L.C.

Ok, vou falar algumas palavras sobre Mary e Max.

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Visando apenas os aspectos técnicos, esse longa-metragem em desenho animado feito inteiramente com massinha e argila tem tudo para te deprimir. A arte do filme usa cores frias e escuras para criar uma atmosfera melancólica e monótona, o que cai muito bem para a diferenciação de cenários: desde uma Austrália colorida em tons terrosos e sujos até uma Nova York cinzenta e repleta de irregularidades.

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Os enquadramentos são perfeitos, capturando os melhores ângulos para cada cena, com giros de câmera e subidas milimetricamente pensadas. A trilha sonora alegre e divertida confronta o ar pesado do resto do filme de um jeito apaixonante, mostrando que sempre pode haver um lado feliz (assim como pode haver um lado triste) em cada momento da vida. As músicas são verdadeiras obras-primas, parece que foram compostas por orquestras (essa é a minha preferida: https://www.youtube.com/watch?v=cRot3UdFTU4 ). Até os momentos em que não há música alguma, pra não atrapalhar a fala do narrador ou de algum personagem, ou até alguma reflexão do espectador, são ideais.

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Sobre a dublagem dos atores: perfeição. Não assisti a versão dublada em português, mas a dublagem original não poderia ter sido melhor. O dublador do Max (vencedor de um Oscar) consegue carregar culpa, decepção, arrependimento, cansaço e medo em sua voz com uma tranquilidade surpreendente que combina muito bem com o personagem, como se ele já estivesse acostumado a todos aqueles sentimentos, fiquei impressionado com como ele conseguiu entrar no papel. A dubladora da Mary (indicada uma vez ao Oscar) combina curiosidade, simpatia, entusiasmo e carisma à personalidade da Mary de uma maneira única. E o narrador tem aquela voz de narrador típica, como a do narrador de The Stanley Parable.

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A história é tão realista que chega a ser depressiva. O único motivo para assistirmos desenhos animados é fugir da realidade, e este filme é tão encharcado de realidade, desde as mensagens filosóficas e profundas trocadas entre Max e os pedidos tocantes de aproximação de Mary, que sofremos por termos noção da impossibilidade de uma amizade entre eles dar certo. Mesmo assim somos puxados por esse fio de incerteza e esperança até o final - que fecha com uma segurança rara em filmes desse gênero as promessas quebradas e refeitas de um encontro entre Max e Mary.

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Mary e Max é uma carga pesada de realidade que é jogada na sua cara com a maior força possível.
Amei esse filme, muito obrigado mesmo pela recomendação, Pon.
Nota 9/10

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