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Capítulo 16 - 10/10

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_ Não, eu dei a você – disse de forma trivial. – Agora uso o meu nome, mas achei que seria melhor que tivesse a mim como Levine, da forma que éramos antigamente.
Ele cospe ao chão e retorce a boca.
Incrivelmente, não há nenhum tipo de sentimento confuso partindo de mim. Eu estou da forma que sempre estive em todas às vezes de gravação: focada, interessada e com um leve sarcasmo.
_ Eu te amava no passado, puta! Te traí, mas te amava. E achei que pudesse ter isto de volta, mas agora sabendo que você está fodendo com ele pelas minhas costas, desprezo você!
_ É lamentável escutar esse discurso vindo de você. Achei que pudéssemos consertar as coisas e quem sabe continuar uma amizade...
_ Vai se foder, puta! – mais uma vez, ele me interrompe.
_ Saia do meu bar! Você tá de cabeça quente, vai esfriar lá fora – o homem o expulsa.
_ Você pode namorar outras... – aceno para as poucas garotas que aqui estão, quando uma ideia me surge e eu decido fazer melhor. – Alguém aqui quer namorar o Otávio? – grito pateticamente.
Consigo risos de muitos e até uma resposta – uma voz masculina berra em deboche: “Eu quero namorar o Otávio”.
E então mais risadas em torno disso.
Meu ex-namorado me fuzila com um olhar cheio de promessas repugnantes.
_ A gente se ver por aí, Levine – ele me diz isto se virando em despedida.
_ Melhor considerar o meu conselho, Otávio – Enzo retruca.
Não posso acreditar que consegui esta façanha. Finalmente, eu tenho uma história melhor para contar, onde não sou mais uma vítima. Mas sei que ferrei as coisas com o Enzo. E em confirmação a isso:
_ Você fez o que quis, agora acabou.

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Capítulo 16 - 9/10

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Otávio agita os cabelos num gesto de nervosismo e vai girando em torno de si, observando ao bar. E assim, eu continuo.
_ Quando eu me declarei ele disse que também sentia o mesmo, mas não tive coragem de dizer com quem estava. Já tinha me enganado uma vez ao pensar que poderia te amar, queria ter certeza com o Enzo, então depois da nossa primeira noite juntos, não tive dúvidas quanto a ele. Então contei sobre você...
_ Cala a boca, sua vagabunda! – ele me interrompe gesticulando as mãos freneticamente. – Eu desisti da Clara por você... Briguei com o Rodolfo, eu fiz planos.
Eu quase desisto da minha viagem por sua causa, filho da puta!
_ E nós fizemos outros – seguro a mão do Enzo, mas ele não segura a minha de volta.
_ Para de falar ‘nós’! Tá me entendendo? Caralho! Para de falar ‘nós’! Eu não to nem aí! E você, Enzo? Você era meu amigo. E tá pegando ela?
Pelo canto dos olhos espio o Enzo. Eu posso sentir sua rigidez, mas ao julgar pelo rosto, ele parece indiferente. De expressão vazia, não denunciando raiva, aborrecimento ou arrependimento.
_ Já disse. Ele não sabia, assim que lhe contei decidimos vim até você. Era para ser uma conversa limpa, mas nos distraímos com o horário e você chegou... – não precisava terminar.
Otávio zomba bufando alto.
_ Foi tudo você, vadia! Você planejou tudo, né? Queria o quê? Uma competição? A partir daí você decidiu... – ele para percebendo o erro.
_ O melhor – finalizo num tom de deboche.
Otávio trinca os dentes e caminha para mim, mas antes que possa entender qual será o seu ato, eu sou puxada para trás e de repente estou encarando uma camisa familiar. Ele traz um braço protetor ao meu lado.
_ Não se aproxime dela. Eu não quero. Então você vai falar à distância – Enzo tem uma voz agourenta e baixa, boa o suficiente para soar ameaçadora.
Enzo é alto e mais largo do que eu, então não consigo ver a reação do outro. Nem me atreveria a espiar para fora da minha barreira de segurança.
_ Vai proteger a sua vagabunda? – o outro rosna.
Filho da puta!
_ Escuta isso! – Enzo aproxima um pé à frente. – Você xingou, deu ataque, eu fiquei calado porque ela realmente merece, mas não é pra tanto né? Você chifrou essa garota no passado de maneiras incontáveis. Aceita essa porra! Você também fodeu isto!
“E nessa história, eu tive o mesmo papel de idiota: O instrumento. Primeiro para você e agora para ela. Você não fará qualquer coisa. Ok? Chifres não é a pior coisa do mundo, supere isto. Malu é uma garota, há várias por aí”.
Um homem esguio, alto e com um cavanhaque bem feito, aparece e põe um braço à frente do Otávio na tentativa de contê-lo, caso uma possível agressão.
_ Não quero brigas no meu bar, se for partir pra socos, quero os dois fora!
Mas nenhum deles dá atenção ao homem.
_ Malu? – Otávio indaga.
Saio de trás do Enzo para explicar.
_ Este é o meu primeiro nome, Levine é sobrenome.
Há descrença e ódio irradiando dele.
_ Malu? Você deu outro nome a ele, tudo esquematizado né? Nem a porra do nome você deixou intacto!

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Capítulo 16 - 8/10

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Ele faz uma pausa. Sinto a vibração do celular exatamente quando seus braços me envolvem puxando contra si, beijando forte, difícil e com uma devassa gula.
Seus dedos me apertam inclinando mais o meu corpo para o seu, e assim meus pés atrapalham-se com passos inseguros quando eu procuro por equilíbrio.
Estamos num libertino momento de corpos fora de controle, suspiros, toques, beijos e más intenções. Dane-se essa porra com o Otávio! Eu quero mais do que isso.
_ Ma-mas que porra tá havendo? – Otávio. Foi ele isto.
Afasto meus lábios de má vontade para encarar o garoto de múltiplos piercings a uns 02 metros de nós.
Meu louco e sincero desejo é de mandar ele para o inferno e voltar para a minha bolha minúscula com o Enzo, mas ainda preciso da gravação, então venceu isto. Engolindo o stress, não faço os movimentos que estão em mente.
_ Enzo? Levine? Que desgraça! Alguém vai me falar disso? – ele começa a surtar.
Colocando um dedo à boca do Enzo, peço que apenas me deixe falar. O discurso é meu.
_ Otávio, nós viemos aqui para te contar. Olha! Fica calmo! Nós estamos aqui para deixarmos as coisas claras contigo, queremos ser honestos para você quanto aos nossos sentimentos.
Ele arregala os olhos enquanto uma fúria efervescente se afeiçoa ao seu rosto, deixando-o num tom de vermelho. Eu mereço umas tapas, mas agora sou fã de mim mesma – tudo o que fiz levantou o meu ego, porém isto não se compara.
_ Então querem me contar! – ele olha de mim para o Enzo – Assim? Beijando a garota com quem eu estava Enzo? Da forma mais pateticamente clara. Tudo... Tudo na honestidade!
Enzo apenas permanece imóvel; não deixando que o silêncio se estenda por tanto tempo, eu tomo à voz.
_ Otávio, nós nos conhecemos quando eu comecei a estudar no mesmo colégio de artes dele. No começo foi difícil, mas o convívio fez com que a paixão brotasse em nossos corações – eu estava rindo da cara dele em palavras.
Um burburinho começa, as pessoas gritam coisas, mas tudo parece distante e irrelevante, porque minha atenção está num Otávio vermelho de ódio.
Sim, eu estou familiarizada ao sentimento. É nojo e raiva.
_ É sua vadia? Daí você decidiu me largar? Quando foi? Foi depois que transamos? – ele berra alto.
Prendo os lábios para não rir com a doce memória do ‘sexo com quezinho’. Suspiro e respondo com altivez:
_ Foi exatamente depois que transamos.
O adorável público cai ao deleite, rindo e gritando barbaridades para o Otávio, que faz uma carranca numa expressão assassina.
_ Você disse que gostou... Eu não sou bom o bastante? – ele sibila isto.
Gostar eu gostei. Mas não tive nenhuma satisfação ao corpo, uma vez que não foi verdadeiro. Então: Envergonho mais ou não? – Está aí a indecisão!
_ Você é bom, mas percebi que não era quem eu queria. Comecei a pensar que havia confundido as coisas e foi quando notei uma paixão avassaladora pelo seu amigo. Desculpe-me! – finjo arrependimento.

