– Por nada. – ele se sentou na cadeira de frente pra mim – É porque eu nunca havia te visto no colégio.
– Pois é, fui matriculada essa semana e me avisaram que teriam um baile para os alunos. – fui simpática
– Todo ano eles fazem. É tipo para não dizer que essa escola é monótona demais.
Cristopher Sykes está puxando papo comigo? Na real, ele nem sabia que eu era a Lis que ele sempre olhava de lado. Acho que nem passar pela cabeça dele, isso passou. Só quero ver a surpresa dele quando souber que a garota que ele conversou era a horrível Lis.
– Estou atrapalhando? – Júnior falou

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88.

Eu não sei ao certo o que estava sentindo naquele momento. Não sei explicar o que de fato se passava na minha cabeça e principalmente no meu coração.
– Bem... – dei um profundo suspiro – Vamos ver se estou preparada.
Juro que se não tivesse tanto barulho naquele ambiente, seria possível ouvir os meus batimentos cardíacos. Ao chegarmos mais perto da porta, dois seguranças abriram as enormes portas de metal. Acho que não foi só impressão minha, mas realmente quase todos estavam olhando na minha direção após as portas terem sido fechadas. Vi Scarlett sentada em uma das mesas, trocamos um aceno com a cabeça e depois um sorriso de diversão. Nos aproximamos da mesma onde ela e meu irmão estava, onde SÓ o Júnior cumprimentou os dois. O combinado entre nos quatro foi de que o Júnior já conhecesse o Noah e a Scarlett, eu só seria uma “intrusa” ali. A galera quase que não parava de olhar para nós, especificamente para mim. Ficamos conversando coisas aleatórias, mas que nada entregasse que ali era eu. Começou a tocar a música All of the Stars do Ed Sheeran, que era aquelas bem lenta e dava até vontade de dançar juntinho com alguém.
– Quer dançar? – Júnior estendeu a mão
– Não precisa nem perguntar. – sorri
Coloquei minha mão sobre a do Júnior e ele me guiou até o meio do ginásio. Reparei na decoração daquele baile. Tinha uma enorme mesa, coberta por um pano azul com branco, onde tinha algumas bebidas – sem álcool, é claro, pois segundo os organizadores, nós ainda éramos “adolescentes” –, e algumas comidas. Havia uns balões azuis por quase todo o ginásio, uns panos também azul estavam rodeando a maioria dos cantos dali. Um globo de luz estava rodando sobre a pista de dança improvisada, onde vários alunos e professores estavam usufruindo dela. A música era agradável e simplesmente linda, ela é uma das primeiras músicas da minha playlist no celular. Tudo parecia normal, do jeito que eu planejei. Mas a única coisa que eu não cogitaria em momento algum, acabou acontecendo. A parte da música na qual estava passando era essa “I looked across and fell in love” que significa “Olhei e me apaixonei”. Foi exatamente na hora em que as mãos de Júnior estava nas laterais do meu rosto, seus olhos eram fixos nos meus e por um instante tive que desviar o olhar, pois estavam tão intensos que me deixaram um pouco tonta. Depois disso não lembro o que aconteceu, só sei que minha boca estava colada na dele e de uma maneira calma e lenta, nossas línguas se encontravam. O mundo, para mim, havia parado por completo. Só existia eu e ele, nada além do que nós dois naquele enorme ginásio de colégio. Isso nunca tinha acontecido comigo. Do que eu estou falando? Desse sentimento que está despertando, não é um sentimento qualquer, é uma coisa tão inexplicável. Sei lá. Não fiz isso porque eu estava com raiva do Anthony e que queria me vingar, apenas as coisas foram acontecendo.

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87.

