† Fábio Silvério φ

Seu nome de batismo era João de Yepes. Tinha facilidade para os estudos e dotes artísticos. Trabalhou um tempo auxiliando doentes num hospital. Com 21 anos, entra na vida religiosa, na Ordem Carmelita. Percebendo a distância entre a regra e os costumes dos irmãos, passa a desejar entrar na Ordem dos Cartuxos. Esta é a época em que Sta Teresa D'Avila o encontra e propõe que fizessem a Reforma, que S. João aceita. Pouco tempo depois, ele é raptado pelos Calçados que o prendem numa salinha estreita, onde mal se podia ficar de pé, por nove meses. Nessa época, ele recebia uma comida muito escassa e de péssima qualidade. Todos os dias, era retirado da sala para que os Calçados tentassem dissuadi-lo da reforma. Como ele permanecia irredutível, apanhava a costas nuas ao ponto de seu hábito ficar encharcado de sangue, fato que os próprios noviços calçados lamentavam. Ele, porém, não reclamava. Foi provavelmente nessa época que ele compôs alguns de seus poemas, sobretudo o que fala da Noite Escura.

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"Oh noite mais amável que a alvorada;
oh noite que juntaste Amado com amada,
amada já no Amado transformada"

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Depois de nove meses, encontrou ocasião de fugir e, então, continuou a trabalhar pela reforma. Costumava fazer três pedidos a Deus: 1- não passar um só dia sem sofrer; 2- não ser superior da sua Ordem; 3- morrer desprezado e esquecido.

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Com 49 anos, adquiriu uma enfermidade numa das pernas onde se viam cinco chagas. Ele se dizia honrado por possuir as cinco chagas de Jesus num só dos membros. Esta enfermidade depois se alastrou para todo o corpo. No entanto, João demonstrava uma paciência sobrenatural, fato que espantou o próprio médico que o tratava e no qual às vezes fazia certas intervenções físicas sem qualquer cirurgia, a ponto de descobrir-lhe os nervos da perna.

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Já enfermo, teve a possibilidade de escolher para onde deveria ir para se tratar. As opções: um convento onde o superior era muito seu amigo - além da comunidade que o admirava e estimava - e que dispunha dos recursos necessários; ou outro lugar em que ninguém o conhecia e o superior lhe tinha antipatia por causa de uma antiga reprimenda feita pelo santo contra ele. S. João optou, então, por esta segunda casa.. De fato, chegou a ser desprezado e maltratado. Foi aí que ele faleceu, não sem antes ter ajudado na conversão e arrependimento do superior da casa. Sabia a hora em que ia morrer e, chegado o momento, tomado de grande alegria, segurava nas mãos um crucifixo e pediu para que lhe fossem lidos trechos do livro dos Cânticos, aos quais respondia: "que pérolas.. que pérolas.."

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Pouco tempo depois, o leito seria tomado por uma luz e S. João da Cruz partiria para a morada celeste.

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