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29 de janeiro - Dia da Visibilidade Trans.
Eu sei o que muitos pensam sobre hoje. Como se existir essa data fosse como jogar um dia do ano fora. Nem todos falam o que realmente pensam porque seriam processados e presos (quando a lei é justa, mas conosco a justiça é (quase) sempre apagada). Já outros não sentem medo de apagar a existência de uma vida trans, então, porquê teriam receio de desmerecer esta data, não é mesmo?
Falo isso porque muitos não convivem com pessoas T e não sabem ou não procuram saber porque é importante para nós termos esse espaço. Uns dirão que somos “poucos, escassos e invisíveis” no cotidiano, por isso, “não sabem como tratar pessoas como vocês”. Somos poucos porque somos marginalizados. Somos escassos porque somos m*rt*s a cada dia. Somos invisíveis aos olhos porque ninguém nos dá oportunidades. E, mesmo que queiram apagar a importância do dia 29, não será um dia que fará a diferença em nossas vidas. Continuam nos m*tand*, continuam somando número de m*rt*s de travestis e transgêneros e nada mudará ao celebrarmos uma data que, na verdade, não há nada para celebrar.
Esse é um momento de reflexão, de justiça por direitos, pela defesa da vida, da dignidade e luta para conseguirmos ocupar lugares onde não nos querem.
Já escutei absurdos de todos os tipos de pessoas. Do pobre, do rico, do branco, do preto, de mulheres, de homens e, por vezes, eu e outros dos meus também já se sentiram só em meio a própria sigla. A solidão parece que vem junto conosco quando aceitamos quem somos, não nos escondemos e expomos o nosso verdadeiro eu. Rede de apoio? Mal sabemos o que é isso. O que ocorre sempre, com muitos da letra T, é uma vida fadada a sacrifícios por dignidade, é lutar sozinho contra 5, 10, 20, 30 ou muito mais, só para usar um banheiro, para comer em um restaurante, ganhar uma vaga de emprego ou apenas para defender a nossa identidade. Poucos estarão ao nosso lado e, não é querendo assustar os meus e as próprias gerações que virão ou nos fazer de “pobres coitados”, mas saber lutar é o primeiro passo para se manter firme nessa vida, sobreviver e não nos tornarmos mais um número na soma anual de m*rt*s por transfobia.
Como eu disse, hoje é um dia de reflexão. Nos dias dos pais eles recebem presentes e nos das mães também. No nosso, não é presente que cura a dor, é justiça que nos salva, é união que nos dá expectativa de vida, é fazer, é falar, é defender, é não se calar. Assim, a visibilidade não será só hoje, será todos os dias em todos os lugares e em todas as esferas.
Por fim, não nos culpem por nosso jeito de se portar, ser e estar. Somos reprimidos quando somos femininos, masculinos ou neutros e espero que os meus continuem sendo o que quiserem ser. Lembrem-se: se forem femininos, serão julgados. Se são masculinos ou neutros, também. E, no fundo, a gente só tem que ser o que quiser ser.
Eu sei o que muitos pensam sobre hoje. Como se existir essa data fosse como jogar um dia do ano fora. Nem todos falam o que realmente pensam porque seriam processados e presos (quando a lei é justa, mas conosco a justiça é (quase) sempre apagada). Já outros não sentem medo de apagar a existência de uma vida trans, então, porquê teriam receio de desmerecer esta data, não é mesmo?
Falo isso porque muitos não convivem com pessoas T e não sabem ou não procuram saber porque é importante para nós termos esse espaço. Uns dirão que somos “poucos, escassos e invisíveis” no cotidiano, por isso, “não sabem como tratar pessoas como vocês”. Somos poucos porque somos marginalizados. Somos escassos porque somos m*rt*s a cada dia. Somos invisíveis aos olhos porque ninguém nos dá oportunidades. E, mesmo que queiram apagar a importância do dia 29, não será um dia que fará a diferença em nossas vidas. Continuam nos m*tand*, continuam somando número de m*rt*s de travestis e transgêneros e nada mudará ao celebrarmos uma data que, na verdade, não há nada para celebrar.
Esse é um momento de reflexão, de justiça por direitos, pela defesa da vida, da dignidade e luta para conseguirmos ocupar lugares onde não nos querem.
Já escutei absurdos de todos os tipos de pessoas. Do pobre, do rico, do branco, do preto, de mulheres, de homens e, por vezes, eu e outros dos meus também já se sentiram só em meio a própria sigla. A solidão parece que vem junto conosco quando aceitamos quem somos, não nos escondemos e expomos o nosso verdadeiro eu. Rede de apoio? Mal sabemos o que é isso. O que ocorre sempre, com muitos da letra T, é uma vida fadada a sacrifícios por dignidade, é lutar sozinho contra 5, 10, 20, 30 ou muito mais, só para usar um banheiro, para comer em um restaurante, ganhar uma vaga de emprego ou apenas para defender a nossa identidade. Poucos estarão ao nosso lado e, não é querendo assustar os meus e as próprias gerações que virão ou nos fazer de “pobres coitados”, mas saber lutar é o primeiro passo para se manter firme nessa vida, sobreviver e não nos tornarmos mais um número na soma anual de m*rt*s por transfobia.
Como eu disse, hoje é um dia de reflexão. Nos dias dos pais eles recebem presentes e nos das mães também. No nosso, não é presente que cura a dor, é justiça que nos salva, é união que nos dá expectativa de vida, é fazer, é falar, é defender, é não se calar. Assim, a visibilidade não será só hoje, será todos os dias em todos os lugares e em todas as esferas.
Por fim, não nos culpem por nosso jeito de se portar, ser e estar. Somos reprimidos quando somos femininos, masculinos ou neutros e espero que os meus continuem sendo o que quiserem ser. Lembrem-se: se forem femininos, serão julgados. Se são masculinos ou neutros, também. E, no fundo, a gente só tem que ser o que quiser ser.