Eu não costumava me ver daquele jeito que eu me vi no espelho do salão. Eu realmente estava irreconhecível, ninguém poderia dizer que eu sou aquela Lis antiga, que era a pessoa mais horrível entre outras na face da Terra. Parabéns para mim, que quis passar por tudo que eu passei, só para mostrar que nem tudo é beleza.
Saímos do salão, indo diretamente pra casa. Quando havíamos chegado em casa, recebo um telefonema de um número desconhecido. Bom, não sabia quem era e eu não iria adivinhar quem seria, a não ser que eu atendesse para que pudesse descobrir.
– Alô!? – tentei um som pois eu só ouvia uma respiração meio que alterada
– Eu preciso que me escute. Apenas isso.
– Anthony, eu ainda não me recuperei e só depois vamos conversar. Até lá, não me procure mais.
Desliguei a ligação sem ao menos deixar ele responder. A Scarlett me olhou com uma cara de: “Ele ainda te perturba?”. Fazer o que, ela sabe o irmão que tem e sabe muito bem do que ele seria capaz. Não culpo ela por ter um irmão que não tem um pingo de consideração.
(...)
Já estávamos prontas. Scarlett usava um vestido azul marinho todo rendado nas costas. Meu irmão usava um smoking branco com uma gravata azul, da mesma cor do vestido da Scarlett. O seu Alfredo emprestou o carro para o Noah, no qual isso é bastante raro de acontecer. Eu esperava super ansiosamente pelo Júnior, pois eu queria chegar o mais rápido possível no colégio. Por fim, ele chegou em uma Ferrari preta com os vidros bem escuros. Júnior desceu do carro em um modo elegante, encantador e tão perfeito. Ele usava o que eu havia pedido: smoking preto e uma rosa vermelha que combinava com o vestido em que eu estava usando.
– Você está muito linda. – passou os dedos entre os cabelos claros e mordeu o lábio inferior
Comecei a sentir um fogo nas minhas bochechas, logo ficando nítido a minha cara envergonhada por aquele elogio. Como ato de um cavalheiro: abriu a porta do passageiro para mim e me ajudou a entrar dentro do carro. Não demorou muito, mas com o meu nervosismo, parecia que tinha sido horas para chegar naquele bendito colégio. O estacionamento estava repleto de diferentes carros importados ou até mesmo carros daqui, foi difícil de achar uma vaga. Só não comecei a roer as unhas porque estavam perfeitas e muito bem tratadas, se não fosse por isso, elas estavam bem pequenas. Ele estacionou o carro um pouco longe da entrada, saímos do carro e ele deu o braço para que eu me apoiasse. Como de costume, sempre acontecia no ginásio, porque era o lugar onde cabia mais gente, só que sempre tinha gente que dava aquela escapada. Ao chegar naquelas portas enormes de metal, minhas mãos começaram a suar e o nervosismo estava a flor da pele.
– Está preparada?

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86.

– Dias depois –
Passaram-se três dias e eu ainda não tive nenhum contato com o Anthony. Ainda não sei por qual motivo ainda eu toco no nome dele. Vamos deixar para lá, porque hoje é um dia muito importante, pois é hoje que vou aparecer para o povinho daquele meu colégio. EU ESTOU MUITO FELIZ! Scarlett e eu já havíamos planejado tudo pra hoje, quando eu falo tudo, é tudo mesmo. Ficou combinado de que eu não falaria meu nome de maneira alguma, mas também nem precisava, pois eles não chamavam seu nome ou coisa assim. Eu seria a garota misteriosa, ou mais conhecida como aluna novata. Só iria ser revelado que era eu na segunda-feira, no horário de aula. Até lá, todos iam ficar na curiosidade para saber quem seria a tal garota novata. Não vejo a hora de esfregar na cara de todos os que me esnobaram que o mundo da grandes voltas, que nem toda vez você vai estar no topo de tudo.
Minha mãe havia marcado um horário no salão de beleza, para mim e para a Scarlett, bem próximo lá de casa. A Scarlett iria se arrumar lá em casa, já que seu acompanhante seria meu irmão. Que é óbvio! Como a festa começava às nove horas, minha mãe marcou para cinco horas da tarde, pois ficava mais próximo do horário do baile. Além de se arrumar lá em casa, Scarlett dormiria lá também, acho que é para ficar mais tempo com o Noah – acho não, tenho certeza disso. Já ia dar quatro horas e a Scarlett não havia saído do quarto do meu irmão.
– Scarlett! – bati na porta várias vezes – Scarlett, vamos logo. Se não, a gente vai perder o horário do salão.
Ela apareceu com um vestido preto básico, e arrumava os cabelos em um rabo de cavalo. Da porta dava para ver meu irmão deitado sobre a cama e enrolado com um edredom azul claro. Peguei as chaves do carro, minha bolsa, meu celular e só então fomos para o cabeleireiro. Ainda bem que chegamos, mas foi quase que atrasadas. Sentamos nas cadeiras vagas, que davam para enormes espelhos com luzes ao redor, como se fosse uma penteadeira. Logo quatro mulheres veio até mim e a Scarlett, para fazer as unhas das mãos e dos pés. Puxa o cabelo, corta umas pontinhas duplas, tira as cutículas das unhas, serra as unhas dos pés... Depois apareceu mais uma pessoa, que era um homem, para começar a fazer uma maquiagem perfeita. Ele esfoliou meu rosto, limpou os poros com uma loção tônica específica e aplicou um creme para não danificar a pele do meu rosto. Terminamos por volta das sete horas e vinte minutos da noite, mas quando eu digo que terminamos, eu estou falando dos cabelos, das unhas e da maquiagem. Agora só faltava sandálias e o vestido longo que eu escolhi para ir à festa de premiação do meu pai, mas serviu direitinho para eu ir ao baile do colégio.