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Capítulo 16 - 7/10

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Sei que fui avaliada de diversas formas, ele assistiu e soube que eu não era uma garota boa para ser compreendida com rapidez, sim, eu aparentei instável e perseguidora. Um cara que tenha um pouco de autoconsciência teria sacado que o seu estilo ‘bonitinho e nem aí’ era muito persuasivo para pessoas como eu. Droga! Ele praticamente suplicou para que eu mexesse mais do que deveria.
Enzo suspira pesadamente. Está analisando a sua fala.
_ Acho que você me considerou fácil de ser manobrado e ainda tinha o bônus de ter alguma vantagem – ele olha para o seu próprio corpo abaixo. – Eu sou ele?
Balanço a cabeça negando.
_ Não. Você é um cara sexy que precisava de uma distração. Mas se recusava a isto, o que me deixou com mais vontade de me introduzir na sua vida.
_ Obrigado, minha salvadora! – ironia presente.
_ Você é interessante, eu nem tentei a resisti. Além do propósito, quis lhe conhecer.
Enzo cruza os braços no peito e pende a cabeça à parede.
_ O que significa ‘Apetite’ para vocês? – ele muda totalmente o foco.
_ Apetite vem de fome; vontade de trollar – há um tempo que não explico o conceito disto a alguém, acho que preciso tentar novamente. – De nos alimentar com alguma diversão, devoradores de risos. O nome mais apropriado para definir tudo isto foi esse.
_ Quando eu perguntei o que você sentia... Então era vontade de se alimentar com alguma diversão – ele atira isso.
Oh não! Atirou mal, não tem haver com isto. Teria se tivesse dito de forma maliciosa.
_ Não, Enzo. Naquele momento e nesse momento, o meu apetite vem de sensualidade, lascívia, luxúria. Eu não quero rir de você, nem tão pouco fazer isto por terceiros.
Seus olhos penetram os meus numa hipnose embaraçosa. Ele segura o meu queixo, eu espero, enquanto ele franze o cenho quase aparentando um sentimento de dor.
_ Estou muito puto com você... – Enzo inala fortemente. – Você não pode me dizer coisas assim – sua voz era quase inaudível.
Ele puxa a minha cabeça para si encontrando a minha boca junto à sua. Enzo toca o meu rosto com a ponta dos dedos como se estivesse privando a si próprio de me sentir por inteira.
Em contraste a ele, eu espalmo minhas mãos pelas suas costas, fazendo um passeio pelos músculos dos braços enquanto sinto a minha pele esquentar sob o seu ínfimo toque – o que é muito prejudicial, já que eu anseio por mais dele.
Não posso coordenar o meu corpo quanto às sensações, tenho necessidades.
Enzo puxa-me mais para o seu corpo, mas se mantém cauteloso com os dedos, deixando-os leves em minha cintura. Aspirando ao seu cheiro delicioso, lamento por ter de liberar nossos lábios para falar.
_ Está tentando não me machucar?
Ele os captura mais uma vez antes de responder:
_ Você não é de verdade, é temporário...
Mas que... Enzo está tentando não se viciar em mim?
_ Esqueça isto – eu peço.

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Capítulo 16 - 6/10

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Ele está no carro esperando que o Otávio dê o primeiro sinal de vida, para que me faça uma ligação avisando sobre isto. Não é necessário atender, apenas sentir a vibração do celular para me preparar e avisar ao Enzo.
Logo em seguida, Wendell entra para assistir o show que estará sendo gravado pela Íris e o seu namorado – cada um em um lado dispreso, mas em bons ângulos de onde ocorrerá a situação.
Tentamos ser discretos para que a atenção das pessoas esteja na hora certa e que acreditem na realidade aparente. Fala sério! Depois de tanto tempo, de tanto planejamento, o Otávio descobrir que estamos gravando simplesmente porque alguém do bar percebeu isto e gritou para ele?! Vou ter uma AVC - Acidente Vascular Cardíaco.
E assim, eu tenho o meu gato borralheiro à minha frente, tenso e frustrado. Ele não quer isto, nem tão pouco está confortável em atuar, mas permanece com o que disse. Eu não tenho o direito de abusar, mas obsessivamente gosto de tê-lo comigo nessa jogada.
E estou perplexamente surpresa pelo meu gosto, não sabia que curtia caras frustrados, impacientes, esnobes e rotineiros – é bom aprender sobre si mesmo.
A confiança tamanha que ele tinha antigamente se esvaiu; ainda há algo em si, mas só aparece quando está na defensiva. Também acho que o Enzo não é mais alguém para ser chamado de egocêntrico, estive observando-o em todas as aulas que pude e acho que posso afirmar que ele não pensa muito em si, vive mais preocupado com o que vai fazer e o que acontece ao seu redor.
É claro que é consciente do quanto é gostoso e como está diferente, mas aposto minha caixa de chicletes que ele não tem ideia – e nunca teve – sobre eu estar cavando a fundo.
Não posso justificar que em todo esse tempo foi o lado troll, teve haver sim, mas não foi tudo, e sei que o Enzo considerou ‘loucura’ pelos meus limites ultrapassados. Não foi paixão, a paixão na verdade foi consequência disso – ele é um alguém para me interessar: O cara é lindo, mas parece cansado de tudo o que tem e inconsciente de que isso são duas coisas excitantes para mim.
Era meio óbvio para mim que este seria o meu objeto de desejo, e já tinha uma missão, por que eu não iria fazer disto um estímulo a bagunçar a vida desse garoto? Sensações a mim, emoções a ele. Tudo pareceu bom, até agora, ao observar o seu stress.
Posso tê-lo tirado da nostalgia, mas retornei-o à merda. Tirei um chiclete da bolsa e ofereci outro ao Enzo, que recusou.
_ Você pensa em si próprio? – quebro o nosso silêncio.
Ele pisca duas vezes em confusão.
_ Que tipo de pergunta é essa?
_ Em você! Pensa em você? – tento de outro modo.
Quero confirmar se a minha tese sobre ele está certa.
_ Sim, eu penso em mim – ele parece natural com a sua resposta.
Mas ele é um bom mentiroso. Vale lembrar!
_ Então por que a minha obsessão? Nem tudo tem haver com a trollagem, então agora eu quero escutar de você. Um cara que pensa muito em si pode acertar. Você é ele? – o desafio.

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Capítulo 16 - 5/10

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Eles interrompem o papo quando percebem que já havíamos chegado, e é exatamente aí que eu tenho a atenção dos dois caras que não fazem muita cerimônia ao esconder o que estão olhando. Bom, Enzo fez algum esforço em aparentar indiferença, já o ‘amigo W’ nem tentou.
Compreensivo. Não era o fato de a minha aparência ser perturbadora demais para o ‘amigo W’, era por eu ser a MD’z e a cara de tacho dele me diz que correspondo às expectativas.
Legal!
_ Boa noite! – nós dizemos em uníssono.
E eles nos respondem à saudação.
_ Corria o risco de você não concordar – Enzo dá uma leve jogada de cabeça em direção ao amigo, me dizendo que se refere ao tal – e ele queria muito assistir pessoalmente, então eu fiz.
Estou aborrecida por isto? Não. Contanto que o outro não interrompa o lance...
_ Okay! Vocês estão de acordo? – pergunto à Íris e o Leo, que respondem positivamente. – Vamos lá! Não podemos ficar de muitas saudações, ele pode chegar antes do previsto.
Leo cumprimenta o ‘amigo W’ apenas com um bater masculino de mãos.
Tá! Eu estou ansiosa e quase autoritária, mas posso baixar à guarda. Afinal, olha isto! Tenho um fã seguindo a nossa merda.
_ Hey! Nós dois sabemos sobre o outro – falo para o ‘amigo W’. – Estou contente com a ideia de ter um fã do canal pela primeira vez acompanhando isto. Nada mais justo que seja você, já que o envolvemos nisso, mesmo que tenha sido indiretamente.
Ele ri numa mistura de nervosismo e surpresa.
_ Eu nunca me senti tão bem em ser usado e trair o meu amigo. Valeu por fazer duas coisas horríveis parecerem boas! Meu nome é Wendell.
O Wendell está tão certo sobre isto em mim e nem imagina; é engraçado e surreal como eu faço coisas horríveis parecerem boas, à maioria das vezes as pessoas não sentem o real impacto porque estão distraídas demais para se darem conta.
Isto faz de mim uma manipuladora, mas não é um conceito que eu goste de carregar, porque não ajo à intenção de ser malvada, manipular não faz de mim uma pessoa forte, isto só é imaginação de vilãs de novela.
_ Malu, vira para eu te ajudar a colocar o microfone – Íris pôs uma mão ao meu ombro.
Eu tive um transe agora? Devo ter parecido insegura para ele.
_ Microfone? Sério? – Enzo sobressalta.
Íris gira sua cabeça na direção dele pela primeira vez. Ela não gosta do Enzo.
_ Enzo. Nós estamos trabalhando – cautela e firmeza.
Sorrio com a expressão de ceticismo no rosto dele. O que fazemos precisa ter alguma diversão – humor malvado –, mas trabalho requer profissionalismo. Se as coisas estão dando certo, é porque estamos sabendo utilizar os dois.
~ll~
_ Aqui!
Posiciono a mim e ao Enzo em um dos cantos onde casais se espremem dentro do bar – dando um ar de mais particular, desde que não seja nada obsceno.
Ainda sim, recebemos uma boa vista a olhos atentos que logo estarão aqui para nos encontrar. Aproveitando a inesperada participação do Wendell, eu o aloquei com uma função.

