† Fábio Silvério φ

Tenho visto bastantes críticas ao Guénon, e a coisa geralmente é dita no tom de "Não toque! Não veja! Cuidado!" É engraçado esse conceito de Fé: uma Fé que só se mantém enquanto medo; uma Fé que só se sustenta se evitar contatos suspeitos. Fé e medo foram identificados.

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Paulo diz: "observai tudo e retende o que for bom." Sto Tomás de Aquino escreve: "não atente para quem o diz, mas para o que se diz." Quero crer que essa é a atitude católica. Se René Guénon tem alguma força, não é por feitiço, bruxaria nem por invocar o "gênio maligno" cartesiano, mas pelos argumentos. Os argumentos dele são bons? São verdadeiros? No que eles têm de verdadeiro, são necessariamente cristãos; ao menos um cristão deveria pensar assim. São sofistas e eu não percebo? Então o problema começa em mim.

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Tem um monte de gente com medinho das idéias perenialistas, como se fossem a mais nova moda satânica, já que o demônio pode se transfigurar. São João da Cruz, porém, explica que o engano pelo anjo transfigurado se dá mais pelo enlevo do sujeito que quer se dar a qualquer coisa do que pelo disfarce: "não há demônio disfarçado de anjo de luz que, bem observado, não se dê a perceber", diz o doutor místico. Portanto, observemos bem. E observar bem não é contemplar o rosto pouco favorecido de René Guénon, mas considerar os seus argumentos.

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E digo com toda sinceridade: mil vezes René Guénon do que os comentários e preces da "missa nova", elaborados pela CNBB. Mil vezes os comentários de René Guénon sobre o simbolismo do Verbo do que as bobagens escritas pela CNBB nas Vias Sacras da CF. E no entanto, a CNBB ou as esquisitices de Francisco são toleradas como se fossem a mais suprassuma expressão do catolicismo. Se René Guénon serve pelo menos para quebrar a pasmaceira complacente, então viva Guénon!

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Há pouco, se disse que a Verdade é como um leão: só precisa ser solta. Para muitos, a Verdade parece ter sido reduzida a uma lesma que até a luz do sol ameaça.

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Li, do Guénon, o "A crise do mundo moderno" e os artigos no "Símbolos e ciência sagrada", e continuo católico e não perenialista, pois sei que uma coisa impede a outra. Estou com mais dois livros dele aqui pra ler, e não tô com medo, e creio que não deixarei de ser católico por isso. E também não tentei invocar o demônio uma vez sequer. Então, deixemos das veadagens.

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Os gnósticos eram grupos com crenças variadas, mas com um fundo em comum. Diz-se que surgiram no início da era Cristã, mas há quem defenda, por exemplo, que a Cabala judaica já é um tipo de gnosticismo. O prof. Orlando Fedeli costumava dizer que a árvore do Éden era já uma árvore da Gnose.
De fato, Gnose significa "conhecimento" e a árvore de então era chamada de "árvore do conhecimento do bem e do mal", enfim..

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O gnosticismo é geralmente dual. Algumas correntes assumem a existência de duas divindades, uma boa, criadora dos espíritos, e outra má, criadora da matéria e aprisionadora dos espíritos nos corpos físicos. Assim, essa vida material é má, e também o mundo é mau. Dentro do nosso corpo está o nosso verdadeiro eu, a centelha divina, que só será libertada com a morte. Contudo, podemos desde já ter acesso ao conhecimento oculto - a gnose -, e uma pessoa que o faça eleva-se imediatamente ao ponto de o pecado não poder fazê-lo mais decair. A gnose geralmente trabalha com autoconhecimento, meditação, libertação de poderes escondidos, como a kundalini, etc.

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A gnose contudo não é um tipo de conhecimento racional, pois a razão, afirmando ser bom o mundo, é enganosa. Logo, ela colabora com a divindade má. É preciso conhecer de um modo alternativo, e isso se dá pela intuição mágica, pelo sonho, pela fantasia, pelo devaneio, etc. As modernas seitas pentecostais parecem herdar algo disso: o Espírito Santo se manifestaria de maneira irracional, através das orações em línguas e visualizações imaginativas.

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Jesus Cristo não seria Deus humanado; ao contrário, seria um anjo enviado pelo Deus bom que, assumindo a aparência humana (pois a matéria é má), teria ensinado o modo correto de se libertar do corpo: jejuns, mortificações, castidade estrita, etc. Frequentemente havia suicídio por inanição.

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Você faz o sinal da Cruz, e invoca o Espírito Santo. Depois reza o Credo. Em seguida, uma Pai nosso, e três Ave Marias em honra à Santíssima Trindade. Daí tem os mistérios, que disponho abaixo. Além disso, você pode pôr suas intenções particulares.

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Mistérios Gozosos:

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1- A Anunciação do Arcanjo Gabriel à Virgem Maria e a Encarnação do Verbo;
2- A visita de Maria a sua prima Sta Isabel;
3- O nascimento de Nosso Senhor na gruta de Belém;
4- A apresentação do menino Jesus no Templo e a purificação da Virgem;
5- A perda e o encontro de Jesus no Templo.

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Mistérios Luminosos:

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1- O batismo de Jesus no Jordão;
2- As bodas de Caná;
3- A anunciação do Reino;
4- A Transfiguração;
5- A instituição da Santíssima Eucaristia.

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Mistérios Dolorosos:

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1- A Agonia no Getsêmani;
2- A flagelação;
3- A coroação de espinhos;
4- O carregamento da Cruz para o Monte Calvário;
5- A Crucificação e morte de Nosso Senhor.

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Mistérios Gloriosos:

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1- A Ressurreição;
2- A Ascensão de Jesus;
3- A Vinda do Espírito Santo sobre Maria Santíssima e os Apóstolos;
4- A assunção da Virgem Maria ao céu;
5- A coroação da Virgem como Rainha do céu e da terra.

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Um terço são apenas um grupo de mistérios desses meditado. O Rosário são os quatro. A cada mistério se rezam um pai nosso e dez ave marias (as divisões do terço) intercalados com um Glória.

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Enquanto você reza, a mente passeia nos mistérios acima, e as palavras da Ave Maria ficam como que uma música de fundo. No final, reza-se a Salve-Rainha. Eu costumo ainda rezar a Consagração e o Santo Anjo. Termina-se com o sinal da Cruz.

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