jennifer

“Deixa eu encontrar teus olhos, percorrer teu braço com um toque suave, pra te ninar. Deixa eu te trazer para perto de mim, deixa eu roubar um pouco do teu calor, e deixa eu te ter pra sempre. Deixa eu me aquietar em teus braços e deixa eu ser teus planos para amanhã. Deixa eu perder a noção do tempo na tua cama, deixa eu habitar teus sonhos, teu futuro. Deixa eu ser teu encanto pela manhã, teu conforto durante a tarde e teu desejo por toda a noite. Deixa eu ser tua companhia constante, tua inspiração de todos os dias. Deixa eu ser quem te ajuda a escolher roupas, quem comenta teus rabiscos, quem vai contigo na locadora escolher a maratona do final de semana. Deixa eu roubar um pouco da tua pipoca no cinema, e me deixa roubar o cobertor durante a madrugada. Deixa eu te dar carinho, apoio, cobertura, refúgio e segurança quando for preciso. Deixa eu fazer teu café da manhã. Deixa eu ser o motivo do teu sorriso e sua companheira na viagem não-planejada. Deixa eu estar ao seu lado nos bons e maus momentos, deixa eu ser pra quem você conta todos os teus problemas, sabendo que aqui, encontrará a solução. Deixa eu te fazer cafuné, e deixa eu indicar o próximo livro, ou a nova cantora. Deixa eu tirar teu tédio, deixa eu ser teu favorito entre todos desse mundo. Deixa eu entregar-me a ti, por inteiro. E também deixa eu descobrir as nuances da tua pele, ser tua melhor qualidade, ter todos os teus elogios, ser teu orgulho. Deixa eu ter, em minhas unhas, tua carne, possuir teus olhares tentadores e ser teu exemplo. Deixa eu perder-me em teu corpo, teu labirinto infinito, teus olhos quentes. Deixa eu te conquistar, te querer, desejar. Deixa eu te amar, para todo sempre. Deixa?”

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“E essa minha vontade louca de te ligar e dizer: “Fulando, eu sei que você só consegue me ver como uma simples amiga, só que eu não quero ser somente sua amiga, consegue me entender? Eu te quero, ou melhor, eu preciso de você, eu necessito, você é um vício pra mim, seu sorriso, ah seu sorriso, ele me encanta, e essa sua voz grossa é música para os meus ouvidos, seus olhos são lindos da cor do mel. Eu sei que to parecendo uma garota bobinha apaixonada, fazer o que se eu sou assim. Esse sentimento maluco que me faz ficar assim, ás vezes triste, mas é só ver você com um sorriso que eu fico totalmente sem jeito e com uma vontade maluca de te beijar e te pedir em casamento. Eu imagino você com ciúmes, andando de mãos dadas comigo.” Enfim, vou parar de ficar ensaiando e ligar de um vez e falar tudo isso pra você.”

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Eu juro, Annabelle, juro que tentei ser alguém melhor pra você, pra nós. Mas olha só pra mim… Eu sou apenas um babaca sentado na mesa de um bar, tomando um porre. Um porre de você. Sabe, eu poderia te ligar agora ou ir parar na porta da tua casa como das últimas vezes, mas sinto que essa não seria uma boa ideia. Você não é mais a mesma de antes, você mudou, mudou sua vida e eu sei que nessa sua nova vida, eu não estou incluído. Todos os malditos erros que cometi contigo fizeram com que esse amor se desgastasse, não é? Você apenas se cansou de mim. E mesmo não querendo entender, eu entendo. Perfeitamente. E assim como você, eu procurei tentar te arrancar da minha vida, mas confesso que não tive muito sucesso. Eu não consigo, Anna. Não consigo te tirar de mim. Tá sendo difícil pra mim conseguir conviver com a falta que sinto de você. Sei que sou um cafajeste, um idiota, desastre e que consequentemente não combino contigo. Mas quem se importa? Nunca gostei de nada que fosse certo, deve ser por isso que gosto tanto de você. Você é toda errada, eu também. E é por isso que tô aqui, fazendo papel de trouxa por você. Já perdi a conta de quantas doses de whisky tomei e mesmo assim não consegui te tirar da minha cabeça. E pra falar a verdade, ainda tô com vontade de ir bater na tua porta e falar tudo que sinto. Mas eu tenho certeza que quando eu te visse, não saberia o que dizer. Mesmo estando completamente fodido porque não resolvi essa porra toda antes, ainda prefiro me esconder em palavras que você melhor do que ninguém sabe que não iriam fazer o menor sentido. É que sei lá, Anna. Eu tô com medo de abrir a boca e conseguir estragar mais ainda as coisas entre nós, se é que ainda posso usar o termo “nós”. Eu sempre fui daqueles otários que brincam com as pessoas, mas com você é tudo tão diferente, eu não consegui fazer o mesmo. Você é a única garota que eu nunca quis, e no final acabei querendo mais que tudo. Tu tem noção do que é isso? Porra mano, eu precisei mesmo perder você pra ter a certeza que você é tudo que eu sempre quis e que minha vida sem tua presença não é nada. Não é atoa que ainda tô nesse bar acabando com o estoque de bebidas enquanto toca aquela música. A nossa música. Eu estraguei tudo, tudo aquilo que tínhamos. Cara, eu sinto muito por ter errado tanto contigo, de verdade. Mas pra ser bem sincero, ter feito tudo que fiz por um lado foi até bom. Não que eu quisesse te machucar, mas porque se eu não fosse essa bagunça que sou e agisse sempre certo contigo, você não tinha se interessado por mim. Por que é isso que a maioria das mulheres fazem, não é? Se apaixonam por cafajestes cheios de erros para fazer com que eles mudem por elas. Mas eles nunca mudam. E contigo aconteceu o mesmo. Você me viu e logo quis me mudar, só que eu não tenho jeito. Nasci errado e vou morrer errado, é fato isso. Eu sinceramente tô me sentindo muito culpado por ter entrado na sua vida e bagunçado absolutamente tudo. Então me desculpa, Annabelle. Me desculpa mesmo.