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Capítulo 16 - 4/10

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_ Que mulher de boca suja! Quando eu casei com você, você era uma mulher elegante, só sorria, não dizia essas coisas – ele recitou as mesmas frases de sempre.
_ Ui, gostoso! Eu vou mostrar minha elegância – minha mãe retrucou.
Pornografia dos pais é terrivelmente embaraçoso.
_ Analu! A Malu está assistindo! – ele repreende a ela e volta a olhar para mim. – Malu, você tem um short, mas as pernas estão nuas e já está de noite.
Fui até ele e desenhei pelas suas entradas. Ele era o que podemos dizer de um homem calvo, mas ainda simpático, um pouco de barba rala, uns pés de galinha aos olhos. De alguma forma ele tinha um charme. Herdei mais da minha mãe, mas ainda tinha lembranças dele, algo como o sorriso.
_ Papaizinho, acostumaaa – cantarolei. – Tenho 18 anos. E você não está aborrecido pela saia, isso é porque nos supermercados não dão fila preferencial aos gordinhos, só aos obesos.
_ Menina, eu não to gorda – rebate minha mãe. – Para de falar asneiras.
_ Alguns quilos me caíram bem, sinto-me mais bonito – interveio papai.
A buzina do carro do Leo soou lá fora.
_ Vocês estão gordos sim, perto de mim... Ai, caramba! Abram essa porta que eu sou adotada! – essa foi a minha deixa.
_ Malu! Quero saber aonde vai e com quem! – gritou Analu.
_ Se for garoto, melhor ainda, aí você nem sai – acrescentou papai, diminuindo o som nas próximas palavras – porque eu espanto.
_ Vou ao ‘Bar Scória’ com a Íris e o Leo, volto antes da meia-noite.
Bato a porta.
Fica mais fácil quando eles não estão. Um bilhete na geladeira atua bem melhor.
Íris acena como uma idiota pela janela do passageiro. Oh! Espere! Ela está segurando alguma coisa, está me mostrando isto.
_ Microfones! Minhas câmeras à distância não pegarão bem as falas, então vocês dois irão usar estas coisas – ela exclamava em felicidade. – O ‘Apetite’ está avançando e eu mal percebi!
Oh sim! Ela me surpreendeu com isto, sei lá... O canal é considerado como trabalho e diversão em conjunto, mas eu não esperava que fizéssemos disso tão sério; ou talvez esteja acontecendo porque estou aqui, com ela, então suas ideias estão melhores e mais exigentes.
E eu estou surtando por causa dos microfones.
_ Wow! Íris, você tem 01 ponto a isto – entro no carro.
~ll~
Assim que chegamos ao ‘Bar Scória’, eu entendo o porquê do Enzo ter rejeitado tanto a minha oferta. Não era o caso dele ter faltar, ele realmente se comprometeu, mas tinha convidado alguém a se juntar a nós esta noite. Na porta do bar jazem dois homens entretidos numa conversa: Enzo e o ‘amigo W’.
Enzo, sendo uma boa visão como sempre: uma camisa jeans por cima de uma camiseta branca acompanhadas de uma calça sarja marrom conhaque. Os cabelos estavam agitados e seu rosto não havia sido barbeado novamente. Ele parecia mais velho, e mais quente.

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Capítulo 16 - 3/10

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Combinei com o Otávio de o nosso encontro ser no ‘Bar Scória’ porque de todos os outros, é o mais agradável. Pela tarde, no ‘Artes Vistas’, confirmei a presença do Enzo e lhe disse o local e o horário, e até pedi para ir buscá-lo em casa – caso ele desse para trás.
Porém ele negou e negou. E eu tive que ceder.
Nesta noite eu não pintei o meu cabelo, não pus batom rosa e usei minhas roupas de sempre – nada do que era a Levine para o Otávio eu estou.
Observando-me ao espelho da cabeça aos pés, eu aparento instável, pretensiosa e descarada.
Vesti uma minissaia preta Hollister, acompanhada de uma camisa branca justa com poucas palavras gravadas: ‘Keep it up... ’ – Continue assim...
E completei com botas pretas curtas com saltos. Deixei os cabelos soltos com um chapéu pressionado ao top o da cabeça e claro, maquiagem e os muitos acessórios.
Indo à geladeira, retiro dez chicletes da caixa e preencho a minúscula bolsa que levo.
Eu nunca precisei de uma bolsa grande para esconder minhas câmeras, porque só uso as ‘minis’. Já a Íris, sempre preferiu as de tamanho normal; é compreensível, uma vez que ela não é “de campo”.
Nem quando participou ao meu lado ela abriu mão da sua câmera normal. Hoje, nós concordamos em gravar tudo pelas duas delas e pelas minhas três. Certificando-me que a câmera de bolso que eu darei ao Enzo está no compartimento da bolsa, procuro pelo meu “broche”, percebendo que o esqueci no quarto.
A maldita ansiedade está me fazendo falhar. Enxugo o suor das mãos na minissaia enquanto salto pelo corredor amaldiçoando em silêncio.
Achei o meu “broche” e pus na blusa. Depois verificando a alça da bolsa, notei que também estava se, a sua minicâmera.
“Devo estar muito tensa. Vai Malu! Mantenha a noção” – o consciente ajuda.
Achei a terceira e prendi na alça da bolsa.
Escutando o barulho da chuva lá fora suspirei pesadamente. Espero que isto não seja um fator de influência no tempo de espera, o Otávio precisa chegar depois de todos nós.
Andei pelo corredor e os cliques dos saltos avisaram as pessoas que estavam na sala de que alguém estava chegando.
_ Malu! Boa Noite! – a voz do meu pai.
_ Hey, pai! Eu não escutei vocês chegando, demoraram à beça no supermercado.
Encontro-os jogados aos sofás vime. Cada um com o seu.
_ Com aquela porra de fila ninguém pode – reclamou minha mãe.
_ Bela saia, minha filha! Vai desfilar com ela hoje? Então acredito muito eu, que você agora tem a profissão de modelo e não nos contou – meu pai tem um sarcasmo frio.
Ele me encara esperando por um contra-argumento.
_ Não vou me meter nisso – disse minha mãe.
Em resposta, eu apenas balanço os quadris e levanto a minissaia expondo um short por baixo.
Tome isto; Sr. meu pai!
Minha mãe soltou um riso excêntrico como só a sua garganta pode proporcionar.
_ Dessa vez ela te pegou pelas bolas, Ruy!
E eu já sabia a sequência das falas.

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Capítulo 16 - 2/10

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Sim, eu já admiti a mim mesma sobre a estúpida paixão pela minha cobaia. O que me levou a fazer coisas idiotas nomeando tudo como ‘trabalho’.
Além de um sermão gratuito da Íris; ela diz que posso perder o foco por causa de um babaca que no fim vai me chutar.
Não estou duvidando muito dela, é até compreensível se eu receber um pontapé no meu belo traseiro dançarino. Porra! Eu interferi bastante na vida do cara.
Mas ainda estou cruzando os dedos para que isso não aconteça. Depois de terminar minha merda vou fazer algumas tentativas.
Algo me diz que irei precisar ser bem criativa para que me perdoe; me aceite e acredite que eu gosto dele.
Sim! Sim! Eu estou sendo uma tola há um bom tempo; para completar a linha ‘boba apaixonada’ só se eu desfilasse com uma placa cheia de corações toda vez que estivesse ao seu lado. Mas depois de tudo, o Enzo vai custar a crer em mim.
Por muitos meses pensei que já havia amadurecido, atravessado a estreita linha entre ‘jovem e adolescente’, mas para provar o argumento de que sou uma “garota com problemas de garotos”, me encontro procurando a música ‘Stupid love’ de Jason Derulo no playlist do blackberry.
Yeah! É isso aí! Eu gosto de aderir músicas a sentimentos melancólicos como qualquer menina. Colocando os fones de ouvido enquanto olho o passar das casas e das árvores numa janela de táxi, me sinto como uma pessoa normal: cansada de mais um dia de trabalho e com um alguém em mente.
“I'm stupid in love” – “Eu sou estúpido no amor”
Estúpida! Estúpida! É isso aí!
Acompanho a música de olhos fechados enquanto gesticulo os dedos como varinhas de maestro de um coral, sem me importar se o taxista assistia pelo espelho.
Eu pago a porra do táxi, contanto que ele não faça algum comentário irritante, não reclamo, já que não me interessa o que tem em sua imaginação.
(...)
O dia estava acabando, e assim, a noite do Otávio estava próxima.
“Stupid!”
Terça-feira
Ansiedade pulsando ao meu corpo a cada minuto deixado para trás. Hoje era o fim da temporada que durou um tempo justo, mas que aparentou se arrastar numa lentidão intermitente.
Não consegui afastar em todo o dia a ideia de que isso também era uma vingança enrustida no propósito. Olha isto! Depois de anos, vou mostrar ao Otávio que ainda consigo lhe dar a outra bofetada.
Ele vai pirar! Então eu só tenho que sair do seu campo de visão e seja lá o que for o que o Enzo tem sobre o Otávio, não vou deixar isso me acovardar. Vou seguir o esquema.
Os vídeos já foram todos revisados, cortados, vozes alteradas, efeitos engraçados indicando um maior humor nas melhores partes e mosaico em todos; exceto à Íris e o Leonardo no vídeo do “Sexo com quezinho”.
O único vídeo que falta é o de hoje, e com sorte, tudo vai ao ar amanhã, porque não podemos perder mais tempo. A credibilidade não é algo insignificante para ser perdido.