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85.

Eu, em hipótese alguma, poderia ir para aquele baile sem nenhum acompanhante. Como minha primeira opção estava totalmente fora da lista, só restou eu chamar o Júnior.
“Tudo que você quiser.” – respondeu rapidamente
“Quero você de smoking preto, com uma rosa vermelha no bolso. Pode ser?”
“Pode sim.” – falou
“Esteja assim nesta sexta-feira às nove horas em ponto, aqui no portão do meu condomínio. Sem nenhuma pergunta!” – mandei e depois bloqueei meu celular
Saí do quarto, fui até a cozinha, onde montei um lanchinho só para enganar o estômago. Não podia ficar sem comer, por conta da minha dieta e também do meu problema de ferro – que me fez ficar internada por alguns dias. O interfone tocou quando eu colocava as coisas dentro da geladeira.
– Pois não. – atendi
– Senhorita Lis, tem um homem aqui. Ele disse que a conhecia. – Pedro, o porteiro, havia falado
– Qual o nome dele? – perguntei
– Anthony.
– Ele está proibido de entrar aqui. Ouviu seu Pedro. Proibido! – ordenei
– Tudo bem, senhorita Lis.
A vontade era de quebrar o interfone naquele momento. Eu não queria ver ele, nem ouvir a voz do mesmo. Anthony teria que esperar a “poeira baixar” para poder voltar a falar comigo e só então eu decido se continuo com ele ou não. Até lá, ele teria que lidar com meu silêncio profundo. Limpei a cozinha, logo depois ouvi a porta de entrada sendo aberta. Saí da cozinha, com um pano na mão, para ver quem era.
– Oi maninha. – Noah falou
Ele afrouxava a gravata e abria o primeiro botão da sua blusa social, enquanto colocava a sua mochila – é mochila mesmo, porque ele nunca gostou daquelas pastas, que segundo ele “isso é coisa para gente velha” – sobre o sofá da sala. Um alívio enorme atravessou por todos os meus membros, pois eu precisava chorar e não queria que meus pais visse uma cena daquelas. Me joguei nos braços de Noah, que não teve reação a não ser retribuir o meu abraço. Minhas lágrimas estavam encharcando o paletó dele.
– Que foi que aconteceu? – perguntou
Ele passava os dedos sobre os fios do meu cabelo, como se estivesse penteando os mesmos.
– Eu ainda continuo frágil, continuo a mesma. – os soluços mal deixava eu falar – Acho que essa mudança só serviu para mudar o lado de fora, porque o lado de dentro não mudou nem um terço.
– Não importa o que aconteceu, ok? Você tem que ser forte, tem que aprender a lidar com as pancadas da vida. – ele beijou o topo da minha cabeça
– É. – suspirei forte – Eu tenho que começar a aprender a viver essa vida mais difícil.
– Não esqueça, eu sempre vou estar aqui para lhe ajudar ou então, para matar o filho da puta que fizer algo de ruim com você. – ele sorriu

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84.

