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..★´-:: “Descobrir que eu não sentia mais saudade doeu quase mais do que o tempo em que só ela mandava em mim. Doeu por uma fração de segundo que, acredito, seja parecida com a dor de um tiro: instantânea; depois da cirurgia, a cura. Doeu porque a morte da saudade é a morte definitiva da nossa história, e eu nunca soube lidar com enterros ou saber qual flor levar ou, então, não levar. Doeu porque meu destino é cultivar e nunca deixar. E por mais que se acabem os sentimentos, eu nunca quis que acabassem as pessoas. O nosso desandar me confundiu, eu até pensei que não ia reencontrar o caminho, mas a gente sempre exagera no amor, porque, se não for assim, não seria amor - e ainda bem que há o tal do amor. Ver ir embora aquela saudade que já era companhia foi como se de novo alguma coisa estivesse faltando. A diferença é que agora não pesa mais. Fora a tristeza por não seres metade do que a saudade te fazia ser, o resto é vento e também se vai. A saudade se foi. É uma pena, pois eu gosto de colecionar pessoas para trocar umas filosofias baratas num dia qualquer e acabar com aquele “te cuida” do fundo do coração, porque a gente não precisa se remoer para sempre. E isso tudo é só uma constatação dos tempos que também se vão.”