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“E assim sou, fútil e sensível, capaz de impulsos violentos e absorventes, maus e bons, nobres e vis, mas nunca de um sentimento que subsista, nunca de uma emoção que continue, e entre para a substância da alma. Tudo em mim é a tendência para ser a seguir outra coisa: uma impaciência da alma consigo mesma, como com uma criança inoportuna; um desassossego sempre crescente e sempre igual. Tudo me interessa e nada me prende. Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais de com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei. Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra, ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito. Sou dois, e ambos têm a distância — irmãos siameses que não estão pegados.”

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Resolvi atravessar meus limites.
Todos aqueles limites que eu mesma coloquei, resolvi superar tudo aquilo que me prendia que não me soltava de forma alguma, resolvi me desprender do passado também, de todos que se foram, e principalmente dos que me atrasavam, resolvi cortar os meus incontáveis vícios, aliás, as minhas incontáveis necessidades, cortei todos eles por me prenderem ao que eu era, e porque o que eu era já me fazia mal há tempos. Cortei raízes com coisas que pra mim me mantinham de pé, do que adiantava ter raízes que me mantinham se elas me deixavam presa ao mesmo lugar. Eu caminhei pela primeira vez sozinha de novo, senti o vento me engolir, e certo medo de me machucar, mas lembrei de que sou forte e que apesar de tudo o que dizem, e do quanto todos temam e se martirizem o mundo lá fora não é tão cruel! Não quando você volta a acreditar em si mesmo.”

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“Eu quero poder acreditar na volta de 365 dias que eu dou em torno do Sol. Eu me pego pensando nas loucuras pelas quais passei e nas que queria ter passado mas que não vieram. Eu chorei por motivos frívolos e ri por motivos mórbidos. Eu tento pensar com clareza, mas minhas ideias não estão seguindo a realidade. Eu penso que posso estar em todos os lugares e ouvir todas as pessoas ao mesmo tempo. Eu tento ajudar de todas as formas que posso, e depois, quando sou eu quem precisa, ninguém faz por mim. Mas eu não me importo - ou pelo menos finjo isso, porque no fundo isso dói - e tento levar a vida nos conformes, sempre ajudando e me doando ao máximo para fazer o outro feliz, mas me esquecendo de minha própria felicidade, que aliás, está na felicidade do outro. Essa abnegação que toma conta do meu ser já está lá, entranhada em meu organismo desde o dia em que nasci, eu não consigo mudar isso e sei que nunca conseguirei. Eu luto todos os dias para derrubar esse monstro que tenta me mudar e ganho todas as vezes, mas já estou ficando fraco e preciso de um ombro pra chorar e me derramar de corpo e alma. Eu posso estar soando melancólico, mas a vida às vezes é cheia desses socos no estômago. Eu fecho os olhos e tento sonhar com as minhas alegrias, mas a única coisa que vem em minha mente é aquele abismo em que eu caio todos os dias, uma queda infinita que me faz acordar de sobressalto e que me machuca por dentro e por fora. Amigo, eu não estou mais tão feliz, não estou no ápice, a única coisa que preciso é de alguém que me escute verdadeiramente e que possa carregar as minhas lágrimas até o dia em que eu precisar bebê-las novamente. Eu tento me consolar no pensamento de que tudo passa, apesar do tempo que isso leva e das dores que tudo isso traz, mas passa, mesmo quando tudo parece impossível, mesmo quando o cinza toma conta do colorido que é a vida. Passa pra todo mundo. Eu me pego pensando na minha vida aos cinco anos, onde tudo era festa, mas depois me lembro do meu melhor amigo morrendo na minha frente no mesmo período e de como isso me traumatizou. É uma coisa que eu trago comigo até hoje: a morte de alguém querido, alguém jovem, que nem meia década tinha direito. Eu penso em tudo isso e justamente por isso eu estou aqui de braços abertos para quem quiser, me apego às pessoas que me fazem bem, com novos melhores amigos - e dessa vez mais vivos do que nunca - bem perto de mim, me abraçando, me fazendo rir. Mas eu ainda me lembro das minhas tristezas do passado e das novas, me lembro de que tudo é bom e ruim e choro até molhar o meu travesseiro, porque eu sou todo sentimentos e tenho um coração do tamanho do meu intestino delgado.”

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