O almoço foi a parte mais agradável do meu dia, pois o Júnior conseguia me fazer rir até de uma queda da mulher que caminhava na orla. Estava voltando para casa quando meu celular apitou – é, eu havia ligado meu celular novamente.
“Amigaaaaaaa” – Scarlett havia mandado
“Oi amiga. O que foi?” – respondi depressa
“Baile do colégio, sexta-feira às nove horas. Todos os alunos vão, sua oportunidade é agora.” – mandou com vários emoticons diferentes
“Vamos devagar! Que história é essa?” – enviei
“Tu sabe que o colégio promove esses negócios de baile uma vez por ano. O nosso vai acontecer nessa sexta-feira, às nove horas e é para levar um acompanhante. Vão todos os alunos, principalmente sua inimiga. Ótima oportunidade!.” – ela parecia uma desesperada
“Ainda bem que eu comprei um vestido, parecia que eu estava adivinhando.”
Respondi, depois eu resolvi deixar o celular em cima do banco, pois tinha que dirigir e não dava para fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Droga! Eu não tenho um acompanhante para ir comigo. O único que ainda podia ir comigo era o Anthony, mas depois de hoje, ele está fora de cogitação. Tudo me leva a ele, não importa o assunto ou o lugar, tudo me faz lembrar dele. Acho que sofro precocemente, porque a gente não teve muitos momentos, nem era namorados. Eu vou é me divertir, não sei onde eu estava com a cabeça para poder aceitar essa loucura de ficar sério com alguém. Estou percebendo que isso só me trouxe muitos prejuízos e danos para a minha vida.
Cheguei em casa e Edna estava trazendo um vestido na cruzeta e coberto por um plástico preto.
– Esse é o seu... – Edna começou a falar
– É o meu vestido, Ed. – interrompi – Pode deixar que eu levo.
Peguei a cruzeta com dificuldade já que eu tinha sacolas sobre meu braço. Subi as escadas, indo para o meu quarto. Era quatro horas e vinte e cinco minutos quando eu botei todas as sacolas sobre a cama e o vestido dentro do meu closet. Fiquei conversando com a Scarlett. Contei para ela sobre o que eu vi hoje pela parte da manhã, a mesma queria enforcar o próprio irmão por conta disso, mas eu disse que não precisava disso. Vou ignorá-lo até eu sentir pronta para enfrentar ele, ficar cara a cara e esperar ele me contar milhares de mentiras. Já tinha desfeito todas as sacolas das compras feitas hoje lá no shopping. Comprei tanta roupa e acessórios lindos, sem contar no vestido – que eu ia usar na festa do meu pai, mas vou usar para ir ao baile do colégio. Eu não tinha condições para trazer o vestido, então, pedi para virem deixar na minha casa, já que a dona da loja era super amiga da minha mãe. Se fosse naqueles filmes infantis, uma luz já haveria acendido sobre a minha cabeça, só para dizer que tive uma ideia.
“Eu tenho um pedido para fazer.” – enviei

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83.