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Capítulo 16 - 1/10

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Malu
Ele concordou. Foi realmente um alívio escutar isto, porque eu não tenho mais ideia de dar um desfecho na minha temporada.
Depois de todo aquele temor que o Enzo conseguiu me passar, comecei a pensar em tirar umas férias; que tal se eu fizer uma viagem de duas semanas para sumir do radar do Otávio? É claro que não posso sumir por mais desse tempo aqui da cidade de Brasília, dado que eu acabei – praticamente – de chegar dos E. Unidos, meus pais realmente não ficariam satisfeitos de me ter tão longe em tão pouco tempo juntos.
Tem outra coisa também: dessa vez eu gravei em muitos cenários diferentes – as pessoas poderiam reconhecer alguns dos lugares, e dessa forma, chegar até mim. Puff! Identidade revelada.
O que seria como um pequeno caos nas ‘aventuras futuras’ – não será nada legal uma trollagem frustrada pela vítima saber quem sou eu e em seguida, adivinhar os meus movimentos com ela. Pensando nisso, vou precisar conversar com o Wendell, ele é um fã e não é uma dúvida se sabe ou não de mim.
Vou selar a boca dele e viajar. Oh merda! O Marchisi! Aposto meus chicletes que não dão férias a uma funcionária em tão pouco tempo.
Melhor eu revisar isto direito. Às vezes esqueço que tenho responsabilidades. Caramba eu tenho 18 anos! Deveria me lembrar desses tipos de coisas. Vamos lá!
Marchisi: Continuo com o meu emprego, afinal, ele é seguro.
Boa Síntese: Essa eu chuto. Não preciso mais, vou dizer que consegui o meu objetivo: um caçador de talentos...
Oh Deus! Eu concordei com o Índio em dançar com ele num tal concurso – disse sim ao delicioso companheiro de trabalho na Síntese, ele provavelmente está contando comigo.
Por que eu faço esse tipo de coisa comigo? Sério! Minha inimiga sou eu.
Arrumando isto... Se o Índio ainda insistir: usarei isso como desculpa para dar o pé na bunda do Conde Bigode e sua boate assim que participar do concurso.
Eu até gostei de dançar no palco, mas imagino que as coisas podem ficar mais intensas e com certeza não preciso disto. Tenho empregos, dois até! Não há motivo para deslizar minhas roupas se não estiver à vontade.
Apetite: Vou tirar umas férias enquanto repercute essa trollagem, e quando voltar, eu vou esquecer um pouco os homens. Explorar outros campos abandonados pode ser uma boa opção para mim neste momento.
Faculdade: Próximo semestre – depois de limpar essa sujeira.
Faculdade, ‘Marchisi’ e ‘Apetite’. São os planos em longo prazo.
E o ‘Artes Vistas’... Eu vou largar, em fim, meu objetivo lá foi cumprido: trouxe o Enzo ao meu lado, mesmo que ele não concorde com o que eu faço... E não sei quanto aos sentimentos dele, mas é isso! O que é relevante é o que eu possuo dele, sua ajuda, o resto não serve à causa.
Pensamentos de uma mulher forte. Bom, eu tenho muito disso, o enigma é que não é bem assim que funciona.
a) Me importo pra caralho com o que ele pensa e sente, e também me importo com o que ele representa para mim.
b) Não to a fim de deixar o ‘Artes Vistas’.
c) Muito menos de abandonar o Enzo.

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Capítulo 15 - 8/8

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Isto foi a principal razão de eu me distanciar do Otávio. Já não estávamos muito bem por razões de escolhas da vida, mas ainda tentávamos. Depois daquela... Eu não sei nomear! Enfim, depois disso, uma parede grossa subiu entre nós.
Com mais tempo, fiz com que parasse de estender as imagens no cérebro, segui a minha vida, e voltei a trocar algumas palavras com o meu antigo amigo. Otávio melhorou, não era mais a criatura asquerosa de antes, e depois que conversamos sobre o ocorrido, nunca mais nós mencionamos.
Daí em diante, nossa relação era mais para pedir dinheiro emprestado e de época em época saíamos.
Então essa menina me apareceu com uma ideia idiota de incitar o Otávio. Sabendo o que eu sabia, como poderia não me preocupar? Confiava que ele não havia voltado a fazer novamente, mas para que tentar a sorte?
Ao contragosto, também sabia que ela não iria parar. Já estava tudo feito, ela visava muito o tal canal, acreditava que nem se eu contasse resolveria. Malu não iria largar isso à toa, achava que precisava finalizar de qualquer forma.
Então eu teria que ajudá-la, e manteria um olho depois nela e nele.
Não me preocupava muito comigo. Na boa! Nunca o tinha visto socar ninguém. Eu já efetuei dois socos depois de duas de nossas discussões, mas ele nunca revidou. ‘Talvez medo, talvez respeito, sabe lá, mas acho que não corro um risco’.
_ Por que isso? Droga! Fale o que há de errado com ele! – ela exigiu.
Exalei o ar e apenas a observei. Não adiantava de nada contá-la, isso só iria trazer problemas que talvez não precisassem existir.
Ela vai parar? Não!
Ele vai reagir? Vai! Mas talvez não da forma que aconteceu antes.
Isso vai repercutir? Oh, sim! Com toda maldita certeza.
Ignorando a sua ordem, respondi com outra.
_ Eu aceito essa miséria, mas depois você vai se afastar dele.
Mesmo aborrecida, Malu não insistiu em querer saber o que houve. Meu silêncio foi duro, ela compreendia que não conseguiria e não estava a fim de suplicar; apenas aceitou em não aparecer mais para o Otávio.

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Capítulo 15 - 7/*

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_ Como, por exemplo... O que você vai fazer para terminar de vez com isso – disse eu.
Sem mais suspenses. Sei que o que acontecer em seguida terá a mim envolvido, então é melhor que ela me conte as coisas.
_ Fácil! Amanhã tenho um encontro com o Otávio, só que este não será tão amistoso – a gota de cinismo pingava de sua boca. – Ele nos encontrará num momento íntimo, e assim, contaremos a ele que nos apaixonamos e que resolvemos deixar as coisas claras. Nenhum de nós dois queremos esconder segredos dele, então é isso.
Já havia esquecido a raiva que a Malu me fez sentir com o descaramento todas as vezes que eu queria falar sério, mas ela conseguiu me lembrar disso mais uma vez. Não sabia discernir se isto já era natural dela – debochar – ou trabalhava com frequência em me irritar.
Esfreguei as têmporas para não fazer uma cena.
_ Você alguma vez pode falar sério? Eu sei que isto é legal pro canal de humor, mas isso aqui é real, eu sou real, e não tô tolerando muito nem o seu fim de história nem a forma que você narra.
Ela deu o mesmo olhar que eu já dei muito ao Rique: Bela-Merda. Mas foi esperta em tomar cuidado com as próximas palavras.
_ Okay! Você entendeu! Será isto, mais alguma coisa?
Fora o fato de que isso é uma ideia idiota e suicida?
_ Você não pode fazer isto menos?
_ Não. Senão fica sem graça, dessa forma vai ser bonitinha. O maior interesse não é amaciar para o Otávio, Enzo, o que eu quero é algo legal para todo um público se divertir.
_ Entende essa porra, Malu! Você vai dar diversão e botar o seu na reta! – sibilei.
Será que ela acha que o Otávio vai mesmo ficar de braços cruzados depois de ser traído por nós? E se ele por algum acaso acompanhar o canal ou alguém reconhecê-lo no vídeo chegando aos seus ouvidos? A baita sacanagem descoberta!
_ É meio óbvio que ele vai reagir, mas não acredito que faça muita coisa – ela deu de ombros dispensando.
Dois anos depois de ela ter saído da vida dele, eu presenciei algo que até hoje não sei como falar, às vezes acredito que não foi real, acredito que o Otávio não estava ali... Mas eu não sou nenhum louco, aconteceu mesmo. Só que nunca soube o quanto ele poderia estar encrencado se isto viesse à tona.
Nem ele nem eu. Otávio pelo crime cometido, e eu por omissão. Fiquei tão perplexo e com tanto nojo que apenas voltei para casa e não disse uma palavra; mais tarde ele me procurou e explicou como as coisas ocorreram.
Era efeito de drogas, tanto para ele quanto para ela, eu sabia. Otávio não tinha sido bem o causador, mas o que ele fez não tem explicação e... Meu Deus! Nunca tive ideia do tempo que conseguiria numa prisão.
Não podia mais ajudá-la, já havia terminado. Eu estava em choque, isto seria um grande baque para a vida de todos em torno, e ainda não tinha certeza se estava em condições de contar isto a alguém. Deixei que o meu cérebro assemelhasse a ideia antes de agir, mas já tinha algum tempinho quando melhorei, então resolvi manter em silêncio.

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Capítulo 15 - 6/*

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Ela resmungou mais algumas merdas e então se foi.
_ Então isto é uma das coisas que você faz para ganhar os caras? Conta histórias hipotéticas? – era chato imaginá-la fazendo o mesmo para outros; chato foi um eufemismo. – Desculpa a pergunta, não vi todos os seus vídeos – declarei que não era um fã da MD’z.
Não fã da MD’z, mas malditamente eu estava sendo um da Malu. Desejava isso, desejava ela de novo, sim, tolamente ansiava. Não deveria, mas a loucura, o atrevimento e a malícia eram tão convidativos que provavelmente eu não me pararia se ela me perguntasse se nós poderíamos violar alguns códigos da política do colégio no banheiro ou em qualquer outro lugar onde fosse cabível a dois corpos.
_ Nem sempre sou tão ousada, vai dependendo do meu humor e da necessidade que tenho de chegar a tal ponto. Alguns são menos rigorosos, com um sorriso e um ‘Olá’ intencionado eu já tenho como vítimas; outros exigem mais criatividade, mas eu tenho vários métodos, enfim, não posso te mostrar todos hoje. Existem coisas pendendo.

