@FabioPauper

† Fábio Silvério φ

Como alguém pode convencer-se da existência de Deus?

Depende muito. Geralmente, nós olhamos a realidade a partir de um ponto de vista que é formado pelos nossos pressupostos. Isso colore o mundo de um modo específico. Cada pessoa, então, vê a realidade de uma "cor", a cor da sua cosmovisão. Uma pessoa que tenha, por exemplo, uma posição racionalista, corta, a priori, tudo quanto não caiba nela, e as suas disposições sensíveis tenderão a se adequar a isso, resistindo a qualquer proposta que sugira algo radicalmente novo. Essa resistência é anterior ao próprio raciocínio e o condiciona, infelizmente, motivo pelo qual a objetividade não é um fenômeno muito comum. Mesmo assim, a capacidade lógica não é destruída, graças a Deus. Se uma pessoa encontra em si uma abertura mínima para considerar de um modo real a possibilidade de que Deus existe, então há algumas alternativas:
- Há os argumentos objetivos, que partem do mundo e levam a Deus. Eles estão bem resumidos nas chamadas 5 vias de Sto Tomás de Aquino;
- Há um argumento puramente lógico, de Sto Anselmo, chamado "Argumento Ontológico", que foi depois retomado por Descartes;
- Há o argumento moral, que vê na existência de Deus o único fundamento de uma ética não egoísta;
- Há o argumento dos milagres, cuja evidência é capaz de convencer a inteligência de qualquer pessoa minimamente sã;
- Há, ainda, o argumento do fato da ressurreição de Cristo e o comportamento dos apóstolos que seria inexplicável se Jesus não tivesse voltado à vida de fato. Esse argumento é utilizado pelo conhecido filósofo William Lane Craig.
O tal do argumento da experiência - de que uma pessoa só conhece o que experimenta - e que é o mais evocado pela maioria - é o argumento do "Um amor pra recordar": Deus é como o vento: não o vemos, mas sentimos - é puramente poético e não se sustenta como prova de nada. As experiências subjetivas são psicológicas e podem ser facilmente induzidas. Veja-se o caso do Derren Brown. A pessoa que tem essas experiências imprime a elas um significado posterior. Duas pessoas que sentem a mesma coisa podem atribuí-la a Deus ou ao Buda. Isso não funciona, portanto, como prova de nada e é melhor não apelar a isso.

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Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda eternidade?

Gostei da referência, consciente ou não, ao conceito de "eterno retorno" do Nietzsche.

“O que ninguém sabe, ninguém estraga”. Verdade ou mentira?

Verdade. Os olhos não são máquinas fotográficas, mas canais pelos quais a energia é comunicada. Uma pessoa, ao ver certas coisas, tem certas reações emocionais. Essas emoções têm uma natureza energética. Essa energia é comunicada involuntariamente.

Por que rockeiros são tão preconceituosos com outros estilos de música? Existem tantos estilos bons como blues, chorinho, jazz, bossa-nova, música clássica, entre outros.

Por que você é tão preconceituoso com os rockeiros?

Já parou pra pensar que quando a gente conhece alguém não sabemos nada sobre ela?

Se a gente não sabe nada sobre ela, então a gente não a conhece. O fato é que nós mais projetamos do que conhecemos. Há uma rede muito densa de desejos, expectativas e medos a partir dos quais o mundo é visto. Essas telas distorcem necessariamente tudo quanto se vê. A memória e a imaginação também cometem todo tipo de injustiças condenando a pessoa a estar sempre presa nos esquemas que a gente já acha que sabe dela. A única forma de escapar disso é ficar consciente do processo. Quando se fica consciente dele, a pessoa meio que o olha como se ele fosse exterior a ele, como se ela estivesse num lugar à parte. Nisto, ela descobre uma instância diferente da psíquica, e é esta descoberta que lhe permite colocar-se acima do automatismo da projeção. O amor não é uma experiência psíquica, mas noética.

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um conselho para quem conheceu uma pessoa indecisa

O pêndulo vai pra esquerda e depois vai pra direita. Espere-o no meio. Tente dar à pessoa indecisa algo da sua estabilidade, mas não a force demais. Adapte-se um pouco, também.

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