– Se era assim, por qual motivo ele não me falou? Por que ele não abriu o jogo e me contou tudo? Assim diminuiria mais a dor.
– Pelo que sei, eles já havia parado com esse namoro há muito tempo. Mas sempre que ela liga pedindo, ou melhor, insistindo pra voltar, ele acaba voltando, que nem um cachorrinho. Só que ela sempre usava a Luna como desculpa. Aí, eles nunca se resolviam, ficava nesse “ioiô” direto. – ele fez aspas com as mãos
– Eu só quero entender o motivo pelo qual ele me enganou. – já estava falando entre soluços
– Vai ver ele não sabia que isso iria acontecer...
Ele se levantou, indo até um porta guardanapo que tinha na parede da cozinha próximo do fogão.
– Isso não é desculpa Júnior. – limpei meu nariz com um guardanapo que ele tinha me entregado – Num tem desculpa para o que ele acabou de fazer, aliás, nunca vai ter.
Júnior me puxou para o meio dos seus braços, que estavam cobertos por uma blusa social com tecido fino de cor vermelho vinho. Estou começando achar que eu interrompi o momento de trabalho dele, eu sempre faço isso. Que lindo Lis! Que lindo! Só que o meu coração estava bastante magoado, eu estava bastante decepcionada, meu psicológico estava bastante destruído. Eu estava só os caquinhos de vidro, nem conseguia juntar meus pedaços. Eu precisava de ajudar, precisava de alguém para me aconselhar nesse momento e a única pessoa é o Júnior.
– Eu te interrompi, não foi? – falei passando a mão no meu rosto, limpando as lágrimas
– Você nunca vai me interromper, meu amor.
– Como? – me afastei dele
– Nada. – sorriu sem graça
Ele levantou, fazendo com que eu meio que caísse em cima do sofá. Ele tirou o celular do bolso e discou um número, depois levou o mesmo para o ouvido e começou a falar várias coisas. Eu não sabia o que ele estava falando e nem queria saber, pois os assuntos dele não me interessavam. Não demorou muito para ele terminar a ligação e guardar o celular no bolso da calça jeans azul marinho. Meu celular começou a tocar, e mais uma vez era ele.
– Não quer resolver isso?
Júnior apontou para o meu celular que não parava de tocar sobre a mesinha de centro. Isso é peso na consciência, e deve ser muito peso mesmo.
– Resolver o que? – encarei ele – Eu não quero ficar no meio de nada não. Não vou voltar para ele, sabendo que sempre vai ter uma ex-namorada pedindo para voltar.
Quando o celular parou de tocar, desliguei o mesmo e o joguei no sofá. Eu queria me distrair, tudo que me tirasse atenção naquele momento estava valendo. Eu precisava tirar o Anthony da minha cabeça, nem que eu cometesse a pior besteira.
– Quer comer alguma coisa? – perguntou
– Se for naquele seu restaurante, pode ser. – sorri
– Era para lá mesmo que eu estava pensando.
Mas antes de sair, passei no banheiro para lavar meu rosto, só para tirar mais a expressão de quem havia chorado bastante. Cada um foi no seu carro, porque de lá eu voltaria para casa.

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82.

– O que foi Lis? – ele perguntou, mas eu só conseguia chorar – Me fala Lis.
– Eu preciso te encontrar. Agora, dá um jeito de ir para o endereço que vou te mandar por mensagem.
Desliguei antes que ele se pronunciasse, pois eu sabia que as interrogações viriam automaticamente. Mandei o endereço da casa de praia do meu irmão, já que eu sabia que era o canto “mais adequado” para conversar e chorar bem muito. Meu celular tocou umas dez vezes seguida, tudo da mesma pessoa. Anthony Jonhson. Ignorei todas elas, não queria ouvir sua voz, nem para pedir perdão.
Retornei para a casa do meu irmão, onde o Júnior já me esperava encostado na sua Hilux branca. Parei o carro, saindo e ligando o alarme do mesmo. Corri ao encontro dele, que estava de braços abertos. Parecia que ele já sabia que eu necessitava daqueles braços fortes me envolvendo, me passando toda paz e tranquilidade do mundo. Ele beijou o topo da minha cabeça logo depois de ter me abraçado bem forte.
– O que foi pequena?
– Vamos entrar primeiro. – sugeri
Andamos lado a lado, chegando na porta da frente do mesmo jeito. Coloquei as chaves e girei a maçaneta da porta, entrando dentro da casa depois. Esperei o Júnior entrar para poder fechar a porta, assim que ele entrou, eu bati a porta com um pouco de força – das quais eu não sei da onde surgiu.
– Pode me contar agora?
Havíamos nos sentado um de frente para o outro no sofá acolchoado da sala de estar. Se bem que meus soluços havia parado e as lágrimas cessaram naquele momento.
– Bom, eu vi o... o... – na hora eu não sabia nem como falar o nome dele, mas respirei fundo e arranjei forças para poder falar – Eu vi o Anthony e outra mulher, se beijando na praça de alimentação do shopping. Como se fossem namorados.
Só em lembrar da cena, meus olhos ficavam úmidos automaticamente. A cara de Júnior se manteve instável, não mudou de expressão, não demonstrou surpresa e nem espanto. O que me deixou bastante agoniada por aquilo estar acontecendo.
– Não esperava que ele ainda estivesse com ela.
– Como assim? – franzi o cenho
– Aquela suposta mulher, que você viu com ele, é a mãe da filha dele. – respondeu
– Quer dizer que aquela mulher que eu vi, era a mãe da Luna?
Ele apenas afirmou positivo com a cabeça. Lógico que o Júnior não iria inventar essa história, porque ele era o “melhor amigo” dele e é óbvio que ele sabe de tudo o que se passa com Anthony. Ouvir aquelas palavras foi umas das piores que já me disseram em toda a minha vida. Vamos dizer que essa frase se encaixa nas frases horríveis que são ditas para mim.
– Então esse tempo todo eu fui enganada?
– Não é que você tenha sido enganada todo esse tempo, Lih. – suspirou – É uma história bastante complicada, até difícil de se entender.