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Capítulo 15 - 5/*

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_ E então de bom grado, você me deixará um pouco contente com a ideia de lhe ter por perto, exatamente quando colocar sua cabeça entre as minhas pernas.
Puta Merda! Eu não imaginei que ela pudesse ser tão crua em palavras.
_ Sim, Enzo. – Ela continuou. –Você me dará um tempo bom com a sua boca e o meu corpo – ela falava de forma tão trivial.
Nós tivemos uma noite de luxúria e criatividade, mas não conseguia pensar em nós sentados tendo esta conversa, por vários fatores: a. Estamos no ‘Artes Vistas’; b. Malu é uma garota, não devia ser tão crua; c. Ela recita com banalidade, e aposto que qualquer um à distância nunca poderia adivinhar o que estamos conversando.
A não ser pelo meu desconforto. Lutei contra a reação do meu corpo e cara! Vou confessar! É duro.
Eu amava a audácia. Amava a sujeira que ela não consegue esconder. Amava aquela situação... Isso combinava conosco.
Resisti à vontade de colocar as mãos em mim, e tampouco queria que ela parasse. Sofredor e bom à mesma medida.
_ Você irá dizer a porra do meu nome – eu afirmei.
_ E de tão grata que eu estarei, deixarei você sentado enquanto eu lhe dou um bom tempo mostrando algumas habilidades sutis – ela piscou duas vezes.
_ Puta Merda! Eu estarei latejando como agora – simplesmente deixei a verdade escapulir.
Bela merda! Como se ela não estivesse ciente do que estava se passando.
_ Você terá me irritado com sua insistência, então sofrerá danos. Quando eu finalmente estiver montada, irá descobrir como eu posso foder você de duas formas: estarei tagarelando e exigindo que você preste atenção ao meu falatório enquanto a loucura do sexo nos carrega.
Não conseguiria ouvir outra pessoa chamando por mim nem que estivesse com um megafone gritando aos meus ouvidos. Para mim só tinha a Malu ali e fim de história.
_ Eu lhe deixarei um chupão de lembrança – incentivei novamente. – E se eu pedir que sussurre que você é minha? Fará isto?
No último sábado eu tive uma morta vontade de pedir que ela me dissesse isto, mas por fim venceu a ideia fixa de que eu a abandonaria, ela não seria minha, então não precisava alimentar isto para nenhum de nós. Era isso que eu queria ok? Então por que fiz esta pergunta agora?
Malu deu uma vacilada, mas em seguida se recompôs em postura.
_ Não conte com isso, eu sou uma pessoa livre – ela pareceu ainda afetada.
Quis morder minha língua. Óbvio! Que idiotice passou pela minha mente quando lhe perguntei isto.
Malu recuou e quebrou nosso contato.
_ A aula já começou. O que fazem aqui? – outra voz surgiu.
Adalgisa, coordenadora do curso de pintura, pairava em nossa mesa.
_ Já estamos indo, Adalgisa. Isto acalma os seus ciúmes? – brinquei.
Ela respondeu dando de ombros.
_ Enzo, sua palhaçada é considerável após as aulas.
Malu ficou quieta, acho que esperava que eu cuidasse de Adalgisa, já que este não é um terreno seguro para ela intervir.
_ Okay! Apenas nos deixe terminar isto aqui, dois minutos, por favor!
_ Eu irei passar aqui outra vez, se os encontrar, será advertência.

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Capítulo 15 - 4/*

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_ Malu, o que é isso? – estreitei os olhos me recusando a continuar na dela.
_ O que há com o seu corpo? – ela franze as sobrancelhas. – Ele parece estar reagindo a algum tipo de comunicação corporal. As coisas estão ficando apertadas aí embaixo?
Ela tem um sorriso cínico oculto em sua boca prendendo as maçãs do rosto de saltarem. Ainda sim tinha um ponto, era perturbador assisti-la tão próxima com tanta dedicação ao chiclete.
Eu sei. Nós estávamos no ‘Artes Vistas’, matando aula, não era lugar para demonstrações sensuais e jogos, mas eu queria saber como ela faz. Queria mais disso, e mesmo com o Superego dizendo que estava errado, não impedi as próximas palavras de saírem.
_ O que mais você pode fazer?
Ela se espantou com o meu desafio, mas logo pareceu pensar sobre a pergunta.
_ Incentivo à imaginação. O que me diz de uma história indecente? – ela acrescentou com mordidas mais suaves em seu chiclete.
Eu tentei esconder um sorriso. Aposto que consigo ter uma ideia do que está se passando pela sua mente: “O Pervertido Enzo está novamente comigo!”.
_ Comece.
_ Vamos dizer que eu imagine como poderia proceder a um ato nosso... – ela pausou parecendo refletir mais. – Primeiro você vai ter que me deixar afim, porque eu geralmente sou uma cadela maldita para os caras.
_ Você poderia gostar de mim o bastante para me escutar? Ou teria que te deixar bêbada?
_ Não tente bêbada, é golpe baixo. Digamos que você pode tentar um diálogo e em seguida tentar arrancar beijos ao rosto que logo se desvirtuarão para os meus lábios. Eu vou te empurrar e te xingar.
Eu estava começando a gostar mais dessa ideia.
_ Mas e se eu já tivesse alguma intimidade com você? E se bastasse apenas duas palavras e uma tentativa? – sugeri.
_ Você ainda teria que seguir esse padrão. Voltando, você me morderia, eu adoro umas mordidas e a forma como o meu corpo se contorce.
_ Seguir o padrão? Mas eu sou um cara bonito, velho. Deveria ter algum tipo de privilégio – queixei-me.
_Você tem o privilégio ao momento em que paro para te escutar. Em seguida, estaremos de corpos colados e eu gostaria de apertar suas bolas para te fazer infeliz, e sair de mim.
Lembrei-me de um dos nossos ensaios quando ela fez exatamente como disse. A recordação ainda está viva e é um ponto ruim.
_ Só não aperta as bolas, foi difícil na primeira – recuei.
Ela apenas ignorou.
_ E então você vai querer revanche, nós começaremos com jogos de apertos e dentes... – uma expressão maliciosa foi apresentada. – Até que todas as roupas caíam.
_ Vai ser foda! – exclamei.
_ Quanto a sua dor, é realmente triste que eu saiba sobre isso, porque terei suas bolas na velocidade de um piscar de olhos.
Garotas têm seios, o que ela pode dizer sobre isso?
_ Eu sei o que dói em você, então não tenta – dei um sorriso esnobe de um só lado.
Malu permaneceu seus olhos em mim. Era uma certeza que ela pegaria mais pesado.

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Capítulo 15 - 3/*

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_ Eu quero você, mas e se você me largar novamente? E ai inferno! Nós nem teremos um relacionamento – ele sacudiu a cabeça. – Por que você quer me fazer terminar se não estaremos namorando?
_ Não é legal a traição com ela. Otávio, pelo o que você me diz, a Clara é uma garota muito inexperiente, ela não merece sofrer tanto. Sim, eu sei que vai magoá-la terminar agora, mas ao menos estaremos limpos. Entende? Não há nenhuma maneira idiota de eu foder isso – a honestidade brotava nas palavras.
Otávio com certeza acreditava na ideia de que eu tinha um lado ‘sentimental muito babaca’, mas eu continuo me importando menos. O breve julgamento não vai vir a alterar minha merda.
_ Eu não vou te largar. Você pode sair com outras garotas porque não namoramos, nós apenas teremos encontros, mas ao momento que você definir alguma delas como ‘namorada’ eu pulo fora. Sacou?
É isso aí! Eu delego o filho da puta e os relacionamentos do ‘filha da puta’.
Finalmente ele concordou. Meus dedos voaram nos contatos e achei: Clara sz’.
Fiz a ligação e esperei. Assim que uma voz dramaticamente melosa romântica saiu com um ‘Meu bebê’, passei a ele.
Meu bebê? Falta de criatividade é dose.
Fiz a cara de uma mãe obrigando seu filho a beber um copo de leite antes de dormir. Atenção, firmeza e uma postura imperativa demonstrando autoridade. Vai, Otávio! Faz como eu instruir!
Procurei seus olhos para que irradiasse de mim controle sobre ele.
_ Clara... Eu to te ligando para dizer que a gente não dá mais certo... É chato terminar por celular, eu sei, mas... – travando nossos olhos juntos, ele suspirou alto. – Na verdade eu estou aqui com outra garota e ela e eu só teremos alguma coisa depois de que nós tivermos acabado.
Ele retirou o celular do ouvido. Visualizei a tela do celular onde dizia ‘CHAMADA ENCERRADA’. Ela havia desligado.
Otávio deu um sorriso sem jeito ainda confuso.
_ Acho que agora estou oficialmente solteiro.
Devolvi um sorriso que alcançou meus olhos mesmo que eu não quisesse tanto. Toquei-lhe ao rosto e ele pressionou as mãos ao lado da minha cabeça.
_ Vamos ter muita diversão, Otávio – aproximei roçando os lábios nos dele. – Eu prometo a você.
‘Quanto ao fato de você gostar... Ai já é questionável’ – conspirei em silêncio.
Segunda feira
_ É sempre tão fácil assim? Consegui o que quer com os homens? – perguntei.
Malu cavou em um dos bolsos de sua bolsa e retirou um chiclete enquanto parecia pensar numa boa resposta para isso.
_ Nem sempre foram fáceis, alguns exigem mais complicações, outros eu desenrolo na primeira investida, mas ainda é a minha especialidade – ela começou a repartir o chiclete em pedaços com os dentes. – Você me custou um tempo mais longo, Enzo. Não esperava isso.
Eu não poderia dizer se ela estava consciente do ato, mas claramente isto estava me deixando desconfortável. Ela puxava a goma de forma ousada e enervante, era quase impossível não perder o senso de direção da conversa. Isto seria uma demonstração de como consegue ganhar caras?

