† Fábio Silvério φ

Cara, funde uma corrente budista que cultue os santos católicos, e vá lá pra Índia, Japão, Tibete. Vejamos se eles não dizem que você está equivocado. A mesma coisa com o hinduísmo: chegue lá pela Índia dizendo que a tríade Brahma, Vishnu e Shiva não é mais que a Trindade Católica com outro nome, e vamos ver se eles reconhecessem a ortodoxia da sua afirmação. É óbvio que todas essas religiões possuem um corpo doutrinal essencial fora do qual você não é budista ou hindu. E isto porque a raiz mesma das religões não são as sensações ou o pensamento positivo, mas a Verdade, que é uma só.

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No caso do Cristianismo, esta Verdade é crida ter-Se feito homem, ter falado conosco, e ter dado autoridade para o ensino e para a defesa, o que faz da Igreja docente e combatente. Ele mesmo falou categoricamente: "Ninguém vai ao Pai senão por Mim" e "Quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita", e ainda "Aquele que crer e for batizado será salvo. Aquele que não crer, será condenado". Isto tudo significa que a Igreja recebeu o encargo de ir aos quatro cantos do mundo e dizer também de modo categórico: "Deus nos confiou o único caminho verdadeiro para Ele. Não há uma Verdade total alternativa."

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Ela não tem o direito de não ser assim. A força da Sua pregação não vem dela mesma.

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Vi isso ontem à noite. Estávamos eu e um amigo, que também é da Filosofia, e, ao término do vídeo, dissemos em simultâneo: "que merda..."

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O argumento do vídeo é o problema do mal que, como eu disse de outra vez, está respondido desde Sto Agostinho. Resumindo de modo genérico:

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Deus é bom. Criou seres bons. Para que O pudessem amar, criou-os livres. A liberdade inclui a possibilidade de não querê-Lo. Deus aceitou o risco. Alguns não O quiseram. Dentre os anjos, tornaram-se demônios. O ser humano pecou e, com ele, "a terra foi maldita", pois o homem é senhor do cosmos. A desordem se instalou e, desde então, até a criação espera "como mulher em dores de parto" pela Renovação de todas as coisas. Então haverá "novos céus e nova terra". E por que é preciso que isto se dê? Porque os antigos estavam desordenados. Temos, então, a gênese do mal, tanto voluntário quanto natural.

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Porém, considere ainda duas coisas: 1- o mal físico não acaba com o ser humano. Este possui alma imortal. É indestrutível. 2- Deus imediatamente depois da Queda já dispôs o Seu plano de Redenção, que incluía o oferecimento do Seu próprio Filho em Sacrifício pelos homens.

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Então veja: As "desgraças do mundo" de que fala o jumento do vídeo são efeitos da desordem. Tirar o sol da via láctea e depois reclamar que os efeitos não foram bons não é muito razoável. O pecado é um ato de desordem; é uma tentativa de descentrar a Deus. Mesmo que não leve a termo o intento, já pressupõe, na própria tentativa, uma vontade doente e uma inteligência embotada. Fique de repente meio cego e você não poderá imputar a terceiros o fato de ficar caindo e trombando nas coisas da rua.

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Quanto a Deus ser instável, é outra burrice monumental. O que mais se diz, em toda a tradição judaica e cristã - e é Deus mesmo Quem o afirma - é que Ele não muda, é imutável. Todas as expressões que sugerem mudança em Deus - como dizer que Ele se arrepende, que se ira, etc - são apenas linguagem comparativa. Arrepender-se ou irar-se pressupõe surpreender-se, o que não se dá quando se é onisciente.

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Quanto a Deus ser egoísta, por que você acha que Ele criou tudo? Porque precisava de nós? Deus não nenhum tipo de carência. A nossa existência não Lhe acresce um átomo de felicidade. E por que Ele nos criou? Por pura bondade. E como se não bastasse, ainda aceitou assumir a nossa natureza e morrer por nós no momento mesmo em que o rejeitávamos. Isso é egoísmo? Eu diria solenemente que esse sujeito do vídeo fosse tomar no rabo.

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Por fim, o que há é uma indignação moral. E qual é a fonte deste desejo do bem? Se não houvesse uma fonte do bem, não haveria por que revoltar-se. Só é possível reclamar da curvatura de um traço em contraste com uma linha reta. O senso moral só tem sentido em relação a um bem absoluto. E de onde vem essa intuição?

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Enfim, esse cara é um asno. E vc, velho, se se incomoda com essas tolices, imagina quando vir algo mais razoável.. Veja o vídeo abaixo. Abraço.

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https://www.youtube.com/watch?v=d4huoxbD9vQ

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Não sei dizer se houve, e penso mesmo que não. Pelo menos em se tratando de mística católica. Já o Boehme, que foi um alquimista e místico luterano, parece ter sido algo influenciado pela Kabbalah, mas disso não sei muito.

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O fato de duas correntes espirituais se corresponderem em algum grau não se deve à influência direta de uma sobre a outra, numa relação de causa e efeito. Se deve, antes, ao fato de que as intuições espirituais, quando verdadeiras e adquiridas em vários lugares, produzirão um símbolo assemelhado e uma lógica comum. Além do mais, como a realidade referida é sempre supra-sensível e, por isso, supra-conceitual, a linguagem usada será sempre analógica, de modo que, seja qual for a natureza da pretensa realidade última, uma religião não pode senão apontá-la de modo negativo. Houvesse duas realidades últimas distintas, duas religiões que correspondessem, cada uma, a uma dessas realidades, usariam, ainda assim, termos análogos. E isso mesmo quando ou se houver erros quaisquer em alguma delas.

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O conhecimento matemático me parece ser a abstração das quantidades e proporções com as quais lidamos todo dia. É claro que ela é mais que isso, mas este me parece ser um tipo de "matemática de todo dia" do homem comum. A mente é dotada do senso de proporção e reconhece ordem nas coisas. Isto significa que ela mesma está organizada, pois "o semelhante se conhece pelo semelhante". O mero fato de percebermos a harmonia dos sons musicais, que são sons vibrados em frequências específicas, e os entendermos como "afinados", indica a necessidade prévia de a percepção auditiva estar, ela mesma, afinada, isto é, ordenada matematicamente. E não apenas os sons, mas o tempo, os silêncios, a ordem da sucessão, etc., tudo isso é ordenado matematicamente e exige, para a reta apreciação, uma mente cuja ordem imanente já seja matemática.

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A matemática preexiste os próprios entes pois é a lei a partir da qual eles são feitos e organizados. Isto aponta para a uma inteligência anterior à constituição do mundo. Quando a Escritura diz que Deus fez tudo com medida, quantidade e peso (Sb 11,21), é justamente disto que se está a dizer. A ordem preexiste ao mundo. Este mero versículo foi fundamental para o otimismo epistemológico que permitiu o advento da ciência.

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Mesmo que eu não a estude detidamente, ela está, claro, pressuposta neste sujeito que filosofa, no concatenamento das idéias, na intuição das proporções - que permitirá o senso estético -, na ordem moral - fundamental para o conceito de Justiça -, na objetividade da Verdade.

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Não à toa, a plaqueta que encimava a Academia de Platão trazia os dizeres: "Se não souber Geometria, vaza."

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