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81.

No instante em que eu voltei para a realidade, que eu percebi que aquilo era real, foi no exato momento que ele parou de dar um beijo nela. Não era aquele beijo simples, que você dar só porque quis dar. Tinha um afeto, um pouco de carinho, mesmo ele dizendo aquelas palavras para mim. Se é que era tudo verdade. Anthony limpava os lábios com a mão esquerda, e com a mão direita acariciava a mão da mulher que estava na sua frente. O olhar dele percorreu toda a extensão do local, em procura de alguma coisa, mas acabou encontrando os meus olhos de decepção. Só isso definia aquele momento. Decepção.
– LIS! – ele me olhou com cara de espanto
Eu me virei, e saí andando tranquilamente, fingindo que não vi nada. Qualquer coisa, podia ser qualquer coisa, mas menos traição. Não podíamos ter aquele relacionamento, mas se ele estava ficando comigo, é só para ele ficar comigo. Escutei passos atrás de mim, como se ele estivesse me seguindo, logo depois senti o peso da sua mão sobre meu braço, fazendo que eu parasse bem rápido.
– Me solta Anthony! – falei grossa
– Você tem que me escutar.
– Escutar o que? Que aquilo que eu vi foi encenação ou que aquilo não era você? Me poupe Anthony, eu não sou tão burra assim. – eu estava séria e o olhava fixamente – Nada do que você me falar vai adiantar, porque eu vi tudo.
Puxei meu braço com mais força, fazendo com que a sua mão soltasse o mesmo. Ele me olhava de um jeito tão inexplicável, de uma maneira que dava a entender como arrependimento do que havia feito. Não sei o que se passava na cabeça dele, mas acho que ele não queria que eu visse e nem soubesse do seu “caso secreto”. Comecei a andar, em direção a saída daquele shopping, eu precisava ficar sozinha. Só que antes de sair, eu tinha que finalizar aquela situação e eu não gostava nem de falar as coisas.
– Ah. – me virei para ele de novo – Eu esperava tudo, de todo mundo, menos de você.
Foi só o que eu consegui pronunciar naqueles instantes antes que eu voltasse a andar em direção às escadas rolantes. Sem ao menos olhar para trás e muito menos me arrepender do que eu tinha falado, segui meu rumo, que era fugir daquele lugar. Eu praticamente corri até o meu carro, que para mim parecia muito distante. Joguei todas as sacolas dentro do porta-malas, entrando dentro do meu carro, sem forças para fazer nada. Encostei minha cabeça no volante do carro, despejando para fora toda aquela dor, aquela raiva. Tudo aquilo se tornou lágrimas, ou melhor, um rio com águas tristes. Meus soluços eram incansavelmente altos, minha cabeça latejava, meu corpo se contorcia. Me debati na direção do carro, dando porradas seguras e bem fortes. Peguei meu celular, ainda tremendo, digitei o número do Júnior. Liguei uma, duas, três, quatro vezes e só dava caixa postal. Tentei pela última vez, foi então que eu consegui.
– Júnior? – falei entre soluços

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80.