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Capítulo 15 - 2/*

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Sim, eu sei que na boate ela procurou um emprego para estar próxima de mim, mas no Marchisi não.
_ Pela mesma razão que a Íris e o Leo mantêm os empregos deles. Estabilidade. Fixo; seguro. Adoramos o que fazemos, e nos rende bem, mas e se vier o fracasso? É bom ter um alicerce para o padrão de vida.
Tenho que concordar: eles são espertos.
Eu queria saber de tudo o que houve com o Otávio, não sabia por que realmente, talvez curiosidade, talvez egoísmo - para ter toda certeza que ele teve o maior peso, ou outra coisa... A proximidade deles, o que mais houve?
_ Me diz... – eu não sabia o que pedir e como pedir – Eu quero saber... O que mais houve com o Otávio?
Ela franziu os lábios, mas assentiu em continuar.
Malu
Eu esbocei o melhor sorriso sensual que consegui e fiz círculos em sua mão direita. Ele tinha uma missão a cumprir e eu estava lá para cobrar. Esta era a noite para que eu conseguisse a sorte de Clara, sua atual namorada, mesmo que ela não soubesse disso e com certeza detestasse saber dessa sorte.
Apesar de estar fazendo isso por meus interesses, isso terá uma resposta imprescindível para ela. Salve! Salve! Menos um canalha na vida de uma garota! No estado ébrio de duas noites atrás, ele me confessou que a Clara não pensa em sexo com ele agora, diz que quer casar virgem.
A pobre garota com certeza não tem que manchar o seu histórico de vida com o merda do meu ex-namorado. Portanto, agora estou reivindicando o “meu bem”, vai ser benéfico para ela e para mim, bom, talvez também seja para ele – se por um golpe de sorte o pai da garota tivesse uma arma, depois disso, o Otávio poderia muito bem ter uma passagem curta nessa vida.
Vamos evitar as catástrofes de todo o caso.
Ele agitou os cabelos loiro-escuros e me encarou. Acho que buscava uma rota de fuga, mas ele não iria achar nada para se agarrar.
Nós só poderíamos ter algo se a Clara estivesse fora. Ele sabia que exigiria mais tempo e esforço para moldar a namoradinha virgem; eu não sou mais, em compensação ele acreditava que poderia facilmente conseguir a mim. A decisão não era tão difícil assim: a “intocável e inalcançável” ou o seu oposto.
Bom, ao menos comigo ele tinha a certeza que rolaria. Diferente da Clara, que em seus métodos, solicitava uma burocracia.
_ Liga para ela. Diz que você infelizmente conheceu outra pessoa, sei lá, diz coisas desse tipo. Liga! –ordenei sustentando seus olhos verdes.
Não merda! Ele podia me passar à perna. Inclinei-me à mesa e arranquei o celular da mão dele num rápido movimento.
Eu mesma iria ligar, não estava mais aceitando o papel de otária.
_ Otávio, você está inseguro, estou quase acreditando que você não está com tanto desejo como diz – fiz um beicinho para ele num ato de deboche. – Agora me responde! Numa simples resposta podemos mudar rotas: eu continuo sendo a amiguinha e somente amiguinha ou eu passo a categoria de ‘amiguinha muito boa’.
Ele mordeu o lábio negando.

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Capítulo 15 - 1/*

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Segunda-feira
Pelo o que eu havia me queixado? As bobagens que ela fez para mim não se comparava ao que se passava com o Otávio. E o irônico nisso é que ele, que sofria a carga pesada, não estava reclamando de uma maldita vírgula, porque não sabia. Já eu, que recebi uma quantidade de besteiras não parava de contestar a má sorte, mas porque comigo era algo aberto.
E o Otávio bêbado realmente era uma fonte segura para ela. Fácil demais foi ter conseguido uma informação que fosse útil, ele segurou a língua quanto a minha profissão quando percebeu o que havia soltado, mas de uma forma ou de outra a Malu descobriu o ponto de cruzamento.
Aliás, amigos de merda os que eu tinha! Ela anexou o Wendell em sua pesquisa, o idiota nem se ligou sobre o que falava. Eu com certeza precisava lembrar a cada um deles que seria útil manter a minha merda dentro da boca.
_ Você usou meus amigos para chegar até aqui – eu disse extremamente neutro.
Já estava feito, eu não tinha que começar uma cena com ela.
_ Falando sobre o Wendell, não o culpe, na verdade, não culpe a ninguém. Culpe a mim, nem o Leo e a Íris precisam ter sua raiva descontada – apesar de assumir o erro, ela estava relaxada, não parecia arrependida. – Eu coloquei você nisso, a Íris sugeriu o Otávio, mas eu quis você também.
Cruzei as mãos à frente e pedi por mais.
_ E com a Luísa, você quis saber o porquê da minha rejeição – deixei vago para que ela continuasse.
_ Eu não te entendia. Íris disse ter ouvido que você estava estranho depois de romper com a sua ex. Depois do teste, eu sabia que tinha irritado o inferno em você, e achei que sua recuperação ao me perdoar poderia demorar um tempo que eu não estava disposta a perder. Queria saber o que te bloqueava, então fui até ela antes de resolver nossos problemas.
“Não adiantou muito, nem a Luísa entendeu o que se passou contigo, mas se ao invés de ir até lá, eu tivesse ido para a minha casa, você teria ligado os pontos muito mais cedo. Por que me seguiu justo aquele dia, Enzo?”.
_ Lembrei que era o seu dia de folga, eu não teria que esperar até a sua saída do Marchisi – respondi nostalgicamente.
Ela arregalou os olhos com admiração.
_ Nossa! Você lembrou! Voltando, a Íris já havia comprado uma vez uns produtos caseiros com a mãe dela, então foi um bom argumento para explicá-la como soube de lá.
Íris! Leonardo! Íris! Leonardo!
_ Você realmente tem uma equipe de primeira! Com apenas dois componentes, você pode mover terras e céus – sarcasticamente eu disse.
Ela sorriu meio divertida. Onde ainda se acha graça nisso?
_ Enzo, eles são muito influentes e você sabe disso. O meu casal de amigos são praticamente celebridades depois do ‘Apetite’, eles têm muitos vínculos, e a maioria de nós estudamos no mesmo colégio. Fora o fato de que eles nunca saíram daqui.
Ela tinha razão. Eles eram pessoas midiáticas, é óbvio que tinham seus pontos aqui e ali. Uma curiosidade veio à mente.
_ Você também deve ganhar uma boa grana nisso, por que trabalhar então?

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Capítulo 14 - 8/8

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_ É e não é, mudou coisas, mudou o significado, menino bom porque... Porque ele tá seguindo com a vida de um mauricinho, quase o engravatado da mãe, deixa só daqui uns anos pra a gente ver as gravatas dele.
_ E menino mau por quê? – perguntei irradiando curiosidade.
Otávio riu.
_ Ele tá fazendo as coisas embaixo do pano.
Embaixo do pano? Qual é o podre?
_ Amor, como assim?
Mais risos e mais viradas de copos de cerveja, mas ele ia me dar algo útil, disso eu tinha certeza.
_ Ele trabalha na boate. Boate Síntese! Já fui, legal lá, maneiro...
Hum... Temos um local.
_ Enzo trabalha na Boate Síntese? – eu não sabia onde era, mas agi como soubesse.
Ele percebeu algo após escutar a mim. De repente o Otávio ficou perdido no que falar e resmungou bobagens.
Eu queria perguntar mais, só que a reação dele não parecia muito boa, algo me dizia que ele não gostaria de continuar falando, fora o fato de que poderia ser suspeito se eu continuasse cavando, decidi morrer a conversa sobre o Enzo.
Afinal, eu não precisava de mais, eu tinha um local onde surpreendê-lo e um ponto a cavar: O que o Enzo pode retratar numa casa noturna? – Se isso é ‘Embaixo do pano’ então tem algo de errado.
Porque de duas coisas eu sabia: Ele era fotógrafo e o seu olho clínico estava na ‘Boate Síntese’.

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Capítulo 14 - 7/8

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_ Você entendeu errado – seus olhos cresceram quando viu alguém vindo, Otávio com certeza. – Cara! Não foi assim como tá parecendo, ela não me sacou.
_ Eu quero saber o que aconteceu – Otávio falou mais alto do que nós.
_ Seu amiguinho tá vindo de história, com muito ‘se’ nessa conversa, querendo saber sobre o meu próximo. Ele já tá supondo que você não vai dar certo comigo e comecei a achar que ele tá querendo botar currículo já – respondi exasperada, fingindo aborrecimento.
Estou contando que os ciúmes do Otávio resolva isso.
_ Tá ficando louco? Virou talarico, Rodolfo? A Levine é minha, sem próximo! Cai fora antes que eu desgrace a sua vida.
_ Otávio, não é bem assim, ela tá desviando...
_ Avá! Eu lá sou alguma otária? – o interrompi. – Você quer me dizer que essa conversa cheia de intenções é completamente sem sentido? Você me pareceu muito interessado para algo que era uma bobagem.
A raiva de Otávio subiu completamente, ele se atirou no cara e desferiu um soco que não saiu bem como pretendido dado que o Rodolfo desviou um pouco e do nariz, o punho acabou na bochecha direita.
Virei-me para que a câmera pegasse a briga deles. Ela mais parecia um broche na minha blusa. Levantei também a bolsa, havia deixado uma segunda nela.
As pessoas interviram enquanto eu apenas fingi estado de choque. Por dentro eu desejei que a luta continuasse, eles precisavam de um pouquinho mais de ação para manchar o histórico da amizade, um pouco mais de ressentimento não cairia nada mal.
O Rodolfo acabou indo embora segurando a cara e o Otávio se encheu de cervejas, ia agora a copos mais rápidos. Não demorou muito para que estivesse falando merdas.
Algo ainda girava na mente e a vontade também vinha.
Eu detestava apelar, realmente não queria ligar informações entre um e outro, mas o Enzo havia me visitado no Marchisi, e eu suspeitava que talvez ele tivesse mexido no meu celular, justamente quando fiz a tolice de me esquecer de botar a senha de volta e fiz a segunda merda quando esqueci o blackberry na mesa. Se eu pudesse ter algo de bom vindo da boca de um bêbado, que fosse.
_ Meu amor, e o Enzo? Por onde anda esse?
Eu não queria conversar de um para o outro, meio arriscado eu me perder no processo e soltar alguma informação que não deveria saber ou principalmente dar ideia do Otávio querer incluí-lo em uma de nossas noitadas.
_ Ah! Enzo... Enzo é o menino de sempre, o menino bom e o menino ma-au – tinha algo naquele tom de voz que não dizia simplesmente cachaça.
_ Passando o rodo geral né? Então Enzo não mudou em nada, ainda simpático e cafajeste – comentei.
Ele balançou o indicador dizendo que não.
_ Não, amor. O Enzo mudou, tá pegando menos, mas ainda tá, simpático... É... Tá, só que não como antes, tá mais sério. Palhaçada... fiu...
_ Então ele não é o menino de sempre – retruquei.

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Capítulo 14 - 6/8

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Nada melhor do que um idiota convencido para fazer as coisas andar mais rápido.
Eu havia vestido o look Louca-Mini: Blusa justa, minissaia e minicâmeras.
Já peguei o Rodolfo me conferindo, mas apenas mexi no meu rabo de cavalo dando uma de menina boba. Resolvi beber refrigerante, em vez da cerveja, porque isso queria dizer que eu tomaria em lata, então precisaria de um canudo. Abaixei a cabeça e suguei, dando uma mordidinha na ponta toda vez que o Otávio estava distraído para me assistir. Ele conversava com o Rodolfo e este escorria os olhos sempre que conseguia desviar de olhar do meu ‘amigo muito bom’ – nos tratávamos assim –, para observar o que eu fazia.
Eu sabia exatamente onde o raciocínio dele ia, era por isso que continuava fazendo o truque com o canudo. Já havia levantado para lhe dar visão das minhas pernas nuas e da minha bunda numa saia. Ele já estava se comendo em todos os lados.
Eu até fiz uma carícia no Otávio quando este estava prestando atenção em mim, deixei minha respiração quente marcar atrás de sua orelha e ‘acho’ que devo ter sussurrado algo mais alto do que deveria: Eu sempre sei como acertar um cara.
De plateia, nós tínhamos o Rodolfo. Então era uma questão de tempo até o Otávio levantar para urinar as cervejas e nós ficarmos sozinhos na mesa.
Com mais alguns minutos, ele levantou como havia previsto.
_ E então? Vocês são namorados oficiais?
Eu ri com simpatia.
_ Oh, não! Nós não namoramos. Somos bons amigos, apenas isso.
_ A amizade hoje em dia realmente é algo interessante – ele acrescenta com um sorriso intencionado.
_ É? Da mesma forma que o Otávio e você mantêm? – devolvi.
_ Não! Realmente não! Eu não sou gay e ao que vejo, ele também não é.
_ Ah é? E se eu te dissesse que ele é? O que você faria? Correria do seu amigo? – desafiei.
Ele riu e coçou o queixo, debruçou-se na mesa.
_ Amizade é amizade, não ia terminar por isto, mas eu iria querer saber por que você estaria perdendo seu tempo com ele.
Eu enrolei o cabelo no dedo e fiz cara de boba pensativa.
_ Hum... Para isso eu poderia responder que estou porque tenho a ele.
Ele me sondou considerando a próxima investida.
_ E se tivesse a outro?
Legal! Ele tá no clima, mas eu não sei como proceder daqui.
_ Isto tem haver com o futuro, não saberia como iria desenrolar o tempo, talvez tivesse outro para que eu saciasse minhas vontades, talvez não, mas que bom que o Otávio não é gay – enrolei e meio que respondi a pergunta dele.
_ Então você saciaria suas vontades no próximo... – ele deixou o resto vago.
Esse era o momento onde eu já poderia começar. Levantei e posicionei com as mãos firmes na mesa.
_ Próximo? Quem? Você? – a garota de respeito entrou no jogo.
_ Eu não disse isso, não me entenda mal – ele ergue as mãos num gesto de defesa.
_ Qual é? Você vem com esse papinho mole e o quê? Vai arregar? – joguei no vento.
Algumas pessoas prestavam atenção em nós.

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Capítulo 14 - 5/8

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_ Ele não teve só um acesso de raiva de curta duração, ele te amava, então ficou mal. Traia, mas amava – a sensação do cubo de gelo estava na garganta novamente.
Ela bufou.
_ Bobagem! Não ache que eu não sei o que se passou aqui, mantive contato com algumas pessoas, sei que ele se aproveitou da ideia de que ‘Levine me abandonou’ para conseguir consolos.
_ Realmente aconteceu. Ele pesou na balança entre isso ou sair por aí dizendo que ‘ele te traiu e você desconfiou e deu no pé’, sabia que na segunda opção todos achariam que era caô, justificativa pela dor de cotovelo, já que se espalhou a notícia que você estava longe.
“Mas o consolo era real, ele precisava ao mesmo tanto que queria, é claro que pessoas como a Íris e você concordariam que era tudo cena, mas eu sabia que não, nós éramos amigos, ele me dizia o que se passava naquele momento”.
Sua expressão foi de pouco interesse.
_ Você precisa saber mais. Então vamos voltar para os fatos.
_ O que agora? – questionei esfregando os dedos em círculos pela mesa de cimento.
_ Hum... Não preciso dizer sobre o seu endereço né? Menti, não precisei da internet para saber onde você morava, usei apenas a memória.
Lembrei-me da mensagem que havia visto no celular dela. A conversa com a Íris.
_ O ex-namoradinho que lhe dava flores, que mesmo brega você gostava, eu li isso na mensagem da Íris.
_ Era o Otávio, e o livro autoajuda não foi para nenhum problema de ‘adolescente e seus hormônios rebeldes’, eu só estava triste e enraivada.
Agora vêm os detalhes fazendo sentido.
_ Você me disse sobre ‘Abandono’ em algum dia daquela palhaçada de conhecer seus parceiros. Era isso então, você ter abandonado o Otávio.
_ Okay! Agora acho que você está me conhecendo demais, me sinto meio exposta – ela suspirou alto e esfregou as mãos. – Certo! E o que mais ainda tá fora do lugar?
Voltando pelo ponto onde paramos: Boate Síntese.
_ A ‘Síntese’, não foi com a Luisa que você soube disso né?
_ Mais uma vez, o Otávio.
Malu
Quinta-feira
Aquele maldito não tinha me dado nada. NA-DA! E eu não queria fazer algo normal no meu quadro principalmente quando é inspirado a ele.
Eu estava aqui no bar ‘Good Men’ com o babaca do Otávio, também conhecido como ‘Quesito n° 02’ – desde que o Enzo passou a ser um bundão, ele começou a ter prioridade na trollagem; ‘Quesito n°01’ significava mais esforço.
O corpo presente estava aqui, mas eu estava pensando no outro, algo que não deveria acontecer, eu tinha o meu segundo propósito indo esta noite, não podia estar focada pensando no que fazer com o Enzo.
A noite era para retirar o Rodolfo – amigo canalha de bar – da vida do Otávio. Mas eu ainda tinha algo sobre o Enzo rolando na mente. Por fim eu decidi apenas focar no Rodolfo.
Ele era meio gordo, nada mal de se olhar, mas também não era galã, só que pelo sorriso astuto que plantava ao lado de sua boca, você poderia imaginar que ‘egocêntrico’ estava firme em suas maiores características.

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Capítulo 14 - 4/8

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_ Por que eu iria querer justo você para isso? – o tom esnobe era perceptível, mas algo me dizia que ele estava já considerando.
_ Passar um tempo com quem você não gosta pode ser prazeroso, até excitante – adicionei isso com ênfase –, pode até não gostar da minha companhia, mas parece aceitável para alguma situação.
Ele pareceu pensar, por fim deu uma leve assentida.
_ Eu topo, mas só porque você está mais bonita. Não gosto de garotas feias – ele tem o seu sorriso arrogante acrescentado.
E assim é fácil colocar um otário na onda.
Terminamos a noite ingerindo álcool – eu em pequenas doses –, conversando sobre nossas vidas e planos para o futuro. Otávio não tinha planos exatos, mas comentou como seria um futuro bom para ele.
Falou sobre a namorada Clara, mas citou: ‘Nada definitivo’ – com uma piscadela ao final.
Não pairava ressentimentos dele, tudo aparentemente normal, como duas pessoas que se conhecem há anos. Foi apenas isso.
Trocando números de celular, deixei-o ainda no bar Scória e peguei um táxi. Após entrar, senti um estremecer no estômago, fui tão estúpida por ter chorado em Washington durante um bom período das noites. Ele confessou hoje tudo muito bem, relaxado é a palavra.
O olhar feio mais cedo era por ter o seu orgulho ferido, ele tinha absoluta certeza de que eu estava apaixonada – como era verdade – e se enfureceu quando leu o desdém nas mensagens que enviei no aeroporto.
Ele me fez chorar e me sentir uma otária e eu somente provoquei um acesso de raiva que duraram duas horas. Ou talvez uma.
Parece infantil se você chamar de revanche agora, quando podia cortar essa merda, mas não é esse o caso, não é a resposta que a Íris achava que eu tinha que dar. O fato era que: eu queria ganhar mais algum dinheiro e manter um público fiel. Para isso eu teria que fazer melhor, então precisei do Otávio.
O passado não é a razão da travessura, é só o motivo dele ter sido selecionado. Sim, depois de voltar a vê-lo e falar com ele me trouxe ressentimentos, alguma raiva momentânea, como houve com o Enzo, quando pintei no primeiro dia o quadro da ‘Camisa Sádica’. Dois lados exatamente iguais apesar da diferença das cores: branco e preto. Otávio e Enzo. A cor trazia a ideia de que um lado era dominante ao outro, um deles era bom e o outro mal. Pobres coitados! Eles eram o mesmo.
Ao menos no passado. Enzo mudou, mas eu realmente não precisava disso. Só parecia dificultar minhas táticas, sentia que precisava remexer todas as partes que já havia planejado. Era uma puta dor na bunda!
Segunda-feira
Legal saber que ela teve problemas no seu interior quanto ao que fazer comigo. De tudo o que sabia só naquele instante me sentia um pouquinho mais importante, não somente um elemento barato. No consciente, ficou o pensamento de que se ela tivesse vindo a menos de 03 meses, teria me encontrado da forma que imaginou.
Mas ela tinha errado em algo sobre o Otávio.

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Capítulo 14 - 3/8

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Fitei-os descaradamente, não me importando de ser flagrada no processo. Estudei-o com satisfação, o Enzo exigiria mais de mim, mas o babaca à esquerda podia ser saciado com uma ponta de unha.
Apesar de ele ter se enfurecido quando fiz pouco caso do que tínhamos, não precisava muito para que “me perdoasse”.
Depois de uns 20 minutos a garota aproveitou o recebimento de uma ligação para sair, abandonando-o frustrado.
Virando a cabeça, ele me pegou assistindo. Ergueu uma sobrancelha me questionando e eu lhe dei um sorriso sarcástico.
Levantando do meu assento, caminhei até a sua mesa e escorreguei na cadeira onde estava a garota.
_ É o quê? Vai curtir com a minha cara? – sua voz era rude e grossa.
_ Não, só estou esperando que me dê às boas-vindas.
Pela careta de estranhamento, eu confirmei o que achava: ele não me reconheceria.
_ Eu não seu quem é você, mas já que faz questão: Seja bem-vinda! – ele enfatizava as palavras.
A garota realmente o havia perturbado. Não desviei os olhos dele.
_ Isto é lamentável, Otávio. Eu me pergunto se estou muito diferente ou se as pessoas me apagaram de suas memórias.
Consegui sua atenção por completo.
_ Legal! Sabe o meu nome e, gatinha, cê me parece familiar. É uma pena não lembrar.
_ Levine. Gatinha nunca me agradou.
Eu esperei por suas emoções e aconteceram da forma que imaginei: confusa, enraivada e entediada – como um deboche.
_ Não foi convidada para esta mesa, saia – disse me dispensando.
_ Não está parecendo que vai vir mais alguém, você por acaso tem um segundo encontro? É assim mesmo, é? Previu que não ia bem ao primeiro? – eu quis chateá-lo um pouquinho.
_ Eu te traia! Colocava chifres em você! – ele admitiu.
_ Nunca achei que haveria futuro, não éramos bom para o outro naquele tempo.
Nem em tempo nenhum.
_ O que faz aqui sinceramente? – seu tom de voz foi alterado um pouquinho.
_ Estava frustrada então vim te dar ‘Oi!’ – disse eu normalmente.
_ Você me surpreendeu, não achei que fosse tão fria com relação a nós, parecia feliz.
_ Eu estava feliz, sempre ouvi que curtir os momentos era a melhor opção então fiz isto. Você era o momento, eu curti. Minha felicidade não tinha nada haver com amor ou paixão – já estava ensaiada essa parte.
_ Eu não gostei de pagar papel de palhaço. Se ligou?
Apoiei os cotovelos na mesa cruzando até ele.
_ Bom, eu acabei de escutar que tomei chifres, então acho que podemos virar esta página.
Ele riu como se essa fosse ‘a piada da noite’. Olhando por um lado, realmente era.
_ O que quer dizer? Uma nova página?
Fingi pensar na hipótese.
_ Por que não levamos isso devagar? Podemos fazer algo que não envolva sentimentos.
_ Por que isso agora?
_ Não tenho nada melhor para fazer às noites, dado que estou aqui há pouco tempo e ainda não conheço muita gente, e você parece que precisa de alguém como eu, mais livre, mais solta... Vamos lá, isso pode ser legal.
_ Isso o quê? Especifique.
_ Conversas, bebidas, jogos, uma amizade de bar – recitei.

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Capítulo 14 - 2/8

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Eu ia aparecer para ele como Levine, não com o nome de Malu. Embora eu saiba que os amiguinhos estavam afastados, não poderia ser descoberta caso as coisas mudassem e eles tivessem um papo no tema ‘a garota com quem estou’.
Comprei uma tinta spray cor castanho-escuro e cuidei dos fios azuis, afinal não é todo dia que ambos têm uma garota com a mesma cor de cabelo se for incomum. Até com o batom a Íris cismou, ela achava que precisaria manter rosa para o Otávio e vermelho para o outro.
E então eu só tinha que manter cuidado caso viesse o papo de ‘fotos’ e estar de olhos abertos com a possível aparição do outro.
O plano era seduzir, alimentar e estragar.
O Leo sempre foi exatamente um louco quando se tratava da Íris, e nós tiramos vantagens disso. Ele conseguiu três pessoas para espiar os bares. Todas essas pessoas trabalhavam lá: um segurança que lhe devia um favor, e dois garçons que subornamos com gorjetas legais.
Dessa forma, assim que a vítima aparecesse, um deles ligaria.
Assim somos nós, terrivelmente prontas para planejamento e tática. A Íris adora isso, e quando lhe dei um idiota culpado para se divertir, ela moveu todos os membros, dominou os detalhes e me deixou com o envolvimento.
Soube que a vida do Otávio se resumia a ressacas do dia anterior, discussões com seus pais, algum tempo com a sua namorada e noitadas em bares e festas.
O celular da Íris vibrou com uma mensagem, ela leu em voz alta:
“Ele chegou no ‘Scória’ há 10 minutos”.
Corri para o banheiro.
~ll~
Saí do táxi e parei em frente a um bar elegante. Juro que esperei algo decadente e pessoas cheirando a álcool e suor, mas o local era limpo e tinha um bom movimento de pessoas que pareciam conhecer a palavra ‘banho’.
A maioria eram homens. Sentei-me numa banqueta, em frente ao barman que me cumprimentou com um sorrisinho, e me virei para melhor visão do bar. Pôsteres, uma TV ligada em algum jogo de futebol, universitários conversando sobre a prova do dia, alguns caras dedicando atenção em garotas e música baixa.
Pedi um refrigerante ao barman e procurei pelo Otávio. Estava apreensiva quanto a encontrá-lo novamente, repeti mensagens para o meu equilíbrio emocional sobre eu já ter superado a merda e agora ser uma pessoa difícil de ser lida até para aqueles que estavam próximos; e em seguida, saquei o blackberry para mais uma conferida no Otávio atual.

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