Não tinha quase nada na geladeira, mas também é de se esperar, porque Noah mal vem para cá. Só que isso mudaria, já que ele pretendia vir morar aqui com a Scarlett e criar o filho deles nessa casa. Achei essa ideia uma maravilha, pois eles deveriam arcar com essas consequências e se eu estou percebendo, eles estão conseguindo seguir em frente, sem nenhum problema.
Subi para o andar de cima, para ver se a casa estava realmente em ordem. Olhei o primeiro quarto, normal. Olhei para o segundo quarto, também normal. No terceiro, que era o de Noah, estava uma reviravolta. Então, logo deduzi que eles dois haviam estado ali recentemente. Ajeitei a cama, colocando os travesseiros no lugar e a colcha por cima. Fiquei fazendo hora na sala de estar, até dar dez horas da manhã. Isso estava me deixando em um tédio profundo, eu queria que chegasse logo o horário.
“Vamos falar com os meus pais hoje.” – recebi uma mensagem da Scarlett
“Nervosa?” – respondi
“Com muita amiga, reza por mim. Tenho medo da reação deles.” – mandou
“Vai dar tudo certo, pode ter certeza disso.” – falei
Olhei para o relógio do celular e já passava das dez horas, ainda bem. Calcei as sandálias, peguei a minha bolsa, abri a porta e fechei a mesma, trancando logo em seguida. Desliguei o alarme do carro, entrei no mesmo, dando partida logo depois. Antes de tudo, passei no banco, para ver se meu cartão ainda estava funcionando corretamente. Ao chegar no shopping, ia dar umas onze horas, pois eu havia demorado um pouco no banco. Caminhei pelos corredores de diferentes lojas, cada uma com roupas lindas e tudo importada, o que tornava tudo mais desejado pelas mulheres da cidade. Entrei em uma que era de moda praia, totalmente moderna e que tinha cada peça linda. Peguei várias e várias, experimentando cada uma. Fiquei com três modelos diferentes, umas duas saídas de banho, óculos de sol e um chapéu. Fui para a loja do lado, onde tinha roupas para sair e até de festas. Aproveitei para escolher um para ir a premiação da empresa do meu pai, que seria no final desse mês.
Terminei tudo por volta das uma da tarde, e estava morrendo de fome. Eu estava com milhares de sacolas, o que me fazia andar mais devagar, quase que parando. A praça de alimentação não estava tão lotada, tinha algumas pessoas aqui e acolá, mas anda de aglomeração. Dobrei em uma curva que dava a um restaurante, que segundo meu pai, era o melhor daquele shopping. Só que eu vi uma cena, mas não é aquela cena comum que se ver todo dia. Subitamente eu parei, dando passos para trás, quase que tropeçando nos meus próprios pés. Senti meu estômago virar, e um misto de emoções me invadiu naquele momento. Eu não tinha nenhuma reação, apenas ficar parada em choque.

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79.

Acordei um pouco atordoada, acho que foi por conta do meu celular que não parava de tocar. Não sei pra que eu fui inventar de ter um negócio desses, só está trazendo prejuízos para mim. Passei a mão pelo criado-mudo, na procura do meu celular, quando achei, ele já havia parado de tocar. Tinha três ligações e tudo da mesma pessoa: Anthony. Além das chamadas perdidas dele, tinha uma mensagem no WhatsApp.
“Eu estou começando a achar que você não quer mais me ver. Começando a ficar com muitas saudades.” – ele mandou com vários emoticons
Sorri só de ver aquela mensagem, eu também estava com saudades.
“Oh amor, não diz isso, eu também estou com saudades. Quando a gente vai se ver?” – respondi
Deixei o celular sobre a cama, me levantei com uma ótima disposição, mas eu não posso nem fazer exercícios. Que tédio! Fui para o banheiro, onde fiz minhas higienes matinais e tomei um banho bem geladinho. Troquei de roupa e desci para tomar café da manhã junto com a família, já que ainda era cedo. Estavam todos na mesa, aproveitei para me juntar a eles e fazer aquela refeição em família. O clima sempre é agradável quando estamos juntos, não existia mal-humor e muito menos confusão, apenas risadas e brincadeiras. Papai pediu para que eu deixasse a Rebecca no colégio, pois tanto ele como o Noah iriam para uma importante reunião às oito horas em ponto. Meu pai nunca foi de atrasos, então, tudo dele era no horário certo, nada de minuto a mais e minuto a menos. Terminamos e eu esperei a Rebecca ajeitar suas coisas, que nem demorou muito. Fomos até a garagem, onde eu peguei meu carro e dei partida para a direção leste do condomínio. Acho que que a minha irmão ainda não se acostumou com a ideia da minha mudança repentina, a prova disso são os olhares de surpresa que não saíam um minuto de mim. Ainda era oito horas quando eu deixei minha irmã no colégio dela, eu nem queria voltar para casa tão cedo assim e ainda sabia que o shopping só abriria depois das dez da manhã. Decidi ir para a casa de praia do Noah, que ele havia ganhado de presente do nosso pai quando passou na faculdade. Dei meia volta, pegando a avenida principal da praia, dirigi até o final da orla chegando à casa em poucos minutos. Estacionei rente à calçada, tirei a chave da ignição, peguei a minha bolsa com meu celular e saí do carro, travando o mesmo quando estava subindo o calçamento. Procurei as chaves dentro da minha bolsa, revirei ela todinha até encontrar um par de chaves extra que Noah me deu. Destranquei a porta da frente, entrei dentro da casa e aparentemente estava tudo organizado, apenas as almofadas da sala não ficavam no lugar de sempre, elas agora ficava sobre a mesinha de centro. Deve ter sido o Noah, quando trouxe a Scarlett para cá. Joguei a minha bolsa sobre a poltrona, tirando minhas sandálias e indo até a cozinha.

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78.

Após aquele ato de “loucura”, saímos da água e sentamos na areia da praia. O vento frio fazia com que eu me arrepiasse ainda mais. Me encolhi entre meus braços, passando a mão sobre eles para que eu pudesse me esquentar. Ao ver meu estado, Júnior se aproximou mais de mim, me abraçando de lado. Encostei minha cabeça sobre aquele peitoral bem definido, sem nenhuma imperfeição. O frio não diminuiu, mas em compensação, melhorou bem muito. Apreciamos o mar por um bom tempo, até ficar mais enxutos, para poder colocar as nossas roupas e ir para o carro. Andamos até onde o Júnior estacionou, que não estava muito distante de onde nós tomamos banho.
– Gostei de hoje. – falei enquanto colocava o sinto
– É, foi super diferente.
Ele ligou o carro, e começou a dirigir. O silêncio não era tão comum quando eu estava com o Júnior, pois sempre tinha palhaçadas ou histórias de quando ele ficava bêbado nas festas. É cada uma, que eu prefiro nem comentar sobre isso. Ele me deixou em casa sã e salva.
– Tchau, senhorita Müller. – falou ao estacionar o carro
– Deixa de besteira! – dei um tapa no seu braço
Nos despedimos como sempre fazemos, desci do carro e andei até a guarita. Peguei minha chave e abri o portão, e o porteiro era desconhecido, mas mesmo assim cumprimentei ele, só para ser educada. Meu cabelo ainda estava molhado, meu corpo estava preguento por conta da água do mar e a minha maquiagem já tinha sido totalmente desfeita. Aquele condomínio à noite era muito esquisito, só existia as luzes dos postes que decoravam aquele ambiente. Olhei no visor do meu celular, e já era dez horas e quarenta e cinco minutos. Abri a porta de casa, e tudo estava tão silencioso. Sinal de que todos estavam dormindo, ou então não tinha ninguém em casa. Deixei as chaves na mesinha, subindo para o meu quarto logo em seguida. Precisava apenas deitar na cama e dormir até amanhã. Fechei e tranquei a porta do meu quarto, joguei minha bolsa em cima da minha escrivaninha, coloquei meu celular sobre a cama e fui até o banheiro. Escovei meus dentes, penteei meu cabelo que estava mais seco, e lavei meu rosto. Foi quando eu ouvi meu celular apitar. Andei até a cama e peguei para ver quem era.
“A medrosinha gostou do programa de hoje?” – Júnior mandou com vários emotions rindo
“Não gostei desse apelido!” – mandei um emotion com raiva – “Mas eu gostei de ter saído com você, me divirto sempre.”
“Então, saímos uma vez por semana. Só para manter as boas vibrações.” – respondeu
“Ótima ideia Junim!” – mandei – “Vou dormir, esse passeio me deixou exausta. Beijo. Boa noite e dorme bem.”
Tirei minhas sandálias, coloquei meu celular e meus brincos em cima do criado mudo e deitei na cama, jogando um edredom em cima